Por João Coutinho
Não pretendo aqui, estabelecer o que é falso ou verdadeiro ao falar de ilusão e realidade. Enquanto escrevo, centenas de pessoas fecham seus olhos para nunca mais abri-los, simultaneamente, é inegável a existência da morte. A miséria, a fome e a tristeza podem ser encontradas nos olhos de uma criança de rua, no corpo esquelético das crianças africanas e no choro da mãe que vê seu filho morrendo, vitima da fome e da peste e principalmente de uma política covarde que assiste apenas a desoladora derrocada do ser humano.
Neste momento, crianças e mulheres morrem de doenças incuráveis, usam drogas que levam o ser humano ao mais fundo do poço. Animalescos e bestiais sobram a intolerância humana para exclusão.
A cada palavra escrita aqui, homens e mulheres defendem suas vidas a troco de um tostão, de uma religião, ensinando crianças a morrerem por um ideal, um deus, ou mesmo, pelo sonho de liberdade.
Impulsionados e movidos pelos desejos, estamos, como um pêndulo, a oscilar entre o Bem e o Mal, dentro daquilo que acreditamos. Falar de espiritualidade é complicado quando assistimos voluntariamente uma diversidade tão variada de credos, costumes e povos miscigenados se destruírem pela ignorância e o egocentrismo.
Entretanto, como diz Emerson, “Causa e efeito, meios e fins, semente e fruto não podem ser separados, pois o efeito sempre aparece na causa, o fim preexiste nos meios, o fruto na semente”.
Dentro deste prisma, acredito que o ser humano é dotado de uma forma de energia altamente organizada: o pensamento. Temos o poder de controlar nossos pensamentos e dirigi-los de acordo com nossa vontade ao não ser que permita que alguém entre na sagrada mansão de seu ser e o transforme em uma alma sem vida, com infelicidades, adversidades e crenças que levam a destruição de seu espírito. Temos o poder de dizer Não, quando isso nos fere, assim como temos o poder de dizer Sim quando isso nos traz a felicidade.
Através do pensamento você dirige ao teu D'us “Eloheichá” e o conheces. É através deste espírito que conheces teu “Daimon” e fazes o que sua vontade interior quer, construindo e educando seu caráter. O caráter é a pedra filosofal por meio da qual os metais inferiores da nossa vida podem ser transformados em ouro. Não se pode roubar, comprar ou mendigar. Caráter é o que você é realmente.
Sócrates acreditava que a verdade se encontrava no caminho do meio e do equilíbrio. Isto não significa optar por uma vida monótona, sem emoções ou desafios. Viver o tudo, aprender com a alegria e a dor, com o sofrimento e a felicidade e seguir a vida de maneira que possa adiante, derreter-se de paixão e indignar-se com a injustiça. “Aquele que fica em cima do muro tem que aprender a se manter em equilíbrio e não cair para ter a oportunidade de conhecer do alto os dois lados da vida e se, precisar, descer para ajudar, ele o faz”.
O budismo ensina-nos que o Caminho do Meio está além dos extremos e do meio. É o reconhecimento e a manifestação da liberdade, da superação e das práticas espirituais que dão significado à vida. É a haste que sustenta as duas pontas do equilíbrio.
A compreensão da existência e da identidade de seu deus e demônio interior é fundamental. A realidade deriva do reconhecimento da condicionalidade e casualidade, cuja percepção que temos da realidade depende da nossa capacidade de pensar, julgar e decidir e do equilíbrio eqüidistante de todos os extremos. O Caminho do Meio libera nossos corações da avidez, do ódio e da ilusão, abrindo a mente para a sabedoria e o coração para a bondade e a compaixão.
O pensamento correto, a compreensão correta, a fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta, produz visão, conhecimento, conduz a calma, ao conhecimento superior, a iluminação e ao Nirvana de acordo a filosofia budista. Assim Buda percebeu que na vida a pessoa tem que viver no “caminho do meio”, sempre em busca do equilíbrio.
Reconhecer este “hodos” (caminho) significa partilhar de um conhecimento sublime que se manifesta na pureza da alma, sem necessidade de crédulos e filosofias que se mantém na necessidade de se fazer destinos. Felicidade não é um destino e sim uma vontade.
A ilusão criada pelos nossos pensamentos encarece de discernimento. Cria-se assim a intolerância e o prazer de conduzir pessoas ao fracasso e a pobreza de espírito. O principio da atração e a lei da represália não se importa com que acha, mas com que pensa, “Se feres com o ferro, com o ferro serás ferido”, esta lei da represália também implica que “Se tratares alguém com amor, com amor serás tratado”. O principio da atração encarregará de transformar isso em realidade.
Yeshua já dizia, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Vivemos no meio, e é neste meio que estão as duas pontas do equilíbrio, a luz da luz e a luz das trevas, o extremo. Uma premissa espírita diz, “Eu sou aquele que caminha no meio, entre mim há o abismo e o céu, tanto posso cair no abismo ou mesmo elevar-me ao céu, entretanto, pertenço-me ao meio onde eu posso enxergar tanto a luz como a escuridão”.
Grupo Maçônico Orvalho do Hermon
http://br.groups.yahoo.com/group/orvalhodohermon/
Nenhum comentário:
Postar um comentário