sábado, 8 de maio de 2010

O VENERÁVEL


O Venerável é o líder da Loja. A sua posição de dirigente maior faz dele o exemplo a ser seguido. Mas o que é ser líder? Antes de qualquer outra consideração é preciso distinguir bem o “líder” do “chefe”. Nos escritórios, nas repartições públicas, nos quartéis, temos os “chefes” e os “lideres”. O chefe manda. O líder orienta e conduz. Em qualquer lugar existe uma clara distinção entre as duas figuras. O Venerável de uma Oficina deve ser sempre o “líder” e nunca o “chefe”.

LIDERANÇA

Como liderar? Podemos resumir em três vertentes, os princípios básicos que tornam o Venerável um líder de sua Loja. Primeiro: governar para todos; Segundo: conhecer seus liderados; Terceiro: unir o grupo.

GOVERNAR PARA TODOS

O que é governar para todos? É administrar a Loja sob a égide dos princípios universais da fraternidade maçônica entre os irmãos e, conseqüentemente, a paz na Loja possibilitará ao Venerável em governo tranqüilo, profícuo e pleno de realizações. O Venerável, por exemplo, deve ser conciliatório o suficiente para esquecer que os irmãos A, B, e C apoiaram outro nome na disputa eleitoral. Deve, isto sim, aproximar-se deles, atraindo-os para os trabalhos de Loja, nomeando-os para comissões importantes, dando-lhe missões como representantes da direção da Oficina, etc.

O Venerável deve dirigir o “grupismo”, mal que assola grande parte de nossas Lojas. Não se pode admitir que as Lojas se dividam em dois ou três grupos, pois isto é “antimaçonaria”. E, para se evitar o “grupismo”, basta governar com todos os irmãos. Nomear, indistintamente, irmãos de várias correntes para as mesmas comissões, manter sempre aberto o diálogo franco e fraterno com todos os irmãos, conhecer o pensamento de cada um para poder assim, compreendê-los bem.

CONHECER SEUS LIDERADOS

O Venerável deve estar sempre presente aos seus irmãos. Deve conhecê-los e às suas famílias muito bem, vivenciando o seu dia a dia e participando dos seus momentos de alegria e de tristeza. O Venerável deve ser antes de tudo, um “visitador”. Deve fazer das visitas as casas dos irmãos uma rotina e ombrear-se com eles nas suas dificuldades, procurando ajudá-los e enfrentá-las e convocando a Loja para estar presente ao seu lado em tais momentos.

O Venerável deve ser sempre, solidário com os irmãos nas horas de dificuldades. Se o irmão foi injustamente acusado ou preterido nos seus direitos, devemos agir como “leões” na sua defesa. Nas Lojas este papel é do Venerável, que deve acionar os irmãos para, como um só homem, irem em auxílio do irmão injustiçado.

E essa obrigação solidária do Venerável deve desdobrar-se quando o irmão partir para o Oriente Eterno. Embora tenhamos a proteção do PEMEG, é indispensável que a Loja, sob a liderança do seu Venerável, se faça presente, “imediatamente”, quando o irmão faltar. O momento da morte, ainda que anunciada, é traumático em quase todas as famílias. E é este o momento mais importante, mais presente em que precisamos mostrar a nossa solidariedade, a nossa fraternidade, inclusive material, se a tanto chegarem as necessidades das cunhadas e dos sobrinhos.

UNIR O GRUPO

Se o Venerável governar para todos os irmãos e vivenciar os seus problemas, saberá administrar as dificuldades que surgirem. O Venerável não poderá, jamais, dar curso ou cultivar as dissensões e, muito menos, adotar posições de intransigência e intolerância, alimentado-as. O Venerável deve ter, antes de tudo, “jogo de cintura” e tolerância. O autoritarismo é inimigo da Maçonaria e leva, fatalmente, à desagregação.

Para unir o grupo, o Venerável deve, antes de tudo, sopesar bem as decisões, levando-as primeiramente, a ampla discussão e votação, procurando, sempre, trabalhar com a Loja cheia, convocando-a previamente quando a decisão a ser discutida possa trazer polêmica ou levar a desunião. É preciso difundir entre os irmãos que a maioria, deve sobrepor-se a minoria, sem que esta se sinta diminuída. É bom lembrar que a minoria de hoje pode tornar a maioria de amanhã, na alternância do poder que é natural na democracia maçônica.

A CONDUTA PROFANA DO VENERÁVEL

O Venerável deve saber que existem alguns “dogmas” que precisam ser respeitados para bem exercer “as suas funções”: além da necessidade de governar para todos, conhecendo e vivendo o problema dos irmãos e, com isso, manter o grupo unido, o Venerável não pode negligenciar com alguns conhecimentos importantes para um líder maçom:

1° - O Venerável de uma Loja é o espelho de seus irmãos. Qualquer ato falho por ele praticado libera os seus irmãos para cometerem os mesmos erros. O Venerável deve ser, portanto, um exemplo de chefe de família e de boa conduta na comunidade.

2° - Se ao maçom é vedada a pratica de atos que possam chocar a sociedade e a família, ao Venerável esses atos são inadmissíveis. O Venerável de uma Loja não pode ser “velhaco”, não pode desonrar os seus compromissos; não pode dar cheque sem fundos; não pode deixar uma duplicata ir ao protesto; não pode ficar devendo no armazém ou na farmácia; não pode desonrar a sua família, deve beber com moderação, etc.

3° - Ao Venerável não é permitido transigir com o erro. Cabe-lhe, como também ao irmão Orador, velar para que as leis sejam integralmente respeitadas e cumpridas. Se o irmão errou, “seja ele quem for”, deve ser apenado segundo o que preceitua a nossa legislação. Não pode o Venerável, para ser “bonzinho”, comprometer a instituição, abraçando a causa do errado ou reivindicando que Grão Mestrado o faça, permitindo que a comunidade lance sobre nós suspeitas de acobertamento do erro.

ADMINISTRAÇÃO

Administração não é fácil. Algumas regrinhas básicas, entretanto, ajudam bastante. Se o administrador for líder, ele terá 80% de sucesso na sua gestão. Os restantes 20%, o líder “tira de letra”.

Vamos lembrar algumas dessas “regrinhas” com a ajuda inestimável do irmão José Castellani:

1. Os rituais devem ser obedecidos à risca. Não existe improvisação em Maçonaria. Não se admite práticas do Rito Brasileiro em Lojas do Rito Escocês ou do Rito de York em Lojas do Rito Adoniramita e assim por diante, simplesmente porque é “bonitinho”. A pureza dos Ritos é condição primordial para a beleza da liturgia praticada nas Lojas. Sobre o rigoroso cumprimento das leis e dos rituais.

“(é atribuição do Venerável) atender todas as disposições regulamentares e formalidade ritualísticas, em qualquer sessão, mormente as de Iniciação, Elevação e Exaltação, sob pena delas serem nulas, por irregularidades cometidas, com sérios prejuízos para os candidatos e para a Oficina. Não é permitido, por exemplo, abrir a sessão a um só golpe de malhete, pois não é maçonaria a sessão assim aberta.

2. (O Venerável deve) Impedir diálogos, apartes repetidos, referencia pessoais diretas ou indiretas, que possam ofender a quem estiver com a palavra, usando de toda a moderação, prudência e urbanidade em todos os seus atos.

3. (O Venerável deve) Proibir discussão sobre assuntos que possam irritar os irmãos, alterando a harmonia e fraternidade que deve reinar entre todos os maçons.

4. (Ao Venerável é permitido) Suspender os trabalhos, sem as formalidades ritualísticas e até levantar a sessão, quando não puder manter a ordem. Os trabalhos, assim encerrados, não poderão ser continuados, na mesma sessão, sob a presidência de outro maçom qualquer. É claro que essa providencia é de cunho extraordinário e deve ser tomado com grande descortino, para que não se configure uma manobra autoritária e arbitrária.

5. Os metais da oficina são intocáveis. “O Venerável também não poderá usar os metais da Loja para aplicação no mercado financeiro, sem a aquiescência da maioria dos Maçons presentes a sessão convocada especificamente para esse fim, pois, havendo risco de perda, há necessidade do aval da Loja; se isso não acontecer, o Venerável incorrerá em crime de apropriação indébita, podendo ser processado nos termos da Lei Penal e do Código Processual da Obediência.

6. O Venerável deve ser objetivo na condução dos trabalhos. Deve se ater ao Ritual e ao essencial. Deve evitar digressões desnecessárias que só alongam as sessões, causando mal estar e desencanto. As sessões longas são um excelente motivo para as freqüentes ausências dos irmãos. Quando menos tempo se usar para assuntos desnecessários mais substanciais poderá ser o “Tempo de Estudos ou Instrução”, fonte importante de conhecimentos. autor é José Ricardo Roquette

GRUPO MAÇÔNICO ORVALHO DO HERMON
Fundado em 31 de maio de 2006 - ANO V
Rio de Janeiro – RJ – Brasil

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