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terça-feira, 28 de julho de 2009
9.3 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 3ª PARTE MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS
O batismo não tinha nada de novo para o povo hebreu. Era uma longínqua herança,pois que os iniciados do Egito eram submetidos a ele. Nesta iniciação, uma imersão não parecia suficiente, necessitando de mais um esforço e temor.
O batismo de João era o vestígio da experiência iniciática pela água, tal como a descrevemos nos Mistérios de Isis. A concepção de João Batista era, sobre este ponto, exatamente a mesma que a dos iniciados do Egito. Para João, o batismo era sobretudo destinado a representar a purificação da alma e a fazer impressão sobre o sentido do impetrante. Esta impressão recebida, esta purificação passada, o ensinamento lhe era concedido.É claramente a idéia egípcia. No Egito primitivo, o batismo foi dado sobretudo aos adultos. Não foi senão no momento em que a religião cristã reuniu fiéis bastante numerosos para que as famílias tivessem o desejo de levar seus filhos à religião de sua escolha, que o batismo foi administrado sem ser seguido de uma iniciação e que se pôde concedê-lo aos recém-nascidos.
João Batista, ao mesmo tempo pela austeridade de sua vida, a dureza de seu ensinamento e sua oposição a Herodes, tornara-se impopular porque a aceitação dos costumes romanos exercera rápida influência na Judéia.
Desde muito tempo o povo aspirava à vinda de um Messias que restabelecesse Israel à frente das nações e tornasse a dar ao templo o seu esplendor abolido.
Este salvador devia ser precedido pela reaparição do profeta Elias.
Ora, para o vulgo, João Batista, pela força de suas invectivas contra Herodes e Herodíade, lembrava bem Elias nas suas relações com Achab e Jezabel, para que uma associação de idéias não se estabelecesse no cérebro de todos.
A maioria atribuía-lhe o papel de Elias; outros, sempre à espera daquele que devia vir, diziam que ele era o Messias, Mas João não tinha esta pretensão.
Por isso quando Jesus vem a ele para lhe pedir o batismo, designou-0 como aquele que Deus reconhecia por “seu Filho bem amado em que repousava as suas graças”.
Jesus e João mostraram, nos seus ensinamentos, muitos pontos de contato, ainda que a palavra de João fosse áspera e grosseira, ao passo que a de Jesus não era senão amor e compaixão.
A palavra de João tinha despertado muitos ecos rudes para ficar muito tempo impune. O pretexto de sua prisão, foi que ele tinha censurado o casamento de Herodes com a mulher de seu irmão. Herodes tinha evidentemente voltado à lei que obriga um israelita a desposar a viúva sem filhos de seu irmão, a fim de dar filhos ao morto e libertar seu nome da ignomia que é a esterilidade.
Mas o esposo de Herodíade não estava morto, nem sem filhos. Era este adultério oficial que João tomava por tema para atacar o rei e, sobretudo , a rainha.
Ele foi preso, mas com uma certa liberdade de ação, porque nós o vemos receber enviados de Jesus e confiar-lhes respostas em que ele tomava Jesus por Messias.
Foi por este tempo que Herodíade tomou por ocupação desembaraçar-se de João, que a perseguia com suas censuras! Durante uma festa, depois de um grande festim em que o rei bebeu demais, ela fez vir sua filha Salomé, que tinha sido instruída, em Roma e na Judéia, em todas as artes que podiam reunir atrativos à sua beleza.
Esta moça era filha do primeiro marido de Herodíade. Ao fim do repasto, ela dançou diante do rei e ele ficou tão encantado pela sua beleza e por sua dança que lhe ofereceu o que ela desejasse, mesmo que fosse a metade de seu reino. Salomé, que havia recebido instruções de sua mãe, pediu a cabeça de João Batista. Ela a obteve.
Depois da morte de João, Jesus se retirou momentaneamente para o deserto e, durante 40 dias, praticou o jejum mais rigoroso.
Este retiro era habitual entre os iniciados que se preparavam para as maiores austeridades e um profundo recolhimento à missão que tinham recebido ou assumido.
Após este estágio, Jesus voltou à Galiléia e seus discípulos tiveram por companheiros aqueles que foram discípulos de João Batista.
Dia a dia, a palavra do novo Mestre se impunha com mais autoridade.
Dissemos que Jesus operava como os iniciados.
Ele o foi verdadeiramente?
Quando se percebe que a pregação de Jesus não começou senão no seu trigésimo ano de existência e que ele pereceu aos trinta e três, imagina-se facilmente que esta esplêndida inteligência não se desenvolveu junto do estábulo de José.
Por outro lado, nenhum dos Evangelhos dá um ensinamento os anos de vida de Jesus que precederam à sua prédica.
Sem ir até pensar, como Notovich, que Jesus fora às Índias ou ao Tibet durante esta vida oculta, pode-se crer que sua estadia no Egito, à qual as Escrituras fazem uma breve alusão, não se limita aos anos da infância.
Por outro lado, é notável, como observou Eduardo Schuré, que desde o momento em que foi batizado por João Batista, Jesus se apresentou ao mundo com uma doutrina antiga que não sofreu senão algumas mudanças.
Para Eduardo Schuré, o fato da iniciação de Jesus não tem nenhuma dúvida:
“É evidente – diz ele – que este começo ousado e premeditado foi precedido de um longo desenvolvimento e uma verdadeira iniciação. Não é menos certo que esta iniciação devia ter tido lugar na única associação que conservava ainda em Israel as verdadeiras tradições com o gênero de vida dos profetas”.
“Isso não pode suscitar nenhuma dúvida para aqueles que, elevando-se acima da superstição da letra e da mania maquinal do documento escrito, ousam descobrir o encadeamento das coisas no seu espírito”. Isso demonstra não somente relações íntimas entre as doutrinas de Jesus e a dos Essênios, mas ainda do próprio silêncio guardado pelo Cristo e por seus discípulos sobre esta seita.
“Por que ele, que ataca com uma liberdade sem igual todos os partidos religiosos, não ataca jamais os Essênios”?
“Por que os apóstolos e Evangelistas não falam deles mais”?
“Evidentemente porque eles consideravam os Essênios como seus, porque estavam ligados a eles pelo juramento dos Mistérios a que a seita está fundida com os cristãos”. (Os Grandes Iniciados).
Certamente, a fraternidade de Jesus com os Essênios parecia estabelecida por uma multidão de concordâncias e de presunções, mas não existe nenhum texto preciso sobre o qual estejamos em condição de basear uma verdadeira certeza.
Por outro lado, uma hipótese foi emitida por alguns e, em particular, por Notovich, de uma estadia de Jesus Cristo. Notovich afirma basear as suas afirmativas pelo lema de um convento de Himis.
Este manuscrito seria uma relação perfeita da vida de Jesus nos anos de sua vida oculta e toda a existência seria passada nas Índias, onde Jesus teria recebido uma iniciação búdica, explicando os pontos de contato do Cristianismo com o Budismo.
É preciso dar às revelações de Notovich uma importância absoluta?
Devemos considerar estas revelações como a chave do Mistério?
É impossível dar a esta questão uma resposta definitiva. O que é certo, é que, se Jesus pôde gozar de uma real iniciação, fosse entre os Essênios, fosse nas Índias ou no Egito, pôde muito bem passar sem uma iniciação no sentido que entendemos até aqui.
Vivia em um mundo advertido de todas as questões religiosas de sua época e, com a organização intelectual, intuitiva e penetrante que é fácil descobrir nele, pôde conseguir ensinamentos diretos, transforma-los à luz de sua inteligência, toma-los, penetra-los de sua personalidade, fazê-los seus.
Certamente, a tradição sempre existiu.
Transmitiu-se oralmente dos mestres aos discípulos durante séculos. Mas o que um homem compreendeu ou aprendeu, outro pode descobrir e aprender, principalmente sendo um homem superior.
Jesus, não saberíamos insistir muito, possuía o conjunto de qualidades que, geralmente, se excluem uma da outra. Era intuitivo e observador; sua meditação se esclarecia de luzes súbitas de uma inspiração que nunca lhe faltou. É possível que ele tenha recebido um ensinamento direto; é possível que um gênio poderoso o tenha conduzido a penetrar e descobrir o que era secreto para os outros.
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