terça-feira, 28 de julho de 2009

9.1 - JESUS - 1ª PARTE - MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

Como dissemos, falando de Moisés, Jesus não veio destruir a Lei primitivamente estabelecida; veio cumpri-la, torna-la perfeita, dando-lhe esta leveza e esta vida, sem as quais nada é perfeito, nada é completamente humano. Mas ele trouxe ao mundo judeu, tal como Moisés havia criado, uma idéia inteiramente nova, que se relacionava, contudo, à primitiva concepção de Moisés.
O que sobreveio à Lei mosaica é um fato inerente à natureza humana. É preciso, para a multidão, que um ensinamento se prenda a uma forma. Ora, a Lei proibindo fazer qualquer imagem de Deus por temor de cair na idolatria, o povo judeu se cercava de um simbolismo todo particular; tinha divinizado as letras e os números que lhe representavam o poder de Jeová.
Assim criou-se a tradição à qual devemos a Cabala. Porém, a maioria da sociedade não compreendia um pensamento de tão alto alcance; ligava-se somente a formas e práticas, às quais atribuía uma utilidade direta e imediata.
O pensamento de Moisés, salvo entre raros espíritos, veio a ser letra morta. Jesus trouxe a esta letra que mata o influxo do espírito que vivifica.
Levava ao povo, miraculosamente salvo da opressão por um homem de gênio, inovadas de bondade, justiça, igualdade e fraternidade.
Não é aqui, decerto, o lugar para discutir sobre a Divindade de Jesus. No primeiro estudo, consideraremos Jesus e, sobretudo, a sua bela doutrina moral unicamente sob o ponto de vista iniciático. Jesus apareceu-nos como um grande iniciado, um ser superior, trazendo ao mundo uma moral e uma sensibilidade desconhecidas na sua época, tendo conhecimentos e vistas que ultrapassavam muito o pensamento de seu tempo.
Segundo podemos ler nas escrituras, Jesus era um ser maravilhosamente dotado, possuindo um magnetismo natural que irradiava de toda sua pessoa e que uma ascensão estrita e uma bondade radiante o fazia mais poderoso ainda.
Suas palavras, sempre doces e iguais, salvam nos casos muito raros em que se deixou transportar por uma santa indignação, tinha o dom que possuem os dóceis e fortes. Jesus espalhava em torno de si a força e a coragem; reconfortava os aflitos e dava esperança àqueles que sofriam.
Por sua doçura e benevolência, tinha adquirido um grande ascendente sobre aqueles que se beneficiavam de seus dons. Todos os que o rodeavam, amavam-no. A inveja só causava o ódio nos corações incapazes de participar de sua bondade. Não somente irradiava em torno dele um poderoso magnetismo que dava a força de viver àqueles cujo coração estava cansado ou doente, mas, ainda, curava os doentes apenas com o seu contato. Um encanto benéfico emanava de toda a sua pessoa. A paz de seu coração espalhava-se em torno dele como a luz muito doce que sai de uma lâmpada velada.
Como todos os grandes corações que produzem em um cérebro poderoso a força de dar ao mundo uma Lei nova, Jesus era um poeta e tudo o que se nota de suas palavras nos mostra seu coração aberto às grandes harmonias da natureza.
As flores, o “lírio dos campos que não fia nem tece”, os “pássaros do céu que não semeiam nem colhem”, eram-lhe caros e ele compreendia a profunda e íntima beleza.
Aprazia-se na solitude de seu país tão áspero, com doces vales floridos. Amava os lagos piscosos, as montanhas e, quando a multidão o rodeava, inebriado de entusiasmo, produzia logo esta admiração febril e procurava entre as flores de alguns vale agradável, uma calma solidão para tratar dos grandes problemas que atormentam o espírito humano.
Como receber a revelação que Jesus levava ao mundo?
É difícil saber-se.
Da-se-lhe o nome de filho de Deus, mas é um nome que os iniciados do Oriente se dão freqüentemente. O que é particular a Jesus é que se sente constantemente em comunhão direta com seu Pai celeste. Não se atribui só esta qualidade de filho de Deus; mas falando a seus discípulos, diz-lhes, às vezes: “Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito”.
Para chegar a uma sensibilidade perfeita, a mais alta pureza de alma e de corpo, ele não tem necessidade de procurar esta comunhão de todas as horas que ordena aos seus; ele a possui; retira-se e, de súbito, sente-se banhado por grandes eflúvios que vêm dos mundos superiores. As forças que compreendemos com custo penetrá-lo-iam como o perfume penetra a esponja de uma caçoila; os ritmos mais secretos da Natureza eram-lhe reservados pela graça de uma organização de uma esquisita delicadeza feminina.
Deus, tal como Jesus o concebe, não é o Deus severo, tonante sobre o Sinai para espantar o povo de Israel, sempre inclinado à revolta. Para ele, Deus é o Pai de todas as coisas, de todos os seres e não abandona à miséria as mais ínfimas de suas criaturas.
Como deixaria o homem que ele fez à sua imagem e semelhança?
Cheio de doçura e poesia, Jesus lança na Natureza habitual comparações e parábolas para aqueles que compreenderão perfeitamente, dizendo o que ele sabe, na medida em que ele pode revelar a todos; mas, à margem deste ensinamento florido e cheio de suavidade, guarda para os iniciados que escolheu, um sentido cristão esotérico; ele não dá a todos a chave de suas parábolas, “afim de que, vendo, não vejam; ouvindo, não ouçam”.
Sua própria vida é uma parábola, uma ilustração de sua doutrina.
Em muitas investidas, os profetas, seus antecessores, tinham fulminado contra os “adúlteros” de Judá ou de Israel, caindo no culto dos deuses estrangeiros. E para mostrar que o reino de perdão começou, em oposição ao espantalho da pena de talião, não por um texto formal, em contradição com um código, mas por esta palavra que devia despertar tantos ecos no coração dos homens: “Aquele que está sem pecado, lance a primeira pedra”.
Além disso, o povo não saberia mais ser adúltero para com seu Deus, porque, no pensamento e no ensinamento de Jesus, não havia mais deuses estrangeiros. O Deus que ele prega, a luz que ele leva e não deve ficar oculta, não é mais o Deus de Israel, que não favorece senão este pequeno povo das margens do Jordão; é o Deus de toda a terra, que não se adorará mais nos templos e por sacrifícios, porém, que se adorará por toda parte em espírito e verdade. No seu espírito e no seu coração, é rebaixar Deus fazendo-o guarda de alguns bens, para alguns raros eleitos.
Deus é o Deus único, mas, por isso mesmo, não restringe o seu infinito poder.
Eis porque Jesus ordena que o sigam e o perpetuem para ir ensinar em todas as nações. Se Deus, como é verdadeiro, criou o céu e a terra, todo o céu e toda a terra estão com ele com seus habitantes e não se pode fixar um lugar mais agradável para ser o mesmo adorado entre todos os paises que comporta a imensidade da Criação.
Desta idéia vem a revolução que Jesus vinha fazer no mundo: conduzia o reino de Deus sobre a terra e o céu. E este reino não é somente para alguns, mas para todos: “O reino do céu está entre vós, dizia àqueles que perguntavam sobre os sinais e milagres para provar a sua doutrina”.

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9.2 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 2ª PARTE - MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS


O ensinamento de Jesus, como o de todos os iniciadores, foi duplo: exotérico e esotérico.
Para a multidão, espalha-se em parábolas harmoniosas. Dá vastos projetos e pensamentos que, em nossos dias ainda, podem revolucionar o mundo, porque, salvo em raras e breves épocas, esta doutrina de fraternidade não foi plenamente realizada. Tolstoi retomou-a em nossos dias como os discípulos de Francisco de Assis a pregavam no século XIII. Para Jesus e seus fiéis, os primeiros, os ricos, serão os últimos. Não tendo sofrido nem trabalhado neste mundo, não podem purificar o seu carma, nada adquiriram para seu aperfeiçoamento; é tão difícil um rico entrar no reino do céu como uma corda entrar no fundo de uma agulha.
O ensinamento esotérico, reservado aos apóstolos, tem uma feição muito diversa.
Segundo o modo oriental, o ensinamento exotérico ora por alguns aforismos concisos, ora por parábolas da mais harmoniosa simplicidade, enigmáticas às vezes, porque nestas palavras ditas para todos, os discípulos diretos devem encontrar o que lhes pertence propriamente.
Entre adágios e imagens, há numerosas reminiscências do ensinamento de Moisés e traços de iniciações estrangeiras. Porém, em todo o caso, a condução do ensinamento está mudada pela transfusão de um espírito muito diferente, mais lato, cheio de bondade e perdão, aberto a todas as misericórdias. Ele sabe que as principais virtudes são a doçura, a humildade, a paciência, o perdão das injúrias; quer que se manifeste severo apenas para consigo mesmo.
Os sábios tinham dito: “Não façais aos outros o que não quereis que vos façam”. Ultrapassa este justo dado, para que o sentimento o conduza sobre a lei e guie o mundo tão severo sobre o qual o império romano havia colocado o seu pé de ferro.
Disse ele: “Se alguém bater na vossa face direita, apresentai a esquerda. Se alguém fizer questão de vossa túnica, dai-lhe também o vosso manto”.
Não somente defende o ódio, mas ainda quer que o amor seja guia das relações e dos interesses:
“Escutastes o que foi dito: Amareis o próximo e odiareis o vosso inimigo”.
“Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei aqueles que vos maldizem, fazei bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos ultrajam e perseguem”.
“Afim de que sejais os filhos de vosso Pai que está nos céus, porque ele faz brilhar o seu sol para os bons e maus e faz chover sobre os justos e injustos”.
“Porque, se vós não amardes senão aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os próprios publicanos não fazem o mesmo”?
“E se não fizerdes senão acolhimento a vossos irmãos, que fazeis de extraordinário”?
“Os pagãos não fazem o mesmo”?
“Sede, pois, perfeitos como vosso Pai que está nos céus”. – (evangelho segundo S.Mateus, Cap. V, vs. 43 a 48).
Pregava também a humildade, mostrando por vivas imagens que “aquele que se eleva será humilhado”.
Certamente, numerosas idéias de seus ensinamentos eram tomadas no ensinamento da Sinagoga. Moisés e seus sucessores tinham ordenado a esmola, porém esta veio a ser ostensiva e, por conseqüência, vã. Prescreveram a piedade, a doçura, o amara da paz, o desinteresse do coração, mas tão belos conselhos caíram no esquecimento. O que fez a força de Jesus é que ele mesmo praticou o que aconselhava aos outros. Aqueles que viviam ao seu lado sabiam que a sua teoria não tinha nada de desarmônica em relação ao seu viver; por isso as suas palavras, ilustradas por seu exemplo, tinham um grande poder de persuasão.
Não somente condenava o adultério, mas o desejo voluptuoso era para ele um adultério moral tão importante e culpável como o outro; as segundas núpcias e sobretudo o divórcio eram-lhe também abomináveis.
Jesus, ainda que não condenasse nenhum culto e ordenasse àqueles dos quais cuidava que “se mostrassem aos sacerdotes”, não sentia a necessidade de um sacerdote como intermediário entre Deus e o homem; não sentia necessidade das práticas exteriores. Se ele ordenava ir ao Templo ou fazer a Páscoa, era para cumprir a Lei, como ordenou entregar a César o tributo que lhe era devido.
Tudo isso são práticas, e as práticas podem ter a sua importância, porém só o desenvolvimento do coração é essencial.
Deus, que é o único modelo ao qual o homem se deve conformar, é bom em toda parte e com todos.
Não faz exceção nem de ordem nem de religião. Que direito seria mais severo senão o de Deus, o único Ser que seja a Perfeição?
O que o homem deve fazer é conservar-se bastante elevado e bastante para ficar em comunhão constante com seu Pai celestial.
Isso feito, se o discípulo, imitando Aquele que É único, se entrega a todos de bom coração, está na senda da perfeição e Deus é único juiz.
Não é senão pouco a pouco e mais tarde, quando a desaparição do Mestre forçou os discípulos a se reunirem em pequenos grupos, que vieram a surgir igrejas e dioceses, que os ritos e mistérios intervieram, mas na divina infância da religião cristã nada disso existia e somente uma inteira efusão do coração se elevava a Deus para se espalhar, em seguida, sobre todos.
Estas boas ações, que são recomendadas, devem sobretudo ficar entre Deus e o fiel:
“Quando fazes a esmola, é preciso que a tua mão esquerda ignore o que faz a mão direita, afim de que a tua esmola fique em segredo, e então teu Pai, que vê em segredo, te recompensará. E, quando orares, não imites os hipócritas, que gostam de fazer as suas orações no fundo das sinagogas e junto dos altares, afim de serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo que eles recebem a sua recompensa. Se queres orar, entre no teu quarto, e, tendo fechado a tua porta, ora a teu Pai que está secreto; o teu Pai, que vê em segredo, te exaltará”.
“E quando orares, não faças longos discursos como os pagãos, que imaginam serem exaltados à força de palavras. Deus, teu Pai, sabe de que tens necessidade, antes que peças”.
Antes de começar a sua pregação, Jesus acreditou que faria bem em se aproximar de João Batista.
João, que fazia parte da seita dos Essênios, tinha passado uma iniciação que participava dos templos do Egito e dos colégios dos profetas.
Levava uma vida austera e penitente e as suas prédicas inflamadas, temíveis e poderosas, tinham-lhe suscitado o ódio de Herodes Antipas e, sobretudo, da rainha Herodiade.
Desde a sua infância, João havia sido sujeito a certas abstinências e, desde a hora de seu nascimento, fora consagrado a Deus. Sua vida, sobre as margens do Jordão e os lagos da Judéia, era a mesma de um yogi da Índia.
Vestido de peles de animais ou de um simples pano branco, não se nutria senão de alfarrobeiras e mel selvagem.
Todos os prazeres eram-lhe desconhecidos. O tempo que não gastava em seu apostolado, era consagrado à prece.
Em torno dele agrupavam-se alguns homens que partilhavam da austeridade de sua vida e que recebiam as suas palavras.
A prática fundamental de sua doutrina comum era o batismo pela imersão completa para purificação do pecado.
João, perseguido pelo rei Herodes, havia se retirado para a Judéia, em um país próximo do Mar Morto.
Em certas épocas, aproximava-se do Jordão e geralmente, neste rio, proporcionava o batismo àqueles que vinham para se fazer iniciar em suas doutrinas.
Então, uma multidão considerável se comprimia em torno dele e os adeptos se multiplicavam.


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9.3 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 3ª PARTE MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS



O batismo não tinha nada de novo para o povo hebreu. Era uma longínqua herança,pois que os iniciados do Egito eram submetidos a ele. Nesta iniciação, uma imersão não parecia suficiente, necessitando de mais um esforço e temor.
O batismo de João era o vestígio da experiência iniciática pela água, tal como a descrevemos nos Mistérios de Isis. A concepção de João Batista era, sobre este ponto, exatamente a mesma que a dos iniciados do Egito. Para João, o batismo era sobretudo destinado a representar a purificação da alma e a fazer impressão sobre o sentido do impetrante. Esta impressão recebida, esta purificação passada, o ensinamento lhe era concedido.É claramente a idéia egípcia. No Egito primitivo, o batismo foi dado sobretudo aos adultos. Não foi senão no momento em que a religião cristã reuniu fiéis bastante numerosos para que as famílias tivessem o desejo de levar seus filhos à religião de sua escolha, que o batismo foi administrado sem ser seguido de uma iniciação e que se pôde concedê-lo aos recém-nascidos.
João Batista, ao mesmo tempo pela austeridade de sua vida, a dureza de seu ensinamento e sua oposição a Herodes, tornara-se impopular porque a aceitação dos costumes romanos exercera rápida influência na Judéia.
Desde muito tempo o povo aspirava à vinda de um Messias que restabelecesse Israel à frente das nações e tornasse a dar ao templo o seu esplendor abolido.
Este salvador devia ser precedido pela reaparição do profeta Elias.
Ora, para o vulgo, João Batista, pela força de suas invectivas contra Herodes e Herodíade, lembrava bem Elias nas suas relações com Achab e Jezabel, para que uma associação de idéias não se estabelecesse no cérebro de todos.
A maioria atribuía-lhe o papel de Elias; outros, sempre à espera daquele que devia vir, diziam que ele era o Messias, Mas João não tinha esta pretensão.
Por isso quando Jesus vem a ele para lhe pedir o batismo, designou-0 como aquele que Deus reconhecia por “seu Filho bem amado em que repousava as suas graças”.
Jesus e João mostraram, nos seus ensinamentos, muitos pontos de contato, ainda que a palavra de João fosse áspera e grosseira, ao passo que a de Jesus não era senão amor e compaixão.
A palavra de João tinha despertado muitos ecos rudes para ficar muito tempo impune. O pretexto de sua prisão, foi que ele tinha censurado o casamento de Herodes com a mulher de seu irmão. Herodes tinha evidentemente voltado à lei que obriga um israelita a desposar a viúva sem filhos de seu irmão, a fim de dar filhos ao morto e libertar seu nome da ignomia que é a esterilidade.
Mas o esposo de Herodíade não estava morto, nem sem filhos. Era este adultério oficial que João tomava por tema para atacar o rei e, sobretudo , a rainha.
Ele foi preso, mas com uma certa liberdade de ação, porque nós o vemos receber enviados de Jesus e confiar-lhes respostas em que ele tomava Jesus por Messias.
Foi por este tempo que Herodíade tomou por ocupação desembaraçar-se de João, que a perseguia com suas censuras! Durante uma festa, depois de um grande festim em que o rei bebeu demais, ela fez vir sua filha Salomé, que tinha sido instruída, em Roma e na Judéia, em todas as artes que podiam reunir atrativos à sua beleza.
Esta moça era filha do primeiro marido de Herodíade. Ao fim do repasto, ela dançou diante do rei e ele ficou tão encantado pela sua beleza e por sua dança que lhe ofereceu o que ela desejasse, mesmo que fosse a metade de seu reino. Salomé, que havia recebido instruções de sua mãe, pediu a cabeça de João Batista. Ela a obteve.
Depois da morte de João, Jesus se retirou momentaneamente para o deserto e, durante 40 dias, praticou o jejum mais rigoroso.
Este retiro era habitual entre os iniciados que se preparavam para as maiores austeridades e um profundo recolhimento à missão que tinham recebido ou assumido.
Após este estágio, Jesus voltou à Galiléia e seus discípulos tiveram por companheiros aqueles que foram discípulos de João Batista.
Dia a dia, a palavra do novo Mestre se impunha com mais autoridade.
Dissemos que Jesus operava como os iniciados.
Ele o foi verdadeiramente?
Quando se percebe que a pregação de Jesus não começou senão no seu trigésimo ano de existência e que ele pereceu aos trinta e três, imagina-se facilmente que esta esplêndida inteligência não se desenvolveu junto do estábulo de José.
Por outro lado, nenhum dos Evangelhos dá um ensinamento os anos de vida de Jesus que precederam à sua prédica.
Sem ir até pensar, como Notovich, que Jesus fora às Índias ou ao Tibet durante esta vida oculta, pode-se crer que sua estadia no Egito, à qual as Escrituras fazem uma breve alusão, não se limita aos anos da infância.
Por outro lado, é notável, como observou Eduardo Schuré, que desde o momento em que foi batizado por João Batista, Jesus se apresentou ao mundo com uma doutrina antiga que não sofreu senão algumas mudanças.
Para Eduardo Schuré, o fato da iniciação de Jesus não tem nenhuma dúvida:
“É evidente – diz ele – que este começo ousado e premeditado foi precedido de um longo desenvolvimento e uma verdadeira iniciação. Não é menos certo que esta iniciação devia ter tido lugar na única associação que conservava ainda em Israel as verdadeiras tradições com o gênero de vida dos profetas”.
“Isso não pode suscitar nenhuma dúvida para aqueles que, elevando-se acima da superstição da letra e da mania maquinal do documento escrito, ousam descobrir o encadeamento das coisas no seu espírito”. Isso demonstra não somente relações íntimas entre as doutrinas de Jesus e a dos Essênios, mas ainda do próprio silêncio guardado pelo Cristo e por seus discípulos sobre esta seita.
“Por que ele, que ataca com uma liberdade sem igual todos os partidos religiosos, não ataca jamais os Essênios”?
“Por que os apóstolos e Evangelistas não falam deles mais”?
“Evidentemente porque eles consideravam os Essênios como seus, porque estavam ligados a eles pelo juramento dos Mistérios a que a seita está fundida com os cristãos”. (Os Grandes Iniciados).
Certamente, a fraternidade de Jesus com os Essênios parecia estabelecida por uma multidão de concordâncias e de presunções, mas não existe nenhum texto preciso sobre o qual estejamos em condição de basear uma verdadeira certeza.
Por outro lado, uma hipótese foi emitida por alguns e, em particular, por Notovich, de uma estadia de Jesus Cristo. Notovich afirma basear as suas afirmativas pelo lema de um convento de Himis.
Este manuscrito seria uma relação perfeita da vida de Jesus nos anos de sua vida oculta e toda a existência seria passada nas Índias, onde Jesus teria recebido uma iniciação búdica, explicando os pontos de contato do Cristianismo com o Budismo.
É preciso dar às revelações de Notovich uma importância absoluta?
Devemos considerar estas revelações como a chave do Mistério?
É impossível dar a esta questão uma resposta definitiva. O que é certo, é que, se Jesus pôde gozar de uma real iniciação, fosse entre os Essênios, fosse nas Índias ou no Egito, pôde muito bem passar sem uma iniciação no sentido que entendemos até aqui.
Vivia em um mundo advertido de todas as questões religiosas de sua época e, com a organização intelectual, intuitiva e penetrante que é fácil descobrir nele, pôde conseguir ensinamentos diretos, transforma-los à luz de sua inteligência, toma-los, penetra-los de sua personalidade, fazê-los seus.
Certamente, a tradição sempre existiu.
Transmitiu-se oralmente dos mestres aos discípulos durante séculos. Mas o que um homem compreendeu ou aprendeu, outro pode descobrir e aprender, principalmente sendo um homem superior.
Jesus, não saberíamos insistir muito, possuía o conjunto de qualidades que, geralmente, se excluem uma da outra. Era intuitivo e observador; sua meditação se esclarecia de luzes súbitas de uma inspiração que nunca lhe faltou. É possível que ele tenha recebido um ensinamento direto; é possível que um gênio poderoso o tenha conduzido a penetrar e descobrir o que era secreto para os outros.
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9.4 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 4ª PARTE - MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS


A pregação de Jesus não se parecia nada com o que se tinha feito antes dele.
Anuncia que o reino de Deus está próximo e que este reino não se estabeleceria sobre a terra, sem perseguição e sem revolução.
Em todos os tempos, os Sábios e justos haviam sido vítimas dos violentos.
Agora, o reino da justiça vai ser estabelecido. Os ódios vão desaparecer e uma fraternidade universal unirá todos aqueles que se sentem separados. Não haverá mais antagonismos entre as religiões, raças e nações.
O único mandamento é amar-se uns aos outros, fórmula sublime que fez da religião a mais bela e mais poderosa que surgira até então.
Como todos aqueles que se apiedam da miséria humana, Jesus coloca primeiramente a sua revolução sobre o terreno econômico. Os primeiros serão os últimos e uma ordem nova vai florescer sobre a terra, admirada de ver, enfim, alguma bondade entre os homens.
Antes, é o reino do mal, da perseguição, da violência exercida pelos poderosos sobre os fracos. Porém, crendo em Jesus, uma era nova vai surgir; em breve, o reino de Deus ao domínio de Satã. As forças maléficas, o ódio, o poder rude daqueles que governam pela força e torturam os povos pela fome e pelos suplícios, tudo isso vai desaparecer em uma luz de aurora.
Eis o reino da forças benéficas e harmoniosas! O menino meter a sua mão na goela do leão e brincará com o perigo diante da toca da víbora.
Jesus anuncia esta nova ordem de coisas com as imagens arrebatadoras que ferem o espírito da multidão. Ora, ele vê o bem e o mal como o bom grão e o joio em um campo; o joio arruína a colheita, mas dia virá em que uma escolha severa deverá ser feita; o joio será lançado ao fogo e o bom grão será recolhido no celeiro.
O reino de Deus é semelhante ao lançar do anzol executado pelo pescador. Ele prende peixes e, aqueles que são bons, Põe-nos de lado nos vasos.
Quanto aos outros, lança-os à água para se desembaraçarem.
A revolução anunciada é antes uma evolução. O reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda, que é a menor de todas as sementes: põe-se na terra e nasce uma grande árvore sobre cuja folhagem os pássaros vão repousar.
Ou ainda: o reino do céu é como o levedo que uma mulher prepara e coloca na sua massa para faze-la fermentar. Esta quantidade de levedo é bem pequena, mas faz levedar a massa toda.
Finalmente, Jesus não aconselhou nenhuma ação violenta. Crê na força expansiva das idéias, na força de um ideal que se grava no espírito e, sobretudo, no coração do povo. Quando os fariseus, tendo em vista tenta-lo, lhe perguntaram se era oportuno pagar o imposto a César, Jesus se contentou em fazer-se mostrar uma moeda:
- De quem é esta efígie?
- De César – respondem os tentadores.
- Entregai, pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
É pelo mesmo espírito que os apóstolos ordenaram a submissão, não somente para
com os bons senhores, mas também para com os maus e injustos. O que ele quer é criar a bondade, a doçura, a piedade sobre esta terra, onde o sangue não cessou jamais de correr.
Quer modificar os sentimentos, os costumes levar um clarão de ideal a este mundo; não tenta gozar nunca o menor papel político.
Com um profundo reconhecimento das realidades da vida, sabe que os mártires dão trabalho aos carrascos e que os vencidos terminam sempre por dominar os vencedores; assim, não desejando vantagens materiais, aconselho a paciência, a resignação, o amor aos inimigos.
Ele sabe que a piedade é uma flor que não sobe senão dos abismos, quando não desce do céu.
Eis porque afirma com a certeza da razão iluminada, que a revolução se fará pelos pobres e humildes; os escravos estão destinados a mudar a terra.
Tendo a idade de 30 anos, Jesus não tinha feito confidência de seus pensamentos senão ao seu ambiente íntimo, àqueles que o tinham procurado espontaneamente.
Não foi senão no seu trigésimo ano de existência que começou o seu ensinamento público, e logo foi seguido e rodeado de uma grande multidão de pessoas.
Sua palavra ardente e inflamada, a doçura de seu aspecto e de sua atitude, seu poder magnético atraía as multidões, submetendo-as ao seu pensamento.
Uma cidade, entretanto, foi refratária à sua ação. Foi Nazaré, onde ele passou a sua adolescência. “Ninguém é profeta em seu país”. Não foi nesta quadra de sua infância que ele estabeleceu o seu principal centro de ação, mas em Cafarnaum, junto do lago de Genezaré e sua influência ganhou as cidades circunvizinhas.
Todos os sábados, falava na Sinagoga, comentando os textos sagrados segundo as suas luzes pessoais, às vezes contradito pelos sacerdotes, que lhe apresentavam questões insidiosas, formando ciladas, das quais saía vitorioso, deixando-os entregues à sua própria malícia.
Outras vezes, assentado à borda do lago ou na montanha, falava à multidão reunida, permitindo que cada um fizesse as suas objeções, apresentando questões que ele desejava ver resolvidas.
Todos, salvo os invejosos, retiravam-se encantados. A sedução intelectual emanava do jovem Mestre e, contrariamente ao que faziam os Doutores, que, para brilhar, envolviam a palavra divina em uma forma difícil e abstrata, inacessível ao vulgo, ele expunha parábolas, nas quais as pessoas do povo encontravam assuntos cotidianos; a ovelha desgarrada, o vinhateiro que trabalha e aquele que quer ser pago sem fornecer um só esforço.
Por outro lado, Jesus anunciava a paz e a salvação para os humildes. A quem pertence o reino do céu? O Sermão da montanha responde a esta questão:
“Felizes os pobres de espírito, pois é a eles que pertence o reino dos céus”!
“Felizes aqueles que choram; porque serão consolados”!
“Felizes os afáveis; porque possuirão a terra”!
“Felizes aqueles que têm fome e sede de justiça; porque serão fartos”!
“Felizes os misericordiosos; porque obterão misericórdia”!
“Felizes aqueles que têm o coração puro; porque verão a Deus”!
“Felizes os pacíficos; eles serão chamados filhos de Deus”!
“Felizes aqueles que são perseguidos pela justiça; porque o reino dos céus é para eles”!
Quando Jesus abriu ao pensamento de seu auditório estes horizontes inesperados, permitia a cada um de lhe impor questões; respondia a cada um com a mesma bondade e todos voltavam encantados. Os sacerdotes odiavam-no, porém, muitas vezes, sucedia que aquele que tinha vindo com a intenção de surpreende-lo, achava-se tomado, por sua vez, de seu raciocínio límpido.
Tal foi o caso de Nicodemos, homem muito instruído, dos anciães do povo.
Apoiando-se, assim, sobre todas as classes, a autoridade de Jesus cresceu e se estendeu rapidamente.
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9.5 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 5ª PARTE MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS

Os primeiros discípulos de Jesus foram objeto de escândalo para aqueles que desprezavam a plebe.
Estes eram pescadores, um publicano (aquele que veio a ser Mateus), pessoas humildes, mulheres, como Maria de Magdala, que viveu entre as mulheres santas que rodeavam Jesus e que lhe foi fiel até sua morte, até o calvário, onde a tradição cristã a representa como sendo a primeira que encontrou o Mestre ressuscitado, imagem admirável daquele que havia dito: “Há mais alegria no céu para um pecador que se arrepende do que para noventa e nove que não têm necessidade de penitência”.
Um dos discípulos mais amados do iniciador, aquele que nos transmitiu a parte esotérica de sua doutrina, foi um dos seus parentes, João, que devia gozar um grande papel no desenvolvimento do cristianismo nascente.
Certamente, todos os apóstolos são imbuídos da doutrina de Jesus, mas parece que João o tinha mais bem compreendido.
Seu Evangelho, como veremos desvenda mais profundamente do que outros o pensamento secreto de Jesus; mas também herdou de sua terna benevolência e suas epístolas guardam este tom de bondade que é como o reflexo da palavra de Jesus:
“Meus filhos, se nosso coração não nos condena, podemos ter uma grande confiança em Deus. O que lhe pedimos, receberemos dele, porque guardamos seus mandamentos e fazemos o que lhe é agradável”.
“E eis aqui o seu mandamento: que creiamos em nome de Jesus Cristo, seu filho, e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordena”.
João, que era quase uma criança ainda quando entrou na senda de Jesus, teve o privilégio da infância e este foi o discípulo que Jesus amava e que entrou na confiança mais completa de suas vistas e de seus pensamentos.
A doutrina de Jesus era absolutamente contrária a tudo o que o mundo tinha conhecido até então. Sob o reino de Roma, onde tudo era excitação e rapina, ele pregava o desinteresse, a renúncia do coração a todos os bens terrestres. Cada um se preocupa do que lhe pode acontecer neste mundo: de sua fortuna, de sua ambição. Jesus nega absolutamente a importância destes pensamentos. Uma só coisa é necessária; a evolução de nossa alma, segundo o doce hábito de sua palavra familiar, mostra que a Natureza não nos instruiu nestes pensamentos de previdência material e desejo de autoridade que não serve senão para molestar o fraco:
“Considerai o lírio dos campos; não trabalho nem rouba. Entretanto, eu vos digo, Salomão, em toda a sua glória, não estava vestido como nenhum deles. Se Deus revestiu, pois, assim a erva do campo que vive hoje e que amanhã será cortada e lançada ao forno, não vos revistirá também, ó gente de pouca fé”?
E a sua palavra sobre aqueles que amontoam tesouros:
“Procurai primeiramente o reino de Deus e o resto será dado por acréscimo. Não cuideis do amanhã; amanhã se desgostará de si mesmo. A cada dia basta a sua pena”.
E além disso, como se desgostasse da nutrição dos pobres e mesmo do vinho dos convivas do festim das Núpcias da Cana – como se este desgosto da nutrição ofuscasse aquele que contentava com algumas espigas apanhadas à beira do caminho e esmigalhadas na mão – volta a esta questão que tem tanta importância na vida do mundo:
“não sede inquietos pelo alimento que tereis para sustentardes a vossa vida. Olhai os pássaros do céu: não semeiam nem colhem; não têm celeiro nem paiol, e vosso Pai celeste os nutre. Vós não estais muito acima deles”?
Diante destas palavras, quiseram acusar Jesus de insensibilidade, uma espécie de boemia mística. Não existiu nada disso. O que ele pede é ter confiança na vida. Certamente, aquele que tem responsabilidades não deve deixar de tomá-las em conta, não deve esquece-las; mas, em todo estado de causa há necessidade de complicar uma vida com tantas necessidades como o homem cria diariamente?
Aquele que sabe crer e refletir não saberia duvidar que tudo, neste mundo, seja criado para o bem.
Se devemos sofrer uma experiência da sorte, porque agrava-la por temores e lamentações inúteis?
Aquele que sabe, não tem o direito de se alarmar; não lhe chegará coisa alguma que não deva chegar. Está em nós remontar dos efeitos às causas. Ou, conhecendo o que nos pode chegar, consideraremos como inevitável, e, pela tensão da vontade e a resignação do coração, sustentaremos o choque do melhor modo que nos for possível; preferiremos subir a corrente, e não é nem temor, nem a tristeza que nos auxiliarão; eles perturbarão as nossas forças. A única coisa que importa é a nossa elevação, o nosso aperfeiçoamento, a direção do nosso coração. Operando assim, a vida ser-nos-á bela e alegre. Os iniciados sabem: tudo é sorriso, mesmo as lágrimas, para aquele que o compreendeu.
Cada ano, durante a Páscoa, Jesus voltava a Jerusalém. O que lá encontrou foi a mais viva oposição à sua doutrina; foi ali também que encontrou os maiores e mais ternos devotamentos. Declarou Ele que não tinha vindo para destruir a Lei, mas cumpri-la; os sacerdotes sentiam facilmente que ele compreendia como eles esta Lei mosaica, sobrecarregada de práticas e que tinha tanta aspereza a ponto de não mais tocar o coração deste povo judeu, outrora tão ardentemente fervoroso.
Não queria destruir a lei, mas, procurando desprender o espírito que vivifica da letra que mata, abate-la para ampliar à altura de seu pensamento. Por outro lado, a idéia de renúncia aos sacrifícios solenes, de orar em sua casa e não em lugar público, abriu uma brecha profunda nos interesses materiais. Uma multidão de mercadores vivia sob os pórticos do Templo, vendendo animais que deviam sacrificar e mil lembranças da peregrinação cumprida, como em nossos dias em torno das igrejas célebres.
Além disso, os padres e levitas eram nutridos de oferendas; este dom preenchia a sua parte de herança na partilha da Terra prometida.
Imagina-se a que ponto Jesus pareceu revolucionário quando expulsou os vendedores que faziam do templo uma caverna de ladrões. É então que ele se tornou suspeito e foi acusado de pregar uma Lei nova. Para ele, a Lei não saberia dividir um povo ou uma seita; dia viria em que Deus seria Pai de todos os homens, em que não haveria mais Judeus nem Gentios.
Todos os que foram criados por Deus têm os mesmos direitos à sua bondade e ao seu amor.
A Lei não é mais a regra de ferro que conduz um povo eleito para seus destinos. Essa expansão do coração humano, muito tempo constrangido, é que se abre a um novo sol; todas as pétalas não formam senão uma única flor banhada de orvalho e de luz.
Esta religião do coração podia ser harmônica com todos.
Por outro lado, o pensamento de Jesus progredia. Pelos obstáculos que se levantavam no seu caminho, compreendia que a revolução que ele tinha chamado não se faria tão docemente como havia esperado.
Havia mais a modificar nesta antiga Lei, do que ele julgara primeiramente.
O povo vinha a ele e o reconhecia como o Messias, Era-o e acreditava ser?
Não nos é permitido resolver um ponto delicado que foi resolvido no sangue, no Jardim das Oliveira e sobre a cruz no Gólgota.
O que é certo é que Jesus assumiu esta personalidade até diante de Caifaz, afirmando que era o Messias, filho de Deus.
É ele que revelará o reino de seu pai.
Para demonstrar esta vocação messiânica, duas espécies de provas são geralmente admitidas: os milagres e o cumprimento das antigas profecias relativas ao Messias.
Não nos afastaremos das profecias, desejosos de pesarmos somente, no presente estudo, a doutrina moral de Jesus.
Quanto aos milagres, são quase todos milagres de cura. Todos os Evangelhos abundam nestes fatos; Jesus impõe a mão sobre o leproso e ele fica radicalmente curado. Diz ao paralítico: “Ergue-te e caminha” e aquele que esperava tanto tempo à borda do túmulo toma o seu leito sobre a espádua e vai bendizendo a Deus.
Os cegos vêem. A mulher Cananéia, que, não sendo judia, não se anima a pedir a Jesus para cura-la, mas toca docemente a franja de suas vestes, fica completamente curada.
Jesus friccionou saliva nos olhos de um cego de nascimento e os olhos que não haviam conhecido o sol se admiram diante da luz.
A esta época, atribuía-se à influência do demônio um grande número de moléstias. Certamente admitem ainda que os males podem ser aumentados ou diminuídos pelas influências espirituais. Mas no tempo de Jesus, a magia fazia parte da medicina; era importante a leitura das obras relativas ao templo de Epidauro em que os adoradores de Asclépio eram curados pela vontade de Deus.
Jesus exorciza os doentes, e os demônios que causavam seus males escapam dos corpos atormentados e estes voltam à calma.
Virtude mais poderá ainda! Jesus curava também os enfermos pela doce simpatia que emanava de sua pessoa. Sabia que estava inclinado a todos os sofrimentos da terra e que escolheu entre as profecias a que concerne ao “homem das dores”: que a perturbação do coração e a aflição do espírito são a base de todas as doenças.
Eis porque leva todo os seus cuidados ao apaziguamento da alma antes da cura do corpo.
Não são os poderosos e ricos que ele procura, mas aqueles que se curvam sob o peso do fardo de seus desgostos.
“Vinde a mim – dizia ele – vós que estais fatigados e carregados, que eu vos consolarei. Tomai meu jugo sobre as vossas espáduas, pois eu sou doce e humilde de coração e vós encontrareis o repouso de vossas almas; porque meu jugo é brando e meu fardo é leve”. (Mateus, cap.XI vs. 28-30).
À medida que se erguia a sordidez de certas almas, Jesus compreendia que a cura do mundo não se faria senão por meio de uma completa doçura.
Então, sentiu que as forças viriam e que fariam um formidável alvoroço no mundo romano.
Predisse o fim do mundo, após o qual veremos um novo céu e uma nova terra. Sentia que a ordem social tocava o seu fim e que os tempos eram chegados.
Precisava que uma renascença fosse preparada por estranhas calamidades, por desgraças inauditas, como a charrua revolve o campo que deve ser semeado.
Esta calamidade, preparatória do reino de Deus sobre a terra, será também a apoteose do Messias. Começará por tempestades que perturbarão o céu completamente. O fogo dos clarões iluminará toda a terra. Mas sobre as nuvens, o Messias virá, formidável, ao som de trombetas que repercutirão, tocadas por temíveis Arcanjos.
Os mortos sairão dos túmulos e esperarão, transidos de medo, o julgamento que os disporá para a eternidade.
É o Messias revestido dos poderes de seu Pai, que procederá a este julgamento.
De um lado, os eleitos, o pequeno número daqueles que souberam ficar ilesos dos prazeres da terra, das suas preocupações; aqueles que não foram tragados ao mesmo tempo pelo desprezo de Deus e pela cupidez.
Mais além, colocados à direita de seu juiz, serão chamados a gozar de uma felicidade eterna, sem limites, em uma estadia deliciosa que foi preparada desde a origem do mundo.
Estes são os bem-aventurados, aos quais o reino do céu, o Paraíso, pertence.
À esquerda do Juiz, estarão os malditos, aqueles que não tiveram crença, que endureceram o coração, que não viveram senão egoisticamente para si mesmos e para os seus interesses.
Estes irão à Geena, ao vale horrível do Ocidente de Jerusalém, onde de altos cai uma espessa sombra, onde não germina nenhuma vegetação.
Neste lugar desolado, serão prisioneiros das chamas que não se extinguirão jamais; serão também roídos pelos vermes.
O Filho do Homem, assentado à direita de Deus, seu Pai, presidirá solenemente a esta justiça, cujos efeitos serão eternos.

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9.6 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 5ª PARTE - MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS

Jesus, sabendo que não viveria muito tempo, tinha, desde o começo, escolhido doze discípulos que deviam continuar a sua obra. Estes discípulos tinham sido escolhidos entre os seus fiéis mais atentos; conhecemo-los com o nome de apóstolos.
Após uma iniciação especial, estes apóstolos participam dos poderes de Jesus.
Como ele, podiam efetuar curas pela imposição das mãos.
É também pela imposição das mãos ou unção de óleo consagrado, que eles expulsavam os demônios. Podiam manejar sem perigo os reptis venenosos e beber com a máxima calma, impunemente, beberagens mortais.
Conflitos de doutrina e de interesses tornavam-se mais vivos em torno de Jesus. Este sentia que a sua hora era chegada e disso deu parte àqueles que o rodeavam.
Os detalhes da morte de Jesus estão muito presentes na memória de todos para que seja necessário repeti-la aqui.
Seus interrogatórios, diante daqueles que tinham preparado a sua morte, como se prepara um sacrifício, teriam desarmado os seus inimigos, mas a inveja não se desarma jamais.
A multidão que, poucos dias antes, lançava flores e seus mantos à sua passagem, reclamava a sua morte em grandes gritos.
Seus próprios apóstolos fugiram diante de sua angústia. Apenas João, Maria de Magdala e a mãe de Jesus seguiram-no até o Calvário.
Nem os suplícios nem a morte arrancaram uma queixa àquele que se entregava para dar a paz ao mundo. Morreu, perdoando os seus carrascos e prometendo o Paraíso a um dos ladrões, entre os quais tinha sido crucificado.
Começou aí a ação dos Apóstolos. A vida de Jesus, como a dos iniciadores orientais, magnifica-se por lendas e toma cada vez mais o valor de um símbolo. Mas o que ficou intacto da influência do Mestre, foi a radiante imagem daquele que não tinha ordenado senão com amor, cuja doutrina inteira não era senão fraternidade, piedade, perdão e que, deste modo, combatia a dureza do mundo antigo – sobretudo depois da conquista romana – a maior revolução que havia sido feita em nome da clemência e da bondade.
Tem-se muitas vezes aproximado a religião de Jesus da religião de Buda, mas não se tem sublinhado suficientemente a preferência incessante concedida por Jesus ao mais humilde, ao mais vil, ao mais vil, muitas vezes mesmo ao mais indigno.
O rico mau é punido pelas chamas eternas, mas não se mostrou bom rico; quando um moço de família opulenta pediu a Jesus para ser admitido no meio de seus discípulos, ele pediu-lhe primeiramente que desse todos os seus bens aos pobres. E o jovem se retirou muito triste, porque possuía grandes bens. Não há palavra de censura no Evangelho, mas a partida do adolescente sublinha, por uma poderosa imagem, a incompatibilidade da nova religião com o apego aos bens do mundo.
Jesus não tem que fazer de seus bens. Para ele, uma única riqueza é notável: a do coração, a beleza dos sentimentos. Perdoa à pecadora “porque ela muito amou”, preferindo o abandono de si mesma em um amor impuro à egoística procura do ouro e do aplauso público. Como vimos, não é preciso amara somente aqueles aos quais estamos ligados pelos laços de sangue e de amizade, nem somente aqueles que nos têm feito experimentar a sua benevolência, mas ainda, e sobretudo, aqueles que nos têm afligido e ultrajado.
Da mesma forma, nós nos aproximamos tanto que está em nosso poder a misericórdia divina.
As ternas palavras de Jesus para com as crianças que correm para ele e o rodeiam, entes que ele preferia por suas espontaneidades e pureza; a viva poesia de suas parábolas onde pinta deliciosamente a Natureza, nos demonstram mesmo o seu amor pelas coisas, pelos seres inanimados que saem da mão do Pai. Sua religião é toda amor, fraternidade, união de almas, muito mais elevada e mais além do que se pode imaginar nos elos dos partidos políticos e até a fraternidade de sangue ou de pátria.
Como todas as coisas humanas, a religião de Jesus não conserva por muito tempo, na prática, todo esplendor do seu ideal.
Veio um momento em que a religião nova, tendo triunfado, vem a ser religião do Estado e, regularizada, amoldada à firme disciplina romana, perdeu a sua graça e leveza.
Além disso, é quase impossível pedir ao conjunto de seres os mesmos sentimentos elevados que se pode esperar somente de uma reunião seleta de iniciados.
Certamente, a religião cristã conduz ao mundo um ideal que transforma e lhe permite uma evolução que os nossos olhos, muito acostumados, não discernem, porém que o nosso pensamento se dirige para o doce iniciador que pregou a doçura e a piedade sobre os caminhos da Galiléia, nós não podemos deixar de lamentar que todos aqueles que o seguiram não tivessem conservado a suavidade desta grande figura.
E o nosso espírito lamenta também que o esoterismo cristão tenha sido eclipsado entre nós.

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9.7 - JESUS - ENSINAMENTOS ESOTÉRICOS - 1ª PARTE - MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS

Há, realmente, na obra tão admirável de Jesus, uma iniciação secreta?
É difícil haver dúvida. Em tudo a necessidade se impõe para dar à massa um ensinamento à sua conduta e guardar os mais altos ensinamentos para aqueles que são capazes de os compreender e se adaptar a tais ensinamentos. É assim que Jesus falava para o povo em parábolas que ele explicava a seus apóstolos.
Desta divisão do dogma, Paulo dá a razão na sua Primeira Epístola aos Coríntios:
“E por serem numerosos, estão entre vós os fracos de espírito, sem contar os adormecidos.” (Cap. XI, vers. 30).
Ele diz aos Hebreus sensivelmente a mesma coisa, ainda que os judeus devessem entender melhor um pensamento que havia sido originado no seu país e na sua raça:
“Dos nossos mistérios, teríamos grandes coisas a dizer; mas nós não tentaremos explicar-vos, porque não os compreendereis.” (Epístola aos Hebreus, cap. V, vers. 11).
Nos momentos da mais alta e mais sincera intimidade intelectual, o Mestre fala aos seus apóstolos com o coração aberto e, quando Simão Pedro o reconhece pelo esperado Messias, Jesus diz-lhe palavras decisivas.
Mas logo pede que não revele a ninguém que ele é o Cristo. Seis dias depois, dá-se a transfiguração. Em um surto de entusiasmo, Jesus elevou-se da terra e achou-se rodeado de uma luz desconhecida.
Os três apóstolos que ele preferia o viram rodeado por Moisés e Elias, e eles caíram por terra, presos de admiração e, mais ainda, de um enorme temor.
Jesus os vê, enche-se de piedade e reaparece só a seus olhos; e logo depois como eles descessem da montanha, onde se manifestou o prodígio, pediu:
“Não digais a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem seja ressuscitado entre os mortos.”
O testemunho de Marcos (Cap. VIII, 30; IX, 8) corrobora aqui, nitidamente o de Mateus (Cap. XVI, 20; XVII, 9).
É inegável que ele teve, unicamente para os apóstolos, um ensinamento esotérico e, quando Jesus pronunciou palavras que davam ao povo a sua doutrina sob uma forma agradável, mas freqüentemente muito veladamente do que se pensava, desenvolvia o pensamento imediatamente diante dos seus. Estes se admiravam na simplicidade de sua alma.
“Por que falas tu por semelhanças?”
Ele respondeu, dizendo:
“Porque vos é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não é dado.”
“Porque se dará àquele que já tem e terá ainda mais; porém, para aquele que não tem, ser-lhe-á omitido mesmo o que tem.”
E, como esta rudeza os surpreendesse, ele continuou:
“É por isso que eu falo por semelhança, porque vendo, eles não vêm, e ouvindo, eles não ouvem ... Mas vós sois felizes, porque tendes olhos que vêm e ouvidos que ouvem.”
Burnouf, que levou tantas luzes ao estudo das religiões comparadas, expõe a sua opinião relativamente ao lado esotérico da religião cristã na Igreja primitiva:
“É um fato conhecido de todo o mundo, que nos primeiros tempos do Cristianismo, existia uma doutrina secreta, transmitida por meio da palavra e em parte talvez pela escrita; este ensinamento misterioso excluía primeiramente aqueles que se chamavam catecúmenos, isto é, pagãos convertidos, mas ainda não instruídos nas coisas da fé.”
“Uma vez cristãos, não eram, por isso, iniciados nas mais profundas doutrinas, porque elas se transmitiam, de algum modo, de mão em mão, entre homens cuja fé era mais ardente; a este título, eles podiam ser doutores e, por sua vez, instruir e dirigir a massa de fiéis.”
“Sobre quais pontos da doutrina existia o mistério?”
“É uma questão que é impossível resolver a priori e que o estudo dos textos pode apenas esclarecer: está-se, não obstante, no direito de pensar que o véu do segredo cobriria, como os Mistérios de Eleusis, as partes mais profundas da ciência sagrada e aquelas que tinham sido as mais perigosas de descobrir a todos, no meio do mundo pagão, em uma sociedade cristã composta, na maioria, de ignorantes.”
“Veio um tempo em que a doutrina oculta cessou de ser assim. Costumava-se dizer que depois de Constantino, não houve mais tradição secreta em nenhuma igreja, nem no Oriente nem no Ocidente...”
“Para conhecer os pontos da doutrina que constituíam o ensinamento secreto, não é necessário consultar documentos posteriores ao Concílio de Nicéia, se não for para procurar documentos que se podem aí achar ainda, como relação ao período primitivo do Cristianismo. Nesta época, tudo o que devia ser revelado da doutrina cristã, tinha sido efetuado.”
“A partir de Jesus Cristo, vêem-se documentos escritos aparecerem uns após outros na sua ordem natural, à medida que os acontecimentos exteriores e o progresso interno da cristandade lhe permitiam produzir...”
“Os quatro Evangelhos, os Atos, as Epístolas e muitos outros escritos dos tempos primitivos da Igreja, notam as etapas que a promulgação da fé teve de percorrer. A disciplina do segredo durou até o dia em que a manifestação pôde ser encarada como completa; não foi senão para o fim do segundo século; então somente a publicação do Evangelho de João mostrou, sob sua forma teórica, a doutrina confiada por Jesus aos seus discípulos favoritos.”
“Assim, cerca de duzentos anos foram necessários para que os cristãos espalhados no império, estivessem de plena posse das grandes fórmulas da fé. A primeira fórmula sob a que havia sido proposta, é a que Jesus empregava exclusivamente no seu ensinamento público, a forma da parábola; é a que se encontra um pouco isolada no Evangelho de Mateus, o mais antigo dos quatro, aquele que parece reproduzir mais exatamente as próprias palavras do Cristo.”
“A teoria começa a surgir em Lucas, o segundo pela data; este novo livro fez com o primeiro um contraste aparente, porque suprimia, de maneira sistemática, o elemento judeu, que Mateus, tinha conservado estritamente. Marcos não traz nada de novo nem na história do Mestre, nem na expressão da doutrina...” ( A Ciência das Religiões).

Sites maçônicos:
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www.trabalhosmaconicos.blogspot.com

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

terça-feira, 21 de julho de 2009

Maçonaria, Um Informativo Para Quem não é Maçom


• Apresentação
• Esboço Histórico
• 1 - A Maçonaria no Mundo
• 2 - A Maçonaria no Brasil
• 3 - O Que é Maçonaria
• 4 - Seus lemas fundamentais são
• 5 - A Loja Maçônica
• 6 - Os Membros da Maçonaria
• 7 - O Processo de Admissão do Candidato
• 8 - Existe um grau de Escolaridade para ser Admitido na Maçonaria?
• 9 - A Maçonaria Exige o Cumprimento de Obrigações?
• 10 - A Maçonaria possui aspecto religioso?
• 11 - A Maçonaria não e uma religião?
• 12 - Existe Ligação entre a maçonaria e Outras sociedades de cunho filosófico, religioso ou esotérico?
• 13 - Os Princípios Maçônicos podem ser Discutidos?
• 14 - Maneira de Viver
• 15 - Compromissos
• 16 - Como a Maçonaria Ajuda o Maçom e sua Família?
• 17 - A Maçonaria não é uma sociedade secreta
• 18 - A participação feminina
• 19 - O que podemos fazer para Ajudar
• 20 - Alguns Maçons Notáveis

Apresentação
Com o objetivo de prestar esclarecimentos àqueles que se interessam pela Ordem Maçônica, separando-a de tudo aquilo que falsamente lhe tem sido atribuído, mais das vezes com histórias fantásticas contadas por pessoas estranhas a Ordem, somando idéias que soam aos ouvidos dos incautos como sendo entidade anti-religiosa que pratica forma de atrocidades, etc.
A Grande Loja do Paraná publica este manual, sob o título: "MAÇONARIA UM INFORMATIVO PARA QUEM NÃO É MAÇOM"
Aqui o candidato encontrará os esclarecimentos que lhe proporcionarão uma visão da origem e dos propósitos da Ordem sem necessidade de opiniões alheias, e se realmente é o caminho que tem procurado para realizar-se como homem cumpridor dos deveres para com Deus, Pátria e a Família.
Curitiba - PR, Julho de 2000.

A Fraternidade de Maçons Antigos, Livres e Aceitos é a mais antiga irmandade e a mais conhecida em todo o mundo.
Literalmente, milhares de livros já foram escritos sobre a Maçonaria, todavia sua organização e sua filosofia são desconhecidas dos não iniciados.
Este livrete foi preparado com o objetivo de apresentar informações corretas para esclarecer ao público interessado em conhecer a Maçonaria como ela realmente é.
Esboço Histórico
Em sentido amplo, a história da Maçonaria pode ser dividida em três períodos: o antigo ou lendário; o medieval ou operativo e o moderno ou especulativo. Segundo alguns historiadores, do período antigo ou lendário, não se tem conhecimento sobre a sua origem, alcança, mais ou menos, o século V antes de Cristo, com a construção do TEMPLO DE SALOMÃO.
No primeiro quartel do período medieval, os "Collegias Fabrorum" do Império Romano deram origem às associações de artífices de mesmas profissões, e na Alemanha, tais entidades foram denominadas de "GUILDAS" de operários. As associações tinham por escopo guardar os segredos das profissões, e o faziam de modo a serem confiados a poucos, após um demorado tempo de aprendizado.
Naquela época, os trabalhadores, reunidos em associações ou Guildas, tinham seus serviços contratados para construção de palácios, catedrais, mausoléus, pontes, etc. Os maçons da idade lendária e medieval são tidos pêlos historiadores como maçons operativos, designação oriunda do trabalho manual de muitos, enquanto o trabalho intelectual era privilégio de poucos.
O período moderno ou especulativo surgiu durante o século XVII, quando a construção de catedrais estava em declínio, o que levou muitas GUILDAS de talhadores de pedra a aceitar, como membros, pessoas de letras eruditas, que deram outro rumo à Maçonaria, tornando-a especulativa. Como não eram profissionais da arte da construção, foram rotulados de "maçons aceitos".
Como resultado dessa evolução importante, teve início a MAÇONARIA, tal como é hoje conhecida. Em 1717, quatro Lojas Maçônicas, que se reuniam em Londres - Inglaterra, formaram a primeira Grande Loja do Mundo, a qual passou a credenciar outras Lojas e Grandes Lojas em muitos países.
O erro da maior parte dos escritores maçônicos consiste na tentativa de basear a história da Instituição em seu simbolismo. No entanto, a história da Maçonaria, como a história do mundo, tem a sua base na tradição. Com freqüência, os maçons classificam a Maçonaria de "Instituição Milenar", porque fazem remontar suas origens a tempos que se perdem na curva enevoada do passado. Contudo, os primórdios da Maçonaria são obscuros, bem como parte de sua história.

1 - A Maçonaria no Mundo
Há, aproximadamente, 10 milhões de Maçons distribuídos por mais de 150 Grandes Lojas existentes pelo mundo. Destas, 27 Grandes Lojas no Brasil congregam mais de 80.000 maçons. Confrontando o número de Maçons existentes no mundo, com a população inteira do globo, tem-se uma idéia do grau de seletividade adotado para o ingresso na Ordem Maçônica. Embora sejamos a maior fraternidade do mundo, não igualamos, em número de adeptos, a qualquer uma das religiões menos difundidas. A força da Maçonaria está na seleção de seus integrantes, escolhidos entre os cidadãos mais expressivos de todos os segmentos da sociedade organizada, irmanados num mesmo sentimento de unidade em torno dos ideais mais elevados da Humanidade, sem fronteiras de raça, cor ou credo

2 - A Maçonaria no Brasil
Em nosso País, as primeiras Lojas Maçônicas foram formadas por brasileiros que voltavam da Europa, após concluírem seus estudos superiores, permanecendo até o século XIX sem ligação com qualquer Instituição Maçônica.
Não existem registros históricos confiáveis sobre essas Lojas Maçônicas, todas formadas com objetivos políticos, pelo que, a rigor, pode-se afirmar que não existiam Lojas Maçônicas no sentido amplo da palavra. Apenas a partir de 1822, que a Maçonaria passou a funcionar como tal em nosso País. Não é objetivo deste livrete entrar em detalhes da história da Maçonaria brasileira, as bibliotecas e livrarias estão bem providas de material informativo sobre o desenvolvimento da fraternidade no Brasil.

3 - O Que é Maçonaria
Maçonaria é um movimento filosófico, educativo, filantrópico e progressista que adota a investigação da Verdade, em regime de plena liberdade.
Ela é, portanto, uma sociedade formada por livres pensadores, amantes da cultura moral. Intelectualmente, este é o seu papel principal, e este caráter explica, em grande parte o notável sucesso que conseguiu. Os ensinamentos maçônicos são ministrados através de rituais que, contém princípios de todas as "Artes Iniciáticas", como o hermetismo, a cabala, o simbolismo, além dos conceitos tradicionais sobre as cores, os números e as lendas antigas. Nos ritos maçônicos fundem-se o simbolismo das Iniciações primitivas, os ensinamentos Rosa-Cruzes dos antigos filósofos, do pitagorismo, dos templários, do judaísmo, do cristianismo, etc., daí a sua riqueza fora do comum, se comparada a outras instituições fraternas.
Em resumo, a Maçonaria é uma escola de sabedoria. A admissão na Ordem Maçônica não é, pois, um fim, é um começo, um começo maravilhoso, mas que exige muito trabalho e dedicação.
A Maçonaria é uma instituição que conserva bem viva certas tradições muito antigas de ensinamentos místico - iniciáticas compostos de rituais simbólicos e de alegorias. O que nela domina é o princípio de tolerância para com as doutrinas religiosas e políticas, porque a Maçonaria está acima e fora das rivalidades que as coloca em conflito.

4 - Seus lemas fundamentais são:
Liberdade - porque o homem que venceu a si mesmo liberta-se da opressão que o escraviza.
Igualdade - porque a Maçonaria reconhece que todos os homens nascem iguais. As principais distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho, de cada um.
Fraternidade - porque a Maçonaria aspira que a compreensão reine entre seus adeptos; a Fraternidade diminui os males dos povos e aumenta a compreensão e o respeito entre os homens.
Sob este prisma, ela pode ser definida de muitas maneiras, mas uma descrição resumida poderia dizer que é uma sociedade destinada ao esforço conjunto de todos, na busca do aperfeiçoamento individual, uma fraternidade dedicada ao aprendizado e ao culto da arte de viver e à construção do caráter.
Não é um clube, nem uma companhia de seguros ou de socorro mútuo. Não é uma organização destinada a patrocinar fóruns de debates políticos e reformas sociais, e o lucro material não está entre seus objetivos, embora os membros da Fraternidade realmente participem de muitos serviços de caridade e obras assistenciais. Os princípios da Maçonaria são publicamente aclamados, compreendendo: Amor Fraternal, Assistência e Lealdade. Em seus ensinamentos são enfatizados os postulados da mais elevada moral e a prática das virtudes cardeais, proclamadas em todas as eras: Temperança, Fortaleza, Prudência, Justiça, Fé, Esperança e Caridade. Seus princípios éticos podem ser aceitos por todos os homens de bem, e a tolerância para com seus semelhantes é assumida por todos os membros.

5 - A Loja Maçônica
A Célula básica de toda GRANDE LOJA é a Loja Maçônica, chamada por seus membros de "Loja Simbólica". E onde a Maçonaria atua a nível local, sob a jurisdição de sua GRANDE LOJA. E ali que o Maçom recebe suas instruções, e é nela que são recebidos todos os pedidos de admissão à Maçonaria e onde são conferidos os graus maçônicos. Em suma, é o lugar ou a reunião em que se congregam os Maçons para um trabalho específico.

6 - Os Membros da Maçonaria
A admissão à Maçonaria é restrita a pessoas adultas do sexo masculino, sem limitações quanto à raça, credo e nacionalidade, desde que gozem de reputação ilibada e que sejam homens íntegros. As informações sobre como entrar para a Maçonaria são fornecidas ao interessado, através de alguém que pertença à Irmandade, porque o Maçom não faz proselitismo entre seus amigos e conhecidos.
Toda indagação deve partir do interessado, desde que seja ele recomendado por um membro da Loja Maçônica. Quando sua solicitação é acolhida favoravelmente pela Loja, o candidato é submetido a escrutínio secreto, ou seja, uma votação, com base nas conclusões sobre sua vida pregressa, sua conduta no lar, no mundo dos negócios, etc.
Nenhum homem, por melhor que seja, poderá ser recebido na Maçonaria, sem o consentimento de todos os maçons. Se alguém fosse imposto à Maçonaria, poderia ali causar desarmonia, ou perturbar a liberdade dos demais, o que sempre deve ser evitado.

7 - O Processo de Admissão do Candidato
É verdade que existem pré-requisitos para o candidato ser admitido, e esses se referem às normas de conduta do candidato perante a comunidade na qual ele vive. Constatar esse fato não significa, necessariamente, uma investigação.
A aceitação do pedido de filiação depende muito mais da própria declaração de motivos do candidato. A Ordem almeja que o candidato seja sincero perante sua própria consciência, por ocasião do preenchimento da proposta de admissão. Se o interessado não for sincero em seu pedido de filiação, certamente estará enganando a si mesmo, provavelmente não persistirá no caminho da perfeição e não obterá resultados reais em conhecimento e desenvolvimento.

8 - Existe um grau de Escolaridade para ser Admitido na Maçonaria?
Absolutamente, não é exigido um grau especifico de escolaridade para ser admitido em uma Loja Maçônica. Costuma-se dizer até que a Loja fica mais completa e equilibrada, quando existe uma diversidade de profissões entre seus membros. Todavia, as instruções são transmitidas, também através da palavra escrita (manuais), por conseguinte, é importante que o indivíduo não tenha dificuldades para leitura de textos, acessíveis a uma razoável escolaridade.

9 - A Maçonaria Exige o Cumprimento de Obrigações?
É evidente que, ao se iniciar na Maçonaria, o cidadão deverá assumir compromissos gerados como conseqüência de sua responsável participação na Instituição. Poder-se-ia exemplificar dizendo que o maçom assume o compromisso de estudar, com mente aberta, as instruções maçônicas, bem como, o de considerar confidenciais os ensinamentos recebidos e contribuir pecuniariamente para a manutenção de sua Loja. Em suma, haverá compromissos como existem em qualquer associação humana.

10 - A Maçonaria possui aspecto religioso?
Sim, possui aspecto religioso, porque reconhece a existência de um único princípio criador, regulador, absoluto, supremo e infinito ao qual denomina GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, contrapondo-se ao materialismo, fator essencial e indispensável à interpretação verdadeiramente religiosa e lógica do UNIVERSO, base da sustentação e diretriz das doutrinas e atividades maçônicas.

11 - A Maçonaria não e uma religião?
Não, e não tem a pretensão de tomar o lugar da religião na vida de ninguém. Para ser membro da Maçonaria, o cidadão deve professar uma crença firme em Deus, gozar de boa reputação e ter uma conduta ilibada, independentemente de suas crenças religiosas. O objetivo da Maçonaria é acolher os cidadãos que tenham essas características, ou seja, os bons cidadãos e torná-los ainda melhores - melhor amigo, melhor pai, melhor esposo e melhor irmão. Um bom Maçom é geralmente o melhor membro de sua religião, assim como um bom membro de qualquer religião pode ser um ótimo Maçom. O Maçom vai a sua Loja para aprender a melhor cultivar as virtudes morais em sua vida diária, viver sob a Paternidade de Deus, a Fraternidade dos homens e a Imortalidade da Alma.
Vivendo sob a Paternidade de Deus, aprende a melhor cultivar as elevadas virtudes consagradas pela ética e pela moral; aprendendo a viver em função da Fraternidade entre os homens, desenvolve dentro de si o amor pelo seu semelhante, através da prática desinteressada da caridade. Reconhecendo a grande verdade da Imortalidade de sua Alma, capacita-se como peregrino neste mundo ao seu destino final, na Eternidade.

12 - Existe Ligação entre a maçonaria e Outras sociedades de cunho filosófico, religioso ou esotérico?
Não ! A Maçonaria, sendo uma sociedade autônoma e independente, identifica-se pela sua Constituição e pelo seu Regulamento Geral, que seguem as tradições das antigas constituições. É reconhecida através de seus símbolos e emblemas, e principalmente por tratados de reconhecimento mútuo com as demais Potências Maçônicas espalhadas pelo mundo. Contudo, a Maçonaria observa em relação as demais sociedades fraternais, místicas, filosóficas e religiosas, um relacionamento fraternal de mútuo respeito.

13 - Os Princípios Maçônicos podem ser Discutidos?
O maçom é livre para investigar a verdade, portanto, pode discordar ou discutir os princípios maçônicos, notadamente, porque as instruções maçônicas não têm natureza dogmática. Contudo, enquanto o novo adepto mantiver a condição de aluno iniciante, a atitude mais adequada é a de estudar as regras e filosofia que farão parte do seu "curriculum", com imparcialidade e sem preconceitos, sujeitando essas idéias à sua reflexão.
Após tal período, poderá aceitar ou rejeitar os postulados maçônicos, fazendo justiça a si mesmo e à própria Ordem. Por tal princípio, o Maçom é livre para deixar a Ordem sempre e quando o desejar, em que pese que ao abandonar a Maçonaria, estará renunciando a uma grande oportunidade de evolução pessoal e de um convívio fraternal. Pode-se afirmar, nesta oportunidade, que a sabedoria maçônica não é específica e estritamente de natureza científica. Pode-se afirmar que ela abrange o conhecimento científico, mas o transcende, ou seja, vai além dele, através do uso de uma função cognitiva direta e superior, que se sedimentou através dos séculos, muito tempo antes que fosse objeto de investigação científica.
Destarte, os motivos pêlos quais os postulados maçônicos não são divulgados destacadamente nos meios de comunicação social são facilmente compreensíveis, porque a corrente principal da sociedade está centralizada nos aspectos exteriores e passageiros da vida; objetivos materiais, políticos, econômicos, etc., enquanto que a Maçonaria tem por escopo o desenvolvimento moral, psíquico e introspectivo do homem.
Depreende-se daquilo que já foi exposto, que a Maçonaria é uma fraternidade, e como tal, existem taxas de registro e contribuição mensal destinadas a cobrir despesas da Loja e do próprio adepto, decorrentes de seu ingresso na Ordem Maçônica. Sendo a Maçonaria uma entidade sem fins lucrativos a contribuição é mantida a nível mais baixo possível. Assim, a filiação à fraternidade Maçônica não implica em qualquer tipo de sacrifício material entre os seus membros.
É fato incontroverso que uma das finalidades da Ordem é a de implantar sistematicamente na sociedade humana uma efetiva fraternidade entre os homens, isenta de qualquer discriminação. Portanto, a Maçonaria propala no sentido de que cada um dos seus membros se esforce para considerar seus irmãos da Ordem como irmãos em Deus, e atue junto a eles com amor, tolerância, compaixão, solidariedade, isenta de sentimentos de superioridade social, sem que isso inclua necessariamente objeções financeiras, a qualquer pretexto.

14 - Maneira de Viver
A Maçonaria é, em resumo, a caridade para com todos. Seus membros procuram viver segundo a regra de ouro: "fazei aos outros aquilo que desejais que vos façam". Ser maçom é amar o seu país, servir à Deus com reverência, tratar os familiares com brandura e afeto, ter humildade, ajudar os fracos e desvalidos da sorte. Ser maçom é praticar as virtudes cardeais. Tudo isto, e mais, constitui a Maçonaria como forma de viver, como farol a guiar-nos em todas as nossas ações.

15 - Compromissos
Para realizar seus objetivos, a Maçonaria admite, como membro, todo o homem que tenha um elevado senso de responsabilidade, e cuja palavra empenhada seja Lei para ele. Exige sacrifícios, não mais do que qualquer outra atividade que requer de um homem respeito por seus compromissos assumidos. As reuniões da Maçonaria são realizadas em locais denominadas Lojas, pelo menos uma vez por semana, no período noturno, cuja duração não deve ultrapassar duas horas. A família, do Maçom, terá todos os motivos para incentivá-lo a participar sempre das reuniões maçônicas, certa de que sua assiduidade proporcionará uma nova dimensão de viver, que poderá realizá-lo como cidadão, como pai, como esposo, como filho e como Irmão. Ao tornar-se maçom, o cidadão poderá estar certo de que terá feito uma opção única em sua vida, porque, nas Lojas Maçônicas, estará participando de uma organização que obedece aos princípios de amor a DEUS, à Humanidade, à Pátria e à Família, pregando e propagando a Tolerância, o Respeito e o Amor Fraternal.
As Grandes Lojas do Brasil consideram indispensável para admissão em qualquer de suas Lojas e para permanência destas sob sua obediência, a formal aceitação dos seguintes fundamentos:
— a crença em DEUS;
— o sigilo;
— a indicação de homens maiores de 21 anos;
— a Caridade, a Beneficência e a Educação, como principais meios de combater a ignorância e q erro, em todas as suas formas;
— a investigação da verdade, sem imposição de limites garantindo a liberdade, mediante o exercício da tolerância.
É difícil resumir em tão pouco espaço, tudo o que o maçom aprende sendo membro da Fraternidade, mas, esclarecemos que a Maçonaria ensina seus adeptos a aplicarem, em seu dia-a-dia, os princípios gerais de moralidade e virtude. A participação é restrita aos elementos que preencham os requisitos de padrões de caráter e reputação ilibada.
A Fraternidade não interfere com os deveres que o homem tem para com DEUS, seu País, seu semelhante, sua família e ele próprio, mas, pelo aprendizado, leva-o a viver e praticar os preceitos fundamentais da Organização, proporcionando-lhe uma oportunidade para o aprimoramento pessoal. Ela ensina um bom homem a tornar-se melhor, melhor pai, melhor marido, melhor irmão, melhor filho, melhor cidadão de seu país.

16 - Como a Maçonaria Ajuda o Maçom e sua Família?
Ao contrário de algumas organizações fraternais, a Maçonaria "Não" é uma sociedade beneficente. Ela proporciona várias oportunidades de assistência, mas o maçom ou sua família deve levar ao conhecimento da Loja as suas necessidades. A fraternidade mantém muitos programas assistenciais que não são restritos apenas à família do maçom, mas, tais obras assistenciais não são prioritárias no dia-a-dia da Loja. Em primeiro plano, estão o auto-aperfeiçoamento do membro e o bem estar de sua família.

17 - A Maçonaria não é uma sociedade secreta
Ao contrário do que muitos acreditam, a Maçonaria não é uma sociedade secreta e não esconde sua existência. Suas Constituições e Estatutos são registrados em cartório de títulos e documentos e publicados em Diário Oficial. O Maçom novato pode ficar embaraçado por não poder explicar aos seus familiares tudo o que ele presenciou nas cerimônias de seu ingresso. E verdade que temos modos de reconhecimentos, ritos e cerimônias que o mundo não conhece. Por exemplo, sua família, sem dúvida, discute assuntos que não interessam aos vizinhos. Tudo o que existe por escrito nas livrarias pode ser discutido livremente, e existem muitos livros na biblioteca pública que podem ser consultados por quem estiver interessado.
A Maçonaria é secreta apenas no que diz respeito à forma de reconhecerem-se seus membros entre si, e quanto à sua metodologia de ensino, que lhe é peculiar. Não é uma sociedade secreta, mas uma sociedade com segredos, não escondendo sua existência aos olhos do público. Seus princípios, seus objetivos, suas metas, são conhecidos por todos. Os edifícios em que ela funciona são visíveis ao público, com anúncios na imprensa, seus estatutos são registrados em cartório e a eles têm acesso todos os cidadãos.
A rigor, a Maçonaria não tem mais segredos que uma entidade particular com fins lucrativos, como uma indústria ou escritório de advocacia ou um consultório médico. O trabalho maçônico não é o que se pode chamar de "frívolo". É inteiramente sério e, uma vez que o novo membro é admitido, ele recebe instruções que o capacitam a realizar um trabalho em Loja, de natureza confidencial. Isto ele não pôde revelar a ninguém.
Para que ele progrida nos graus, deve estar habilitado a executar as tarefas que a Loja lhe confira. Para tanto, ele terá que passar algum tempo reunido com os demais membros, para receber instruções orais. Nossas Lojas, em sua maioria, reúnem-se uma vez por semana, à noite, além de realizarem outras reuniões extraordinárias, principalmente quando admitidos novos membros à Maçonaria.

18 - A participação feminina
A Maçonaria Universal, no que ela tem de essencial nos seus princípios fundamentais, é a prática da primeira das virtudes: a SOLIDARIEDADE HUMANA. Todavia a família jamais fica fora das atividades maçônicas. Assim, existem diversas associações maçônicas para as Senhoras, como, a Associação das Acácias, etc. Recentemente começou a funcionar no Brasil a Ordem do Arco íris que é mantida pela Maçonaria, com o objetivo de formar moças entre 11 e 19 anos.
Neste mesmo aspecto, existe a Ordem DeMolay para jovens do sexo masculino, na faixa de 13 a 21 anos incompletos, com objetivos amplos de formação do jovem, preparando-o para uma vida futura, moldando o seu caráter para uma cidadania plena e responsável. Em alguns lugares já funciona a Ordem Internacional das Filhas de Jó, também para as moças na faixa etária entre 11 e 19 anos.
Estas organizações possuem atividades sociais e ritos próprios, cujo objetivo é aglutinar os jovens desenvolvendo os seus talentos, qualidades e potencial de liderança. Cumpre esclarecer que, embora essas organizações tenham mérito reconhecido, os demais membros da família não são obrigados a aderir. A família é para a Maçonaria a célula da humanidade. Quem não tem condições morais para ser um bom chefe de família, não pode ser maçom. Quando não se devota ao lar, quando não se preocupa com a família, o Maçom é considerado um traidor, porque está transgredindo os compromissos que fez, está renegando os sagrados compromissos assumidos.
Todo Maçom está sob constante vigilância da sua consciência e dos demais Maçons. O maçom que vier a saber que um Irmão afastou-se do cumprimento do dever para com sua família, é obrigado a comunicar o fato à Loja. Quando alguém se candidata a ingressar na Maçonaria, é verificado em sindicância se o candidato dispõe de recursos que lhe permita cumprir os compromissos maçônicos sem sacrificar a família. Enfim, nenhum homem casado poderá entrar para a Maçonaria sem que a esposa esteja de acordo.

19 - O que podemos fazer para Ajudar
O significado e o impacto da Maçonaria na vida do homem varia, diferenciando-o do homem comum. A prática dos ensinamentos e princípios é em base estritamente individual. Os princípios maçônicos têm resistido através das eras e são válidos, ainda hoje, como o eram séculos atrás. A Maçonaria é a bondade no lar, a honestidade nos negócios, a cortesia na sociedade, o prazer no trabalho, a piedade e a sincera preocupação para com os desvalidos da fortuna, o socorro aos mais fracos, o perdão para o penitente, o amor ao próximo e, sobretudo, a reverência a Deus.
Temos a convicção de que, ao entrar para a Maçonaria, todos acrescentarão, ao carinho que por ela tem, os benefícios reais de uma associação cujos princípios morais e éticos têm resistido à prova do tempo. A Maçonaria é, sobretudo, uma maneira de viver e está sempre preocupada com a família. Nossas portas estão sempre abertas para acolher os membros da família do Maçom e nossos corações estão sempre voltados para seu bem-estar. Através do novo membro da Ordem, que é membro de sua família, ou através do Venerável Mestre de sua Loja, estamos sempre dispostos a atendê-los e socorrê-los.

20 - Alguns Maçons Notáveis
AMÉRICO VESPUCIO - ALEXANDRE DUMAS - ALLAN KARDEC - BARUCH SPINOZA BEETHOVEN - BENJAMIN FRANKLIN - CAMPOS SALES - CARLOS GOMES - CASIMIRO DE ABREU - CASTRO ALVES - CHARLES RICHET - D. PEDRO I - DEODORO DA FONSECA - RENÉ DESCARTES - DUQUE DE CAXIAS - EMMANUEL KANT - FLORIANO PEIXOTO - FRANCIS BACON - FRANZ LISZT - GEORGE WASHINGTON - GERALD FORD - GIUSPIERRE GARIBALDI - GONÇALVES LEDO - JEAN-JACQUES ROUSSEAU - JOSÉ DO PATROCÍNIO LEONARDO DA VINCI - MOZART - NILO PEÇANHA - PRUDENTE DE MORAIS - QUINTINO BOCAIUVA - RODRIGUES ALVES - RUY BARBOSA - THEODORE ROOSEVELT - THOMAS JEFFERSON - VICTOR HUGO - GEORGE VIII, DUQUE DE WINDSOR.

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

domingo, 19 de julho de 2009

Liberdade e Espiritualidade

Charles Evaldo Boller

O maçom que vive a Maçonaria adquire a capacidade de refrear os desejos e desregramentos o que consiste numa expressão de liberdade. Ao dominar-se, determinar-se, faz aquilo que quer, e não o que determinam seus desejos tirânicos e descontrolados. Aprende que a razão domina os desejos, mas não os elimina; é uma luta que nunca acaba.

A sabedoria mais assentada sabe perfeitamente que não se deve baixar a guarda diante da força dos desejos selvagens. É por isto que ele evita empanzinar-se com excessos de comida e bebida e leva a vida com moderação. Sabe que a racionalidade sozinha não tem como lidar diretamente com os desejos.

Deduz, em seus estudos, que o homem não é só ventre e cabeça. O treinamento o leva a desenvolver forte espiritualidade. Não uma crença naquilo que não vê ou determinado pela fé em dogmas, mas a inspiração racional de que existe de fato uma mente orientadora, um princípio criador que dirige a dança da vida.

As religiões não estão dispostas a acordos ou negociações como é de se esperar numa sociedade que cresce vertiginosamente em termos de conhecimento tecnológico. O de mente aberta por sã racionalidade identifica a existência de um Grande Arquiteto em todas as obras de criação da biosfera e fora dela. Já os crentes nas palavras, tidas como escritas por inspiração divina, resultado de inspiração de deuses antropomórficos, não possuem tal liberdade e interpretam de forma absoluta os livros escritos por outros homens, impondo-os aos demais como verdades finais; não existe acordo com o fundamentalismo religioso.

O radicalismo fanático religioso é um instrumento do sistema econômico mundial para matar e submeter os pobres ao Estado numa espécie de fornicação; exemplo disso foi vivenciado durante a segunda guerra mundial, quando padres e pastores, em ambos os lados das fronteiras, incitavam seus soldados: - Vão lá e matem em nome de Deus e do país - estando do outro lado soldados que pertenciam às mesmas religiões. Aquelas instituições religiosas que se negaram, tiveram seus seguidores perseguidos e eliminados. Isto também aconteceu com os maçons, porque a eles foi dada a oportunidade de exercerem sua capacidade libertadora através do exercício do livre pensamento, do estudo diligente que conduz à liberdade com responsabilidade; deduz-se que nem sempre o livre pensamento e o livre arbítrio exercido com responsabilidade, trás só felicidade, pode também propiciar a morte. Para tais momentos é importante o aporte de forte capacidade espiritual.

A Maçonaria oferece o desenvolvimento de espiritualidade desvinculada dos extremismos das religiões radicais; incentiva a prática da religião na medida em que propicie o nascimento da espiritualidade, dentro daquilo que a razão pode tratar e que liberte as pessoas da escravidão imposta pelo fundamentalismo; encoraja a prática de uma religião como iniciadora de uma caminhada sem intermediação; uma espiritualidade flexível e disposta a acordos em sincronia com o fluxo da evolução científica e social.

É fato que os laboratórios farmacêuticos não têm a mínima vontade de efetuar investimentos para desenvolver pesquisas em medicamentos para os pobres. Muito menos em obter soluções simples e baratas para minimizar doenças. Não se investe pesado em saúde pública preventiva. Políticas de esterilização e contracepção são combatidas pelas religiões, sua hipocrisia aceita com mais facilidade a matança posterior imposta pelo sistema econômico mundial que prevenir.

Por outro lado, é financeiramente mais vantajoso matar depois de exaurir a capacidade produtiva por doenças - algumas naturais, outras fabricadas. A listagem de doenças é enorme. Algumas pragas para reduzir a população mundial: AIDS; Vírus Ebola, Lassa ou Marburgo; Doenças respiratórias; Sarampo; Cólera; Malária; Tuberculose; Gripe A; Aleitamento por mamadeira; E tantos outros. Adicionem-se drogas, falta de água potável, falta de espaço vital e outras necessidades, e os quadros são dramáticos, dignos do inferno de Dante.

Os mecanismos de busca do equilíbrio estão em ação; matando os dispensáveis. Só alienados, aqueles que não pensam com isenção e razão, desapercebem a execução em massa. A liberdade só é obtida com pessoas saudáveis. Pobres e doentes são descartados para limitar a população dentro de parâmetros que garantam a sobrevivência daqueles que podem pagar o preço.

O que se vê é apenas um faz-de-conta nos investimentos em educação e saúde. É para o despertar disto que a Maçonaria cria o ambiente propício para trabalhar a mente de seus adeptos. Incentiva-os buscarem a liberdade pelo pensamento, dedicado a encontrar soluções para a humanidade sair desta situação terrível que vive, onde os pobres são mortos para propiciar a vida aos que podem pagar por isto.

A sedimentação de princípios para ajudar a humanidade a transpor o desequilíbrio pelo qual passa o sistema capitalista com o menor dano é maior onde se vê a prática de debates, palestras ou estudos em lojas, sejam elas de natureza filosófica, sociológica, antropológica, ou outra.

O maçom que estuda e age conforme o que aprende de seu relacionamento com outras pessoas, detentoras da mesma orientação mental, não é conivente com a mortandade que ocorre ao redor; antes, torna-se multiplicador de posturas que libertam o cidadão para a vida com felicidade, para situações aonde não há necessidade de batismo de sangue; basta a atuação do pensamento orientado e livre. Já bastam os rios de sangue derramados pelas gerações anteriores. A liberdade advém do equilíbrio entre as necessidades materiais, emocionais e espirituais, e este equilíbrio é realizado no raciocínio claro e lógico, longe dos extremismos, da intolerância e da ignorância em todos os aspectos. É por inspiração nas obras criativas do Grande Arquiteto do Universo que se aprende a doar sem esperar nada em troca e esta é expressão da ação do amor fraterno, a única solução de todos os problemas da humanidade.

Bibliografia:
1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;
2. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;
3. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: Gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;
4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;
5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

Liberdade e Concorrência
Charles Evaldo Boller

O maçom é incentivado em promover a caridade. Será suficiente? Por mais que se auxilie em ações pontuais, jamais será capaz de acabar com o abismo que separa ricos de pobres.

Só a capacidade de pensar pode municiar os pobres com a capacidade de eles mesmos irem em busca de recursos, não poluir e reduzir a natalidade. Com isto se reduzirá a ação nefasta do sistema econômico mundial que escraviza ao ponto de matar para possibilitar sua própria sobrevivência.

Debaixo do sistema humano sempre existirão pobres e miseráveis, mas não haverá necessidade de partir para ações que trucidam tantos de forma vil.

Temos no Brasil uma prática funesta de inibição da vontade de progredir, são as bolsas de auxílio aos pobres. Prática fatal que inibe o desenvolvimento individual e incentiva a natalidade. Quanto mais filhos, mais dinheiro o cidadão recebe. Prevalece a motivação em adquirir sempre mais ativos econômicos sob forma de filhos e não a investir em outras formas de riqueza. Número elevado de filhos é fato de relevância econômica que pertence ao passado.

Hoje o mercado deve manter um número elevado de posições de trabalho não qualificado apenas para sustentar os menos dotados, uma das razões de limitação vem desta prática terrível de dar esmolas com o dinheiro de erário. Com isto produzem-se mais pessoas para serem mortas pelo sistema econômico mundial quando sua estabilidade é ameaçada.

O pobre não tem capacidade de formar sua prole debaixo da realidade de mercado.

Milhões de pessoas não serão absorvidas pelo mercado de trabalho, exigindo do Estado liberação progressiva de recursos da previdência social sem colaborar com a formação do fundo, esgotando-o, originando um escorchante sistema de impostos e confiscos.

É necessário acordar para o fato de que é só pela liberdade de pensamento, evitar preconceitos e dogmas, combater a ignorância que o cidadão vai limitar sua prole e com isto garantir sua felicidade.

No ritmo em que vai, estima-se que em 2020 seremos quase nove bilhões de pessoas.

A fome aumentará de forma geométrica, teremos talvez uma em cada três pessoas passando fome.

Ao longo da história humana, em quase todas as sociedades, existem registros de crises de alimentação, onde os cidadãos de países inteiros morreram de fome.

As ruas de nossas cidades, dia-a-dia passam a receber mais veículos; quantos morrem diariamente apenas em ocorrência de trânsito? Quanto menos espaço para circular, mais aumenta o comportamento agressivo, mais aumenta a violência. É só estender este raciocínio para as outras carências e necessidade básicas do homem. Tire do homem de forma significativa a capacidade de visão, de alimentação, de deslocamento, ou outra necessidade básica de vida, e faça um exercício de abstração para imaginar até aonde a barbárie tomará conta das tênues relações humanas reguladas pelas leis.

Dizem que quando a miséria entra pela porta, a virtude sai pela janela, daí é só surgir escassez de qualquer recurso que afloram no homem os piores de seus instintos selvagens. Não é isto que experimentamos diariamente? É só assistir aos noticiários para ver a degradação moral e crescimento da violência.

Estarão todos cegos? Terá esfriado o amor fraternal? É muita concorrência!

A quantidade de seres humanos concentrados em pequenos espaços, na ocorrência de competição por qualquer recurso básico de vida, acirra o afloramento das maiores bestialidades, aonde as leis perdem seu efeito regulador nas relações entre as pessoas.

Fica pior quando a Justiça é servida em conta-gotas, é quando esta se comporta como se nem existisse; acrescente legisladores que criam leis que defendem o criminoso, instituições de direitos humanos que defendem o malfeitor, e outros detalhes, que o descrédito nas tênues forças coercitivas das relações sociais desaparece, o caos se estabelece, desaparece a liberdade.

Urge pensar soluções para reduzir a população mundial. Se demorar um pouco mais poderá ser tarde demais! A tensão crescerá ao ponto de todos os valores serem desconsiderados e o homem retornará a barbárie. A concorrência já está muito grande e os recursos são poucos. Até quando permanecerá adormecido o amor fraterno; esta capacidade que foi transmitida ao homem pelo Grande Arquiteto do Universo em suas façanhas criativas. Certamente caminhar pela senda do amor eliminará a necessidade de matar pessoas antes de alcançarem o objetivo originalmente delineado; vida plena e com qualidade dentro dos objetivos do Incriado.

Bibliografia:
1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;
2. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;
3. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: Gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;
4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;
5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

Liberdade e Fome
Charles Evaldo Boller

Para minimizar os efeitos terríveis da carência de recursos, o único meio de garantir a felicidade e o bem estar das pessoas mais aptas é a redução do número de habitantes humanos do planeta.

Assim como a natureza mata por inanição, o sistema econômico mundial criou mecanismos para matar os menos aptos de forma sutil em busca do equilíbrio; aos mais afortunados explora e suga toda a capacidade vital e depois os descarta como lixo. Uns morrem antes de completar a idade produtiva, uma grande multidão fenece antes de completar dois anos, outros nem nascem, são abortados. Exemplo recente desta realidade é o fato de se repassarem às instituições financeiras mundiais muitas vezes mais recursos que os suficientes para acabar com toda a carência dos mais pobres do orbe. Quer dizer, faz tempo que já se possui a capacidade de acabar com a miséria. Só não é feito porque não interessa ao sistema capitalista; se acabarem com a fome, vai ficar mais difícil matar pessoas de forma seletiva: os mais pobres, os menos aptos. Já os mais afortunados sobrevivem porque interessam ao sistema econômico mundial, mas também são eliminados tão logo tiverem exauridas suas capacidades produtivas.

É lógico que não se tem o menor interesse em acabar com as vicissitudes dos pobres, qual vampiro o sistema alimenta-se do sangue de todos, de sua força vital, mas quando ameaçado, para sobreviver, não existe outra saída, não exita, lança mão do assassínio em massa.

Um dos mais eficientes métodos de assassinato em massa em todos os tempos é a fome. Hoje alcançamos o índice nada invejável de um bilhão de pessoas que sofrem de fome crônica no mundo; um em cada seis indivíduos passa fome de forma continuada. Para o sistema econômico mundial a única saída é eliminar os pobres e sem recursos; aqueles que hoje não podem pagar para merecer viver debaixo do sistema capitalista.

Tertuliano (160-240 d. C.) e outros escritores já afirmavam que as pestilências e guerras eram benesses para a sobrevivência de países populosos. Como alternativas de busca do equilíbrio, ao invés de guerra é freqüente usar: Fome; Doença; Vício; Ausência de princípios; Aniquilação de valores; Destruição da família; E outros. Tais mecanismos são mais sutis e mais baratos que fabricar culpados, como Adolf Hitler, Sadam Hussein ou Osama Bin Laden.

Só a fome mata vinte e cinco mil pessoas por dia; para que melhor agente de matança? E como o sistema econômico mundial é interativo, ele não tem garantia nenhuma de funcionamento, lhe basta uma pequena centelha adversa para provocar uma reação em cadeia com resultados catastróficos. Exemplo recente é a crise financeira disparada por especulação imobiliária; quantos irão morrer pelas mais diversas causas devido a este desequilíbrio conjuntural?

O sistema econômico mundial mantém os menos aptos submissos pela falta de educação. Em países do hemisfério sul são estabelecidos pisos para investimento na educação em todos os níveis do poder, mas estes pisos passam a ser utilizados pela administração pública como tetos, e a partir disto, o cidadão não aprende a pensar, fica desqualificado para o mercado de trabalho, não exerce sua capacidade de libertar-se para a vida com qualidade. E como não tem capacidade de alimentar o sistema econômico mundial, ele fenece. Exemplo disto é o fato de existirem em nossos dias milhares de indústrias eficientes que produzem bens para um número cada vez menor de clientes; porque estes não têm condições de comprá-los; daí estas mesmas indústrias demitem ou automatizam cada vez mais e com isto eliminam seus principais clientes que são os funcionários demitidos.

Outra faceta é a daqueles que obtém a possibilidade de levar a vida de uma forma mais confortável e que tomam para si muito mais que o necessário para sua sobrevivência, é o desperdício. Mahatma Gandhi disse que a cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.

Um dia será possível obter liberdade debaixo desta disputa por recursos cada vez mais escassos? Nunca existiu liberdade com a existência de fome. Quando não é o próprio homem destruindo ao outro por ganância, a natureza agredida mata por inanição. É um painel cruel e sanguinário. Os assassínios recrudescem em crueldade crescente. A abundância de vidas humanas disputando e destruindo o ambiente vital não está mais em equilíbrio com a capacidade de recuperação da natureza. Convém ao homem sábio, onde se encaixa o maçom, pensar soluções de curto prazo para encontrar meios de minimizar estes efeitos destrutivos da busca do equilíbrio; com isto estará aplicando o amor fraterno, o único meio de solucionar todos os problemas em consonância com a vontade do Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia:
1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;
2. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;
3. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: Gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;
4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;
5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

Liberdade Pelo Pensamento
Charles Evaldo Boller

A maior dádiva que se obtém na Maçonaria é o desenvolvimento da capacidade de pensar para além dos limites que alguém impôs a si mesmo, por condicionamento, no cativeiro debaixo do sistema econômico mundial. Ser capaz de pensar por si é o maior estágio de liberdade alcançável de forma consciente. A capacidade de criar idéias novas, libertadoras, é desenvolvida em diálogos, debates e meditação. Na interação com o pensamento de outras pessoas absorvem-se novas idéias, e estas somadas com aquelas já existentes na memória, pela ação da meditação ou intuição transformam-se em pensamentos inéditos, totalmente diferentes dos pensamentos que lhe deram origem. Assim ocorre desde que o homem passou a usar do pensamento para interagir com o ambiente. Foi o que o diferenciou das outras unidades viventes deste imenso organismo vivo que é a biosfera terrestre.

É no pensamento que se materializa a liberdade absoluta, local que a nenhum déspota jamais foi dado saber o que o outro pensa. Todo desenvolvimento humano surgiu primeiro na mente. Pensamento é energia. Pensamento revela riquezas que estão disponíveis ao redor. É só aprender a colher. É a razão do maçom diligente e perseverante melhorar suas condições sociais e financeiras. Liberdade começa no pensamento; o resto é mera consequência. Confúcio disse: Estudo sem pensamento é trabalho perdido; pensamento sem estudo é perigoso.

Todo aquele que se submete ao pensamento de outros, por preguiça de pensar, é escravo; um homem domina o outro através da força do pensamento, da capacidade de realização do pensamento. Ninguém escraviza a quem se tornou livre pensador, pois é pela aufklärung, uma conceituação de Kant que significa iluminação, que ele se conscientiza que sem liberdade deixam de existir fraternidade e igualdade. Um ser iluminado goza de liberdade do pensamento e não carece da tutela de ninguém, é a liberdade absoluta, não carece mais ser guiado por outro, tem coragem de usar do próprio discernimento de seu intelecto para desbravar seus próprios caminhos.

Na era paleolítica o homem era uma espécie de gari da natureza, sobrevivendo graças ao que encontravam por acaso. Progrediu até que, pela caça em grupo, obteve sucesso em capturar animais de maior porte e a utilizar-se da colheita selecionada de frutas. No neolítico passou a desenvolver a agricultura, pastoreio de animais e usar o ferro. Durante cerca de duzentos anos passou a desenvolver-se cientificamente e a utilizar-se de máquinas automáticas. Nos últimos anos passou a usar intensamente do saber e da informação. Existe um abismo entre a primeira e a última fase do desenvolvimento da criatividade humana, tudo resultado da capacidade de pensar com lógica. A velocidade com que se sucederam as diversas etapas manifestou-se em progressão geométrica.

E como tudo na natureza é uma questão de domínio do mais apto, a maioria das pessoas sempre é dominada pelos melhor preparados; por aqueles que treinaram e são livres para pensar às suas próprias custas, estes foram e são os mais ricos e quiçá mais felizes. Também são os que mais espoliaram os menos aptos, os pobres e incapacitados de pensar às suas próprias expensas. Benevolência, magnanimidade, é dada a poucos; sempre houve a exploração do homem pelo próprio homem.

Pela sua incapacidade de pensar e controlar seus instintos, o pobre sempre foi incentivado em produzir a maior prole para alimentar o mercado de escravos de todos os sistemas econômicos, em todos os tempos.

A natalidade de nossa espécie ultrapassa hoje os duzentos e cinqüenta por cento da mortalidade.

O sistema econômico mundial, este que mantém as engrenagens da sociedade em funcionamento, conduz de forma alucinante ao esgotamento de todos os mananciais de sustentação da vida. A sociedade está no limiar do estado crítico, talvez até já tenha ultrapassado o ponto sem volta, o limite de sustentação da vida humana na biosfera da Terra. Mahatma Gandhi disse que a terra produz o suficiente para satisfazer as necessidades de todos; não à cobiça de todos.

Grandes convulsões buscam o equilíbrio e são consequência direta da falta de amor fraterno entre as pessoas e para consigo mesmo.

Novas necessidades aflorarão durante as contorções da busca do equilíbrio e estima-se que então as carências estimularão a criatividade humana para novo salto evolutivo, para novo pulo de criatividade. Mas até lá, muitos inocentes serão trucidados pelo implacável, insensível e truculento sistema de exploração humana. E se a exploração do homem pelo próprio homem não der conta de equilibrar demanda com produção de alimentos, se os mananciais alimentícios estiverem exauridos ao ponto de não existir restauração, a própria natureza aniquilará quem sobrar.

A maçonaria chamou para si a responsabilidade de treinar soldados oriundos dos mais diversos graus intelectuais e culturais para a tarefa de pensar soluções para o mundo em convulsões em busca do equilíbrio tanto do sistema financeiro mundial como da ecologia, ambos mortais quando desequilibrados ou ameaçados.

Cabe ao maçom, entre outros, a tarefa de pensar uma saída menos violenta das convulsões que levarão novamente ao equilíbrio, para isto ele estuda junto com seus irmãos, em locais especialmente preparados que o tornam homem equilibrado, sábio e líder social, onde desenvolvem o amor fraterno para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia:
1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario di Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;
2. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;
3. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: Gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;
4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;
5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007.

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

É Possível Definir Maçonaria?
Prezado Senhor, vou revelar um pouco do que é a Maçonaria.

Encontram-se na literatura diversos tipos e níveis de definições para o que é Maçonaria. Algumas se prendendo a aspectos formais de sua estrutura, organização e objetivos pragmáticos; outras, realçando sua dimensão jurídica e institucional; e também, as que se ocupam mais estritamente de sua dimensão transcendental, filosófica e iniciática.

Em sentido lato a Maçonaria é uma "escola" de deveres, de formação cívica e moral; embora estes sejam resultados inerentes e recorrentes da ação maçonicamente orientada para ajudar a atingir a perfeição na arquitetura do Universo, da sociedade humana. É uma ciência que objetiva a busca da verdade divina e material, uma instituição cujo fim é dispersar a ignorância, combater o vício e inspirar amor fraterno à humanidade.

É uma instituição filantrópica, filosófica e progressista. Seus membros acreditam em um deus e na imortalidade da alma, praticam virtudes e estudam moral, ética, ciências e artes. É altamente espiritualizada e não é uma religião. Em suas salas de reuniões, denominadas templos, aprende-se a investigar a verdade como fonte de ação transformadora do mundo através da atividade consciente e racional dos homens; é um grande salto da inteligência humana, onde princípios iluministas propiciam a convivência harmoniosa de pessoas das mais variadas religiões e facções políticas discutindo assuntos que auxiliam na estruturação da sociedade.

Como instituição busca e cultiva a verdade e a justiça pelas leis do amor, porque é de sua base filosófica que só o amor fraterno é capaz de transformar os homens e o mundo; de movê-los de forma justa e perfeita.

O comportamento ético e moral dos seus homens, assim como as suas atividades operativas, são limitados pelo nível de conhecimento que cada um detém e do comprometimento individual com a ação de cada maçom na sociedade. Não raro encontram-se pessoas sem formação acadêmica alguma em seu meio. O fato de possuírem apenas instrução elementar não limita o desenvolvimento na ordem maçônica; existem inúmeros exemplos de pessoas que se destacam como possuidores de inata capacidade de liderar e elevada sabedoria decorrente da convivência e esforço em melhorar-se.

Viver a Maçonaria implica em vida abnegada prazerosamente ao estudo. Sem polir-se nenhum iniciado maçom integra com garbo a construção do suposto templo universal - a sociedade onde ele vive e onde é simbolicamente uma pedra angular desta edificação. Maçom que não estuda, não progride. Para ele seria mais inteligente e divertido freqüentar um clube social que ocupar a cabeça com a resolução de problemas da humanidade.

A Maçonaria tem simbologia mística e segredos. Detém as espirais do conhecimento transcendental, de uma simbologia que enriquece a percepção a cada passo que se conquista na busca do conhecimento destes segredos. É uma simbologia hermética, fechada, esotérica, transcendental e infinita; quanto mais portas são abertas, outras tantas se apresentarão. Não é secreta, apenas tem segredos como a atuação de qualquer categoria profissional ou empresa da sociedade, para simplificar, basta citar que uma loja maçônica tem seus estatutos e regimentos legais regularmente inscritos em cartório de registro público de documentos. Entretanto, as suas informações esotéricas apenas se revelam na medida em que o indivíduo torna-se merecedor deste conhecimento, quando ele mesmo o descobre em si mesmo e conforme se abrem coração e mente, quando evolui no conhecimento do universo transcendental, do não visto e apenas percebido pelos sentidos. Este processo não é passível de acesso senão ao iniciado que prossegue em sua jornada junto de outros iguais, freqüentando todas as reuniões, e isto demanda tempo. Nestas reuniões o indivíduo é modificado pelo poder do grupo, assim como se manifesta este poder modificador desde os tempos das cavernas, e é a única forma de entender e aprender o significado de sua simbologia. É a razão da inutilidade em ocultá-la, porque nunca se revela, nem poderá ser revelada e, menos ainda, compreendida, senão por aquele a quem foi desvelado o "pórtico" que demarca o início do caminho, e que depois vive sua condição de iniciado, da melhor forma possível, malgrado suas imperfeições, pelo resto de sua existência. Metaforicamente, quem conhece os sinais e símbolos esotéricos da Maçonaria, compreende a inutilidade de comunicá-los aos que não os conhecem - é uma experiência idiossincrática e transcendental - cada iniciado apenas poderá sentir o que é capaz de suportar e compreender, alicerçado em seus próprios referenciais e limitações. Livrarias disponibilizam livros que expõem os segredos mais íntimos da Maçonaria e ainda assim, não revelam o conhecimento; alcançável apenas pela constante convivência.

Durante a efêmera vida, cada um só colhe o que planta. Por isso, é recomendado apenas plantar da semente boa. Não em qualquer solo, ensina a parábola de Jesus Cristo. A Maçonaria escolhe na sociedade aqueles que já são bons terrenos de semeadura; não acolhem pessoas subservientes, ovelhas passíveis de conduzir facilmente aos redis da escravidão; os escolhidos portam mente desenvolvida e independente. Pessoas com tal característica são difíceis de modificar, e nisto encontra-se uma das grandes máximas da Maçonaria - o amor fraterno, o único meio de modificar as pessoas mais obstinadas e solucionar todos os problemas da humanidade, visando Liberdade, Igualdade e Fraternidade. E como a verdade nem sempre é doce e afável, existem casos onde ela é um chicote que, em ação, é amargo, rude e áspero, daí a necessidade do aporte da disciplina e obediência assemelhada àquelas encontradas nas forças armadas. É pelo constante treinamento da obediência que o maçom torna-se bom líder na vida em sociedade, pois é de conhecimento geral que a civilização está sempre em perigo quando o direito de comandar é concedido àqueles que nunca aprenderam a obedecer. Os líderes que nunca se saíram bem quando estiveram sob alguma autoridade tendem a ser rígidos e orgulhosos demais, sem noção, com tendência a exercer o poder de forma ilimitada e absoluta, e isto, a Maçonaria combate. Na ordem maçônica a boa liderança é exercida por homens que buscam obter a compreensão do mundo em que vive o liderado, isto porque todo trabalho é sempre realizado por outros líderes igualmente servidores, todos voluntários, que submetidos à lei do amor obedecem à lei escrita no papel e esta convivência modifica pessoas e pereniza a prática da Maçonaria.

A Maçonaria abre caminhos; portas. Existem aqueles mais toscos que entendem este abrir de portas como o acesso a gabinetes de outros maçons colocados em cargos importantes na sociedade humana. Quem entra na Maçonaria para abrir portas, para fazer contatos importantes, já está simbolicamente fora da ordem. É lógico que a maioria dos destacados maçons da sociedade possivelmente chegaram onde estão devido ao treinamento de liderança que desenvolveram com auxílio da metodologia da Maçonaria. Um maçom só defende ao outro quando for justo; não existe qualquer acordo em defender àquele que fez algo ilegal, ou de facilitar acesso a um cargo para o qual não tem qualificação. O abrir de portas está estreitamente ligado à evolução da pessoa humana, da eliminação da ignorância, do inculto, da aspereza, na formação de vínculos de amizade profunda com outros seres; aí sim, abrem-se portas materiais de acesso a gabinetes de pessoas importantes, pois aquele que segue o caminho de busca da perfeição tem por merecimento todas as portas deste tipo abertas para si.

É uma ordem filantrópica porque seu profundo amor à humanidade não se restringe ao aliviar da fome e frio dos necessitados e desvalidos, mas em mostrar caminhos e construir pontes que unem os seres humanos. A maior obra beneficente da ordem maçônica é aquela em que, no calor das reuniões, constroem-se seres humanos melhorados, e não aquela em que se dá o pão ao próximo para aliviar a fome por mais um dia, aonde, na maioria das vezes, geram-se mais dependentes ou acomodados. Auxiliar os carentes é o exercício que desenvolve os sentimentos e eleva a auto-estima do maçom; é parte de seu aprendizado, é o exercício de bondade, benevolência e caridade, e se estas não forem as molas propulsoras da beneficência, então a atividade não passa de hipocrisia. A benemerência bem orientada e eficiente é aquela onde o maçom aprende a "pescar" o bom peixe que o nutrirá, proporciona qualidade de vida e, por conseqüência, levam-no a ensinar outros a "pescar" igualmente.

A Maçonaria não se reduz a conceitos. As definições interessam apenas àqueles que buscam o conhecimento superficial e genérico. Ao afirmar-se que "é uma instituição essencialmente iniciática" indica-se que este conceito apenas aponta o "umbral", o limite da instituição em relação ao Universo e ao mundo social. Por isso é difícil e embaraçoso expressar o que seja Maçonaria. É uma "escola", um caminho para um mundo justo, perfeito e verdadeiro. Caminho difícil, mas doce. Caminho aberto para todos os homens de sensibilidade e de boa vontade. Se alguém soubesse definir com precisão o que é a Maçonaria, com certeza não é maçom, é apenas um curioso.

Agora que o senhor já conhece um pouco do que é Maçonaria, resta incentivar que siga em frente, busque conhecer-se, seja bom cidadão, porque é a única maneira de ser visto por um maçom que o represente dentro da ordem maçônica e defenda sua entrada na instituição. Não se trata de uma sociedade na qual o senhor manifesta a vontade de entrar, paga a jóia de um título de sócio proprietário, continua pagando uma mensalidade de manutenção, e pronto, a partir disto torna-se maçom. Mesmo depois que o senhor obtiver quem o defenda lá dentro, existe um intrincado e complexo processo investigatório de sua vida em sociedade, cujo conjunto de hábitos deverá pautar pela honra, amor, honestidade e outras virtudes. Não é dado a ninguém revelar quem são os maçons da comunidade, porque o maçom deve ser precavido na escolha de meus companheiros, haja vista a Maçonaria ser feita da convivência entre pessoas que dispõem da orientação mental de combater absolutismo, injustiça, vaidade, ditadura, e outras, e isto não se faz sem expor-se a uma série de perigos devidos aos soberbos, poderosos e opressores. Se buscar a felicidade da humanidade é a disposição que orienta sua mente, se esta inclinação é honesta e verdadeira, o senhor já é um homem maçom, falta-lhe apenas conquistar o símbolo de trabalho do maçom, o avental; o senhor já é maçom sem avental. Continue em levar a vida reta e justa para que, um dia, um maçom, da Sublime Ordem Maçônica Universal da Maçonaria, em sua comunidade, descubra no senhor os valores exigidos de homem livre e de bons costumes e lhe propicie a iniciação.

Mas não pense meu caro senhor, que a vida de maçom é um "mar de rosas" - ela é uma senda repleta de perigos e constrangimentos, isto porque não se combate maldade, ignorância, vaidade e intolerância do mundo real sem expor-se ao perigo de cruéis inimigos, onde o pior adversário é o senhor mesmo. Considere adicionalmente que todos os maçons são homens imperfeitos em busca da perfeição, e que entre eles certamente encontrarás alguns que lhe trarão desalento, característica de qualquer associação humana. Mas o fato deles gastarem seu tempo e recurso para reunirem-se com seus iguais com regularidade já os torna merecedores e dignos de confiança para uma caminhada a perfeição. Mesmo com prováveis percalços é importante perseverar, conviver e deixar irradiar a própria luz sobre justos e injustos, cultos e incultos, bons e maus, despóticos e liberais.

Tudo o que se aprende na Maçonaria de nada vale se não for colocado em prática. O aprendizado em atividade, aplicado, demonstra sabedoria e irradiará como um luzeiro, qual sol, sobre aqueles que convivem em comunidade. Se a intenção de entrar na Ordem for curiosidade, vaidade ou valores materialistas, então não aceite a iniciação, porque a responsabilidade é imensa e a experiência frustrada uma inútil perda de tempo e de recursos financeiros. Ser maçom exige denodada vida preconizada pela dedicação a si mesmo, a família, ao trabalho, ao próximo, e isto, custa - tanto em valores monetários como em tempo, paciência, obediência e outros.

Se apesar destas advertências o senhor ainda persiste em tornar-se maçom, então, que Deus o proteja e guarde! Siga em frente, vá ombrear com outros maçons os sublimes objetivos da Maçonaria Universal, não importa aonde.

Grupo Maçonico Orvalho do Hermon