terça-feira, 28 de julho de 2009

9.2 - JESUS - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS - 2ª PARTE - MAÇONARIA ORIGENS INICIÁTICAS


O ensinamento de Jesus, como o de todos os iniciadores, foi duplo: exotérico e esotérico.
Para a multidão, espalha-se em parábolas harmoniosas. Dá vastos projetos e pensamentos que, em nossos dias ainda, podem revolucionar o mundo, porque, salvo em raras e breves épocas, esta doutrina de fraternidade não foi plenamente realizada. Tolstoi retomou-a em nossos dias como os discípulos de Francisco de Assis a pregavam no século XIII. Para Jesus e seus fiéis, os primeiros, os ricos, serão os últimos. Não tendo sofrido nem trabalhado neste mundo, não podem purificar o seu carma, nada adquiriram para seu aperfeiçoamento; é tão difícil um rico entrar no reino do céu como uma corda entrar no fundo de uma agulha.
O ensinamento esotérico, reservado aos apóstolos, tem uma feição muito diversa.
Segundo o modo oriental, o ensinamento exotérico ora por alguns aforismos concisos, ora por parábolas da mais harmoniosa simplicidade, enigmáticas às vezes, porque nestas palavras ditas para todos, os discípulos diretos devem encontrar o que lhes pertence propriamente.
Entre adágios e imagens, há numerosas reminiscências do ensinamento de Moisés e traços de iniciações estrangeiras. Porém, em todo o caso, a condução do ensinamento está mudada pela transfusão de um espírito muito diferente, mais lato, cheio de bondade e perdão, aberto a todas as misericórdias. Ele sabe que as principais virtudes são a doçura, a humildade, a paciência, o perdão das injúrias; quer que se manifeste severo apenas para consigo mesmo.
Os sábios tinham dito: “Não façais aos outros o que não quereis que vos façam”. Ultrapassa este justo dado, para que o sentimento o conduza sobre a lei e guie o mundo tão severo sobre o qual o império romano havia colocado o seu pé de ferro.
Disse ele: “Se alguém bater na vossa face direita, apresentai a esquerda. Se alguém fizer questão de vossa túnica, dai-lhe também o vosso manto”.
Não somente defende o ódio, mas ainda quer que o amor seja guia das relações e dos interesses:
“Escutastes o que foi dito: Amareis o próximo e odiareis o vosso inimigo”.
“Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei aqueles que vos maldizem, fazei bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos ultrajam e perseguem”.
“Afim de que sejais os filhos de vosso Pai que está nos céus, porque ele faz brilhar o seu sol para os bons e maus e faz chover sobre os justos e injustos”.
“Porque, se vós não amardes senão aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os próprios publicanos não fazem o mesmo”?
“E se não fizerdes senão acolhimento a vossos irmãos, que fazeis de extraordinário”?
“Os pagãos não fazem o mesmo”?
“Sede, pois, perfeitos como vosso Pai que está nos céus”. – (evangelho segundo S.Mateus, Cap. V, vs. 43 a 48).
Pregava também a humildade, mostrando por vivas imagens que “aquele que se eleva será humilhado”.
Certamente, numerosas idéias de seus ensinamentos eram tomadas no ensinamento da Sinagoga. Moisés e seus sucessores tinham ordenado a esmola, porém esta veio a ser ostensiva e, por conseqüência, vã. Prescreveram a piedade, a doçura, o amara da paz, o desinteresse do coração, mas tão belos conselhos caíram no esquecimento. O que fez a força de Jesus é que ele mesmo praticou o que aconselhava aos outros. Aqueles que viviam ao seu lado sabiam que a sua teoria não tinha nada de desarmônica em relação ao seu viver; por isso as suas palavras, ilustradas por seu exemplo, tinham um grande poder de persuasão.
Não somente condenava o adultério, mas o desejo voluptuoso era para ele um adultério moral tão importante e culpável como o outro; as segundas núpcias e sobretudo o divórcio eram-lhe também abomináveis.
Jesus, ainda que não condenasse nenhum culto e ordenasse àqueles dos quais cuidava que “se mostrassem aos sacerdotes”, não sentia a necessidade de um sacerdote como intermediário entre Deus e o homem; não sentia necessidade das práticas exteriores. Se ele ordenava ir ao Templo ou fazer a Páscoa, era para cumprir a Lei, como ordenou entregar a César o tributo que lhe era devido.
Tudo isso são práticas, e as práticas podem ter a sua importância, porém só o desenvolvimento do coração é essencial.
Deus, que é o único modelo ao qual o homem se deve conformar, é bom em toda parte e com todos.
Não faz exceção nem de ordem nem de religião. Que direito seria mais severo senão o de Deus, o único Ser que seja a Perfeição?
O que o homem deve fazer é conservar-se bastante elevado e bastante para ficar em comunhão constante com seu Pai celestial.
Isso feito, se o discípulo, imitando Aquele que É único, se entrega a todos de bom coração, está na senda da perfeição e Deus é único juiz.
Não é senão pouco a pouco e mais tarde, quando a desaparição do Mestre forçou os discípulos a se reunirem em pequenos grupos, que vieram a surgir igrejas e dioceses, que os ritos e mistérios intervieram, mas na divina infância da religião cristã nada disso existia e somente uma inteira efusão do coração se elevava a Deus para se espalhar, em seguida, sobre todos.
Estas boas ações, que são recomendadas, devem sobretudo ficar entre Deus e o fiel:
“Quando fazes a esmola, é preciso que a tua mão esquerda ignore o que faz a mão direita, afim de que a tua esmola fique em segredo, e então teu Pai, que vê em segredo, te recompensará. E, quando orares, não imites os hipócritas, que gostam de fazer as suas orações no fundo das sinagogas e junto dos altares, afim de serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo que eles recebem a sua recompensa. Se queres orar, entre no teu quarto, e, tendo fechado a tua porta, ora a teu Pai que está secreto; o teu Pai, que vê em segredo, te exaltará”.
“E quando orares, não faças longos discursos como os pagãos, que imaginam serem exaltados à força de palavras. Deus, teu Pai, sabe de que tens necessidade, antes que peças”.
Antes de começar a sua pregação, Jesus acreditou que faria bem em se aproximar de João Batista.
João, que fazia parte da seita dos Essênios, tinha passado uma iniciação que participava dos templos do Egito e dos colégios dos profetas.
Levava uma vida austera e penitente e as suas prédicas inflamadas, temíveis e poderosas, tinham-lhe suscitado o ódio de Herodes Antipas e, sobretudo, da rainha Herodiade.
Desde a sua infância, João havia sido sujeito a certas abstinências e, desde a hora de seu nascimento, fora consagrado a Deus. Sua vida, sobre as margens do Jordão e os lagos da Judéia, era a mesma de um yogi da Índia.
Vestido de peles de animais ou de um simples pano branco, não se nutria senão de alfarrobeiras e mel selvagem.
Todos os prazeres eram-lhe desconhecidos. O tempo que não gastava em seu apostolado, era consagrado à prece.
Em torno dele agrupavam-se alguns homens que partilhavam da austeridade de sua vida e que recebiam as suas palavras.
A prática fundamental de sua doutrina comum era o batismo pela imersão completa para purificação do pecado.
João, perseguido pelo rei Herodes, havia se retirado para a Judéia, em um país próximo do Mar Morto.
Em certas épocas, aproximava-se do Jordão e geralmente, neste rio, proporcionava o batismo àqueles que vinham para se fazer iniciar em suas doutrinas.
Então, uma multidão considerável se comprimia em torno dele e os adeptos se multiplicavam.


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Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

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