sexta-feira, 28 de agosto de 2009

QUANDO UM MAÇOM É DESNECESSÁRIO!!!



Uma das situações, talvez a mais dolorosa para um homem, é quando ele se conscientiza de que é totalmente desnecessário, seja no ambiente familiar, no trabalho, na comunidade ou, principalmente, para nós Maçons, na nossa Instituição.

Os Maçons tornam-se desnecessários:

Quando, decorrido algum tempo de sua Iniciação ao primeiro grau da Ordem, já demonstram desinteresse pelas Sessões, faltando constantemente, demonstrando não estarem comprometidos com a Instituição, apesar de terem aceitado a Iniciação e terem feito um juramento solene.

Quando, durante as Sessões, já "enturmados", ficam impacientes com as instruções, com as palestras ou com a palavras dos Irmãos mais velhos, achando tudo uma chatice, uma bobagem que atrasa o ágape e a esticada.

Quando, ao tempo da apresentação de trabalho para aumento de Salário, não têm a mínima idéia dos assuntos dentre os quais podem escolher os seus temas. Simplesmente "copiam" alguma coisa de um livro e apresentam-no, pensando que ninguém vai notar.

Quando, ainda Companheiros, começam a participar de grupos para ajudar a eleger o novo Venerável e, não raro, já pensando seriamente em, assim que chegarem a Mestres, começarem a trabalhar para obter o " poder" na Loja.

Quando Mestres, não aceitarem que ainda não sabem nada a respeito da Ordem e acharem que estudar e comparecer ao máximo de Sessões do ano é coisa para a administração, para os Companheiros e Aprendizes.

Quando Mestres, ao participarem das eleições como candidatos a algum cargo na Loja, principalmente para o de Venerável, e não forem eleitos, sumirem ou filiarem-se a outra Loja onde poderão ter a " honra" de serem cingidos com o avental de M\I\, que é muito mais vistoso do que o de um "simples" Mestre.

Quando já Mestres e até participando dos graus filosóficos não terem entendido ainda que o essencial para o verdadeiro Maçom é o seu crescimento espiritual, a sua regeneração, a sua vitória sobre a vaidade e os vícios, a aceitação da humildade e o bem que possam fazer aos seus semelhantes , e que, a política interna, a proteção mútua, principalmente na parte material, é importante mas não essencial.

Quando, como Aprendiz, Companheiro ou Mestre, não entenderem que a Loja necessita que suas mensalidades estejam rigorosamente em dia, para que possam fazer frente às despesas que são inevitáveis.

Quando como Venerável-Mestre, age de forma mesquinha, de forma a ocultar de todos os obreiros de sua Loja, fatos e eventos que tenha claramente interesses materiais particulares.

Quando, como Veneráveis Mestres deixa o caos se abater sobre a Loja, não sendo firmes o suficiente para exercer sua autoridade; não tendo um calendário com programação pré-definida para um período; não cobrando de seus auxiliares a consecução das tarefas a eles determinadas, e não se importando com a educação maçônica, que é primordial para o aperfeiçoamento dos obreiros.

Quando, como Vigilantes, não entenderem que, juntamente com o Venerável Mestre, devem constituir uma unidade de pensamento, pois, em todas as Lojas nas quais um, ou os dois Vigilantes não se entendem entre si e, principalmente não se entendem com o Venerável, o resultado da gestão é catastrófico.

Quando, como Guarda da Lei, nada sabem das leis e regulamentos da Potência e de sua própria Loja, e usam o cargo apenas para discursos ocos e intermináveis.

Quando, como Secretários, sonegam à Loja as informações dos boletins quinzenais, as correspondências dos Ministérios e, principalmente, os materiais do departamento de cultura, que visam dotar as Lojas de instruções e conhecimentos que normalmente não constam dos rituais, e são importantes para a formação do Maçom.

Quando, como Tesoureiros, não se mostram diligentes com os metais da Loja, não se esforçam para manter as mensalidades dos Irmãos em dia e não se importam com os relatórios obrigatórios e as prestações de contas.

Quando, como Hospitaleiros, não estão atentos aos problemas de saúde e dificuldades dos Irmãos da Loja. Quando constatamos que em grande número de Lojas, com uma freqüência média de vinte Irmãos, se recolhe um tronco de beneficência de R$ 10,00 (dez reais) em média, todos são desnecessários, pois a benemerência é um dever do Maçom.

Quando, como Chanceleres, não dão importância aos natalícios dos Irmãos, cunhadas, sobrinhos e de outras Lojas. Quando, em desacordo com as leis, adulteram as presenças, beneficiam Irmãos que faltam e não merecem esse obséquio.

Quando a Instituição programa uma Sessão Magna Pública para homenagear alguém ou alguma entidade pública ou privada, constata-se a presença de um número irrisório de Irmãos, dando aos profanos uma visão negativa da Ordem, deixando constrangidos aqueles que se dedicaram e se esforçaram para realizar o evento à altura da Maçonaria. Todos esses Irmãos indiferentes, que não comparecem habitualmente a essas Sessões, são desnecessários à nossa Ordem.

Muito mais haveria para se dizer em relação aos Irmãos desinteressados da nossa Sublime Instituição.

Fiquemos por aqui e imploremos ao Grande Arquiteto do Universo que ilumine cada um de nós, para que possamos agir na Maçonaria com o verdadeiro Espírito Maçônico e não com o espírito profano, e roguemos ainda, que em nenhuma circunstância, seja na família, no trabalho, na sociedade ou na Arte Real, tornemo-nos desnecessários, pois deve ser muito triste e frustrante para qualquer um sentir-se sem importância e sem utilidade no meio em que se vive.

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A MAÇONARIA E PARATY

Dizem que a maçonaria começou no Brasil no final do Século XVIII. Em 1815, é fundada no Rio de Janeiro a LOJA COMÉRCIO E ARTES, porém em 30 de março de 1818 foram proibidas as sociedades secretas. Em 1821 a agitação pela independência cria um clima que possibilita a reativação da Ordem no Rio de Janeiro. Em 1822 as lojas Comércio e Artes, União e Tranqüilidade e a Esperança de Niterói criam o Grande Oriente no Brasil.

JOSÉ BONIFÁCIO assume a liderança do Grande Oriente, ao compreender a sua importância para a independência do Brasil. Havia uma grande rivalidade entre José Bonifácio e Gonçalves Ledo e isso fez com que LEDO promovesse a eleição de D. Pedro para Grão-Mestre. Revoltado com a traição, Bonifácio cria o APOSTOLADO, onde os ANDRADAS eram dominantes. D. Pedro passa a integrar o APOSTOLADO.
D. Pedro logo depois resolve fechar a Maçonaria e o grupo de LEDO passa a ser perseguido até que as sociedades secretas entram em recesso, só retornando em 1831 após a abdicação de D. Pedro I, quando José Bonifácio assume outra vez o Grande Oriente do Brasil.

A MAÇONARIA EM PARATY

Estima-se que a maçonaria tenha surgido em Paraty por volta de 1700, quando os primeiros maçons teriam chegado à vila fugindo de perseguições do Velho Mundo. Chegando em Paraty, eles acham a vila um porto seguro, um lugar livre para o desenvolvimento da ordem. Chegando com novas idéias, são recebidos como "Os Iluminados" e passam a influenciar bastante nos modos e costumes da povoação. Assim achando terra fértil, os maçons começam a se desenvolver. Suas reuniões eram realizadas não só em sigilo, como também em lugares diferentes em cada vez que se reuniam. Um dia em casa de um irmão, no outro na casa de outro, sempre mantendo a preocupação de não serem descobertos. Com o passar do tempo começam a demarcar a vila com sinais característicos de sua simbologia. As esquinas recebem os primeiros sinais em forma de cunhais em pedra, que se ligando uns aos outros formam um triângulo imaginário. Algumas casas receberam os primeiros símbolos ainda no século XVIII. Neste período é muito provável que as cores predominantes tenham sido o Branco e o Azul. No século XIX, novos símbolos proliferam por mais construções decorando suas fachadas. Todos estes sinais tinham por objetivo indicar aos irmãos que chegavam à vila que ali ele seria bem acolhidos, encontraria abrigo, apoio e seriam alimentados, onde receberia orientação sobre o novo mundo que o estava recebendo. Algumas construções apresentam os vãos entre as janelas da seguinte forma: O segundo espaço é o dobro do primeiro e o terceiro é a soma dos dois anteriores. As plantas feitas em escala 1:33:33 é outro sinal claro desta influência. Existiu também em Paraty um cargo na administração municipal chamado de "Fiscal de Quarteirão", que somavam um total de 33 fiscais, sendo que não existiam 33 quarteirões. Então porquê 33 fiscais?
Em Paraty existiu o "Clube dos Luvas Negras", formado por justiceiros da maçonaria, que se encarregavam de julgar e punir os irmãos que estavam em falta com a ordem e a sociedade. Consta que se reuniam em locais ermos e escuros, como cemitérios. Em Paraty se reunia na Toca do Caçununga, um sambaqui que foi cemitério indígena. Silvio Romero, que foi juiz de direito em Paraty, era membro do clube, sendo possivelmente o líder. Segundo alguns, nos escombros de sua casa, foram encontrados o avental, a espada e as luvas negras. A Loja Maçônica que se chamava "União e Beleza 88", abriu seu templo por volta de 1833/1834, supostamente no sobrado da Rua Dr. Pereira com Rua Dr. Samuel Costa, mudando-se, com o passar do tempo, para vários outros lugares. No final do século XIX a Loja de Paraty foi fechada e a Maçonaria abandonou a cidade, levando seus segredos e documentos, mas deixou suas marcas nas ruas, fachadas e memória dos moradores. A "Aug\ e Resp\ Loj\ Simb\ União e Beleza nº 88" reabriu seu templo em 1983, agora ligada a "Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro" e tem como Venerável para o exercício 2002/2003 o Mestre Hilton Mello. À sombra do imaginário, ficamos hoje tentando remontar o que seria a "Villa" nos séculos XVIII e XIX.

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

Principios da Maçonaria

Amar a Deus, a Pátria, a Família e a Humanidade;

Praticar a beneficência de modo discreto;
Praticar a solidariedade maçônica, nas causas justas,
fortalecendo os laços de fraternidade;
Defender os direitos e as garantias individuais;

Considerar o trabalho lícito digno como dever do homem;

Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social
e familiar, para aperfeiçoamento dos costumes;

Exigir tolerância para com toda forma de manifestação de
consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os
de conquistar a verdade, a moral, a paz e o bem estar social;

Lutar pelo princípio de eqüidade, dando a cada um, de acordo
com sua capacidade, obras e méritos, o que for justo;

Combater o fanatismo, as paixões, o obscurantismo e os vícios

Grupo Maçônico Orvalho do Hermon

domingo, 9 de agosto de 2009

CADEIA DE UNIÃO

Irm:. Benedito Alves do Nascimento

Espero apresentar com este tema o enriquecimento dos que conhecem a "Cadeia de União, apenas como um ato litúrgico de transmissão da "Palavra Semestral", na realidade ela se constitui numa cerimônia totalmente ligada à filosofia maçônica, porque está embutida numa série de conceitos que se integraram ao alicerce da nossa Ordem.
Acredito que na próxima oportunidade, todos possam sentir os efeitos daquela que é não apenas um símbolo de união fraterna mas sim a própria fraternidade. Tentarei ser mais sucinto e objetivo possível. Contudo pela elevada riqueza de informações e pelo interesse que me despertou o assunto, fui forçado a fazer uma descrição mais detalhada. É necessário, ter compreensão e obedecer com rigor a ritualística do acontecimento para que se produza o efeito esperado de elevar nosso espírito ao nosso G.·.A.·. D.·. U.·.
A Maçonaria, através dos tempos conseguiu reunir comportamentos retirados de todos os ramos do conhecimento humano e de todas as raízes esotéricas e filosóficas, oriundas das outras Instituições, como os mistérios de Ceres, os mistérios Egípcios, Rosacrucianos dos Alquimistas e dos Essênios.
Um dos comportamentos que influenciou a Teoria do Magnetismo Animal de Mesmer, foi a Cadeia de União, é um instrumento místico que deve ser estudado e exercido com transparência para que possamos colher no aperfeiçoamento da sua prática, os seus efeitos benéficos. A Cadeia de União é formada no centro do Templo, composta de elos humanos exatamente iguais, representando os espíritos maçônicos unidos pela solidariedade de idéias e pela comunhão de sentimentos e aspirações.
Não existe, na corrente de União, um elo maior que outro, todos são iguais na Instituição fraternal, não admitimos hierarquia, nem superioridade, todos são iguais nos direitos e deveres. A Cadeia de União, nos Ritos mais praticados no Brasil, é formada, exclusivamente, para a transmissão da Palavra Semestral; a exceção é o Rito Schröder, onde a cadeia é obrigatória após o término de todos os Trabalhos.
Para transmissão da Palavra Semestral, somente os membros do quadro da Loja é que poderão fazer parte da Cadeia, que terá uma forma circular ou oval, estendendo-se do Oriente ao Ocidente. No Rito Escocês, o Venerável ocupa o lado mais oriental da Cadeia, e terá, à sua direita, o Orador e, à sua esquerda, o Secretário. O Mestre-de-Cerimônias ocupará o lado mais ocidental, bem de frente para o Venerável, tendo, à sua esquerda, o 1.º Vigilante e, à sua direita, o 2.º Vigilante. Os demais Irmãos do quadro comporão a Cadeia de acordo com o seu lugar em Loja.
Para a transmissão da palavra o Venerável a diz, em voz baixa, na orelha esquerda do Irmão que está à sua direita, e na orelha direita do que se encontra à sua esquerda, daí a palavra circula pelos dois lados, sendo recebida pelo Mestre-de-Cerimônias, em ambas as orelhas, ocasião em que esse oficial irá levar, ao Venerável, as palavras recebidas, dizendo, na orelha direita a palavra recebida no lado direito e, na esquerda, a palavra correspondente a esse lado.
Se a palavra estiver errada, o processo é todo repetido. Se estiver certa, o Venerável dirá, simplesmente: "Meus Irmãos, a palavra está correta, guardemo-la como condição de regularidade e penhor de nossa fraternidade. Desfaçamos a Cadeia e retiremo-nos em paz". Após isso, os Irmãos poderão fazer uma saudação de regozijo, abaixando e levantando os braços, sem desfazer a Cadeia, por três vezes, dizendo "Viva, Viva, Viva" (ou outra saudação ou exclamação convencional - N. do E.).
Como a Cadeia é composta após o encerramento dos Trabalhos da Oficina, é óbvio que não é feito nenhum Sinal, nessa oportunidade, nem o de ordem e nem a saudação. Finalizando a Cadeia de União simboliza a igualdade mais preciosa e a fraternidade mais pura se estende do Oriente ao Ocidente e do Norte ao Sul do Templo, da mesma forma como o princípio da civilização se estendeu por todo mundo. Ela recorda que são verdadeiros Irmãos.
A Cadeia de União lembra que a Instituição Maçônica é maior que as religiões, abraça todo Mundo conhecido, unindo com ramos de flores, raças, povos, nações e continentes. Bem de longe das preocupações da vida material, abre-se para o Maçom o vasto domínio do pensamento e da ação.
Antes de nos separarmos, elevamo-nos em conjunto para o nosso ideal, que ele inspire a nossa conduta no Mundo profano, que guie a nossa vida, que seja a luz no nosso caminho. Cruzam-se os braços para identificar a unificação de todos numa única concentração de vontade, devotada à elaboração dos interesses da Ordem e da Loja.
Juntam-se as mãos para que o Venerável invoque a descida do verdadeiro espírito maçônico, sobre a totalidade de seus componentes, numa preparação para que vençam todos os obstáculos pessoais, limpando a atmosfera do Templo das vibrações impróprias ou maldosas à evolução de cada Obreiro.
"A Cadeia de União, é a mais bela e preciosa Jóia da Loja, ora móvel, ora fixa e quando formada representa a Luz dos Astros em torno do Sol."
"A Cadeia de União, simboliza o Universo e é eterna, como eternos e universais são o amor, a bondade, o progresso e a Justiça. Os homens unidos se abraçam constituindo uma só Cadeia de União, uma só família, orientada pela grandeza absoluta do Pai Celestial, que é o nosso G.·.A.·.D.·.U.·.
"A Cadeia de União é mais um motivo para o Maçom praticar a verdadeira caridade, ou seja, a que o "Olhos não vêem", mas o coração sente."
"Que a sabedoria de Salomão nos inspire, que a Força de Hiram Rei de Tiro nos mantenha firmes, unidos e que a beleza do Mestre Hiram Abi adorne os nossos pensamentos, as nossas palavras, gestos e atitudes para que possamos passar essa IMAGEM DA MAÇONARIA, na vivência de todos os instantes do cotidiano de cada um de nós."
"Assim Deus nos Ajude."

AS VICISSITUDES




No Egito, ocorria o seguinte: se dois Irmãos tivessem
inimizade, não poderiam cingir o próprio corpo com
o avental, enquanto não resolvessem amistosamente
as suas diferenças. ...

O maçom precisa ser tolerante e ter em seu coração o
amor fraterno e o respeito a si mesmo.
Com estas qualidades, jamais criará animosidades em Loja. . .

O maçom, à medida que vai fazendo as iniciações, vai-se tornando cada vez mais nobre.
Torna-se solidário; uma solidariedade mais pura e mais nobre, somente possível àqueles que praticam o bem e sofrem os espinhos da vida.
A Maçonaria vê nos homens o trabalho lícito e honrado, e, se for rico, ele sente na alma a infelicidade do próximo. . .

Dificilmente, um Venerável Mestre compreende que o sofrimento de um de seus obreiros está ligado ao ciclo da reencarnação.
Às vezes, um Irmão se levanta em Loja e diz: “Vamos expulsar tal Irmão”, sem saber
da causa do seu sofrimento.
Às vezes, o maçom esquece o seu juramento:
“Socorrer os vossos Irmãos”. Não tem percepção de seu estado de consciência e, às vezes, é levado à dormência, sem saber a causa. . .

Esquece ou talvez não tenha percepção espiritual para penetrar no campo oculto da Maçonaria, e não entende que, na maioria das vezes, são os próprios mentores que cooperam para a sua saída da Ordem.
Dezenas deles são atingidos por essa força vibratória oculta e são afastados da Ordem por terem o seu coração empedernido.
Os ensinamentos da Ordem dizem-nos para proteger o Irmão justo e honesto.
Naturalmente, se o maçom não for moralmente honesto e justo, ele não deve conviver com os Irmãos da Loja. . .
Os elementos desonestos, que não sejam plasmados na Pedra Bruta e que não tenham conduta moral condizente com os princípios da Ordem, automaticamente serão excluídos da Ordem Maçônica, isto ocasionado por uma força oculta.
Ninguém escapa ao julgamento de seus atos pelo alto, e não existe fato que não possam ser observados pelo Olho que tudo vê. . .
Ao infringir a Lei, o maçom estará iludindo a si próprio.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

História da Maçonaria

Em sentido amplo, a história da Maçonaria pode ser dividida em três períodos: o antigo ou lendário, o medieval ou operativo, e o moderno ou especulativo. Segundo alguns historiadores, do período antigo ou lendário, não se tem conhecimento sobre a sua origem, mas alcança, mais ou menos, o século V antes de Cristo, cujo advento maior é a construção do Templo de Salomão, pelos trabalhadores de pedras, que manobravam seus maços com tal maestria, que não se ouvia o bater do martelo no esquadrejamento das pedras que seriam utilizadas na edificação do Templo.
No primeiro quartel do período medieval, os "Collegias Fabrorum" do império Romano deram origem às associações de artífices de mesmas profissões, e na Alemanha, tais entidades foram denominadas de "Guildas"de operários. As associações tinham por escopo guardar os segredos das profissões, e o faziam de modo a serem confiados a poucos, após um demorado tempo de aprendizado. Naquela época, os trabalhadores de pedras, reunidos em associações ou Guildas tinham seus serviços contratados para construção de palácios, catedrais, mausoléus, pontes, etc. .
Os maçons da idade lendária e medieval são tidos pelos historiadores como maçons operativos, classificação adveniente do trabalho material de muitos, enquanto o trabalho do intelecto era privilégio de uns poucos.
O período moderno ou especulativo surgiu durante o século XVII, quando a construção de catedrais estava em declínio, o que levou muitas Guildas de trabalhadores de pedra a aceitar, como membros, pessoas de letras eruditas, que deram outro direcionamento à Maçonaria, tornando-a especulativa. Como não eram profissionais da arte da construção, foram rotulados de "maçons aceitos". Como resultado dessa evolução importante, teve início a Maçonaria, tal como é hoje conhecida.
Em 1.717, quatro Lojas Maçônicas, que se reuniram em Londres, Inglaterra, formaram a primeira Grande Loja do Mundo, a qual passou a credenciar outras Lojas e Grandes Lojas em muitos países.
O erro da maior parte dos escritores maçônicos consiste nas preocupações e tentativas de basear a história da Instituição em seu simbolismo. No entanto, a história da Maçonaria como a história do mundo, tem a sua base na tradição. Com freqüência, os Maçons classificam a Maçonaria de "Instituição Milenar", porque fazem remontar suas origens a tempos que se perdem na curva enevoada do passado. Contudo, os primórdios da Maçonaria são obscuros, bem como parte da sua história.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

«O Número é a alma das coisas»


(Pitágoras)

1 - O Templo

Até ao advento do cristianismo, a construção de templos aos deuses no mundo greco-romano obedecia a cânones arquitecturais precisos, que só vieram a ser expostos por escrito por Vitrúvio no século I a.C. na sua obra monumental “De Architectura”. Deste extenso tratado de Vitrúvio, expomos em seguida os quatro primeiros artigos do capítulo terceiro, que expõem sucintamente esses cânones para a construção de templos (1):
«A planta dos Templos depende da Simetria, cujas regras devem ser cuidadosamente observadas pelos Arquitectos. A Simetria nasce da proporção, que os gregos chamam ἀναλογία. A Proporção é a devida regulação das dimensões das diferentes partes, entre si e com o conjunto; da harmonia desta regulação depende a Simetria. Assim, de nenhum edifício se poderá dizer que foi bem desenhado, se não atendermos à sua simetria e proporções. Em verdade, elas são necessárias para a beleza do edifício, assim como para uma bem proporcionada figura humana» (Capítulo III, 1).

«O que a natureza estabeleceu é que, na cara, desde o queixo até o alto da testa, ou das raízes do cabelo, correspondem a uma décima parte da altura do corpo todo. Desde o queixo para a coroa da cabeça é uma oitava parte de toda a altura e, a partir da nuca do pescoço à coroa da cabeça, o mesmo. Desde a parte superior do peito às raízes do cabelo um sexto; à coroa da cabeça, um quarto. A terça parte da altura da face é igual à distância compreendida à que medeia entre o queixo e a parte inferior das narinas, outro terço até ao meio das sobrancelhas; e daqui às raízes do cabelo, onde termina a testa, o terceira parte restante. O comprimento do pé é uma sexta parte da altura do corpo. O antebraço, uma quarta parte. A largura do peito uma quarta parte. Da mesma forma os seus membros têm outras devidas proporções, em respeito às quais, os antigos Pintores e escultores granjearam tanta reputação» (Capítulo III, 2).

«Assim, as partes dos Templos devem corresponder entre si, e com o todo. O umbigo é, naturalmente, colocado no centro do corpo humano e, no caso de um homem deitado com o rosto para cima, e as mãos e os pés estendidos, e tendo o seu umbigo como centro, um círculo será descrito, que tocará os seus dedos das mãos e dos pés. Não é só por um círculo que o corpo humano é circunscrito, como pode ser visto se o figurarmos dentro de um quadrado. Medindo desde os pés à coroa da cabeça e, em seguida, à largura dos braços bem estendidos, constatamos que estas medidas são iguais às anteriores; de modo que duas linhas com ângulos rectos entre si, encerrando a figura, formarão um quadrado» (Capítulo III, 3).


«Se a Natureza constituiu o corpo humano de forma que os diferentes membros do mesmo são medidas do conjunto, assim, os antigos, com grande propriedade, determinaram o mesmo na perfeição das suas obras, cada parte deve ser uma parte alíquota do todo; e desde que o estabeleceram, tem vindo a ser observado em todas as suas obras, e de forma mais rigorosa, nos templos dos deuses, onde as suas falhas, tal como as suas belezas, permanecerão até ao fim dos tempos» (Capítulo III, 4).


O ideal greco-romano para a construção de templos cumpre assim um denso esoterismo: o homem é a medida de todas as coisas (Protágoras), e as suas proporções geométricas certificam que o Homem Individual (Microcosmo) presente na arquitectura sagrada é uma projecção do Homem Cósmico (Macrocosmo), divino e perfeito. O templo, tendo o Homem como modelo, enfatizava a sua função de ponte entre o indivíduo e as potências cósmicas.

A forma rectangular dos templos gregos e romanos, representava assim o corpo do homem e, por analogia, os céus. O rectângulo é uma extensão geometricamente proporcional do quadrado (2), e o quadrado ou quaternário, a expressão mais pura do espaço e do tempo: quatro regiões, Idades do homem, Eras do Mundo, estações do ano, fases da lua, etc.

O Homo Quadratus encarnado na arquitectura sagrada, é um símbolo pleno de significado. O seu centro assinala o ponto axial do mundo (o umbigo), uma cruz desenhada no interior do quadrado, e a divisão dos quatro quadrados resultantes em oito triângulos, resultam no seccionamento do quadrado em oito linhas que divergem do seu centro, e que apontam para os pontos cardeais e para os quatro cantos do mundo – divisão óctupla do espaço sagrado.
Assinalemos que o templo em forma de quadrilátero e a valorização religiosa das formas e volumes geométricos, não é uma criação dos gregos, mas que estes prolongam uma tradição milenar perpetuada nas margens do Nilo, onde podem ser encontradas as raízes do orfismo, e onde Pitágoras e Platão foram instruídos por sacerdotes egípcios.
Para a escola de Pitágoras, o quaternário era a origem da natureza divina e a raiz da tétractis (1+2+3+4), de cuja soma resultava o 10, a Década, o Número da Perfeição, e unindo com um traço a cabeça e os membros do Homem de Vitrúvio, obtém-se o Pentagrama, que era para a escola de Pitágoras, o símbolo do homem enquanto microcosmo, síntese do homem e do cosmos (número nupcial, matrimónio do número dois, masculino, e do número três, púbico e feminino). A geometria religiosa dos pitagóricos escalonava assim os números da tétractis: o um era a origem, a fonte da divindade e de todos os números; dois, o desdobramento do um, fonte da dualidade criadora; três, o universo vertical, céu, terra e inferno; quatro a justiça, a estabilidade; cinco o número nupcial; dez a perfeição absoluta. Ou, numa perspectiva espacial, um é o ponto (o ponto axial, do círculo ou do quadrado), dois, a linha, três a superfície, quatro, o volume (3). Todos estes números, mais o seis, o Número da Inteligência, repetem-se nas proporções acima transcritas da tratadística de Vitrúvio, e o seu Homem inscrito num quadrado (homo ad quadratum) interior a um círculo (homo ad circulum), não deixa de evocar a cosmologia pitagórica (4).

Continuemos com Vitrúvio:

«Os antigos consideravam o dez, um número perfeito, porque os dedos são dez em número, e o palmo deriva dele, e do palmo deriva o pé. Platão, atendendo a isso, chamou ao dez, um número perfeito; a Natureza formou as mãos com dez dedos, e também porque o dez é composto por unidades chamadas μονάδες em Grego» (III, 1).


2 – A Cidade Ideal

Para Vitrúvio, a planificação de uma cidade requeria tantos cuidados como a construção de um templo, e dedica grande parte da sua dissertação à disposição da cidade em função dos oito ventos.

«Com uma laje de mármore cria-se um nível fixo no espaço encerrado pelas muralhas, ou faz-se com que o terreno seja aplainado e nivelado de modo que a laje de mármore não seja necessária. No centro deste terreno plano, com o propósito de marcar correctamente a sombra, deve ser erigido um gnómon metálico. Os Gregos chamam a este gnómon cσκιαθήρας. Por volta da quinta hora da manhã, deve ser determinada a extremidade da sombra projectada pelo gnómon, e marcada com um ponto. Do ponto central do terreno, onde o gnómon está fixo ao solo, como um centro, descrever um círculo a partir do ponto assinalado pela extremidade da sombra. Depois do Sol ter passado o meridiano, observar a sombra que o gnómon continua a produzir até ao momento em que a sua extremidade toque novamente no círculo já traçado (5).

«A partir dos dois pontos obtidos na circunferência do círculo, descrever dois arcos interseccionantes entre si, e através da sua intersecção e do círculo inicialmente descrito, traçar uma linha até à sua extremidade – e obtém-se o diâmetro que deve separar os quartos do norte e do sul. A décima sexta parte da circunferência do círculo completo será medida para a direita e para a esquerda dos pontos norte e sul, e desenhadas linhas dos pontos obtidos para o centro do círculo, temos uma oitava parte da circunferência para a região norte e outra oitava parte para a região do sul. Divide-se o que resta da circunferência em cada lado em três partes iguais, e obtemos a divisão das regiões dos oito ventos, então projectar as direcções das ruas em função das linhas que separam as diferentes regiões dos ventos» (Capítulo I, 6, 7).
Vitrúvio descreve a planificação de uma cidade como era tradição no mundo antigo, mas acrescenta-lhe uma dimensão teórica, ideal, não cumprida até então: a cidade deveria não só ser orientada nas oito direcções (pontos cardeais e cantos do mundo), mas ter além disso, a forma de um octógono, a sua forma perfeita, com cada uma das faces voltada para um dos oito ventos dos geógrafos gregos e latinos: Setêntrio (norte), Áquilo, (nordeste), Solanus (Este), Eurus (sudeste), Auster (sul), Africus (sudoeste), Favonius (Oeste) e Corus (Noroeste).
O centro da cidade de Atenas, o seu umbigo, era uma torre com a forma octogonal, a torre dos Ventos de Andronicus Cirrestes, profusamente descrita por Vitrúvio, com faces no término dos oito raios do compasso, cada uma delas decorada com uma alegoria do vento que enfrentava (7).

Esta insistência de Vitrúvio nos oito ventos, dissimula um sentido esotérico subjacente.

Tudo começa com a “escolha” de um centro (o umbigo do microcosmo), muitas vezes, decerto, com rituais divinatórios para auscultar a vontade dos deuses ou perpetuando um lugar sagrado pré-existente. Nesse centro ergue-se o gnómon, que é a unidade sagrada, o ponto de irrupção de divino, eixo que unirá os três mundos na vertical.

A parir do gnómon traça-se o círculo, que delimita a fronteira do espaço cósmico, e desse círculo solar se obterá, com dois círculos interseccionantes, os quatro ângulos do quadrado interno que pode ser esquartelado pela cruz que aponta os pontos cardeais. Círculo, quadrado, cruz, que produzem o octógono, expressão da união da terra (o Quadrado) e do Céu (o círculo). Á divisão óctupla do espaço podemos acrescentar a divisão em oito do dia e do ano que eram praticados na Europa e Mediterrâneo e que persistiu na roda celta das oito festividades anuais. Para os pitagóricos, o oito seria considerado o Número da Igualdade, porque colocava no mesmo plano o mundo terrestre e o mundo celeste, os deuses e os homens (8).
Encontrei um texto de Réne Guenon, no qual ele reforça a ideia de que na arquitectura religiosa, ao quadrado corresponderia o edifício quadrangular em si, enquanto a esfera presidia a construção da abóbada do templo. Ainda que seja um anacronismo falar de abóbadas para o mundo grego, a sua explanação sobre o esoterismo do octógono merece ser seguida:
«As formas quadradas ou cúbicas referem-se à terra, e as formas circulares ou esféricas ao céu; o significado destas duas partes resulta imediatamente disto, e acrescentemos que a terra e o céu não designam aí, apenas, os dois pólos entre os quais se produz toda a manifestação, como ocorre particularmente com a Grande Tríade extremo-oriental, mas que correspondem igualmente, como no Tribhúvana hindú, aos aspectos dessa mesma manifestação que estão mais próximos, respectivamente, dos ditos pólos e que, por essa razão, se designam por mundo terrestre e mundo celeste. Há um ponto sobre o qual tivemos oportunidade de insistir anteriormente, mas que merece ser tomado em consideração: enquanto o edifício representa a realização de um "modelo cósmico", o conjunto da sua estrutura, se a reduzirmos exclusivamente a essas duas partes, seria incompleto no sentido de que, na sobreposição dos "três mundos", faltaria um elemento correspondente ao "mundo intermédio". De facto, esse elemento existe também, pois o domo ou abóbada não pode assentar directamente sobre a base quadrada, e para permitir a passagem de uma forma à outra é necessária uma forma de transição que seja, de certo modo, intermédia entre o quadrado e o círculo, forma que é, geralmente, a do octógono.
«(...) Na construção, a forma do octógono pode realizar-se, naturalmente, de maneiras diferentes, e especialmente, por meio de oito pilares que suportam a abóbada; encontramos um exemplo na China, no caso do Ming-Tang (...), cujo "tecto redondo está suportado por oito colunas que repousam sobre uma base quadrada, com a terra, pois, para realizar esta quadratura do círculo, que vai da unidade celeste da abóbada ao quadrado dos elementos terrestres, é necessário passar pelo octógono, que se encontra em relação com o mundo intermédio das oito direcções, da oito portas e dos oito ventos" (Luc Bennoist, "Art du Monde", p. 90). O simbolismo das "oito portas", que se menciona também nesta passagem, explica-se pelo facto de que a porta é essencialmente um lugar de passagem e representa, como tal, a transição de um estado a outro, especialmente, de um estado "exterior" a outro "interior", pelo menos relativamente, porque essa relação do "exterior" e do "interior" é sempre comparável, em qualquer nível que se situe, à do mundo terrestre e o mundo celeste».
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Ŋ
Ŋotas:

(1) Servimo-nos da edição online da obra, em língua inglesa, do portal LacusCurtius de autores gregos e romanos
(2) ”O sistema da proporção definida que os gregos empregavam no desenho dos seus templos foi outra causa do efeito que eles produzem sobre as mentes incultas. Para eles não só a altura deveria ser igual à largura, ou comprimento duas vezes a largura - mas toda e qualquer parte devia ser proporcional a todas as partes com que ela se relacionava, em alguma razão tal como 1 para 6, 2 para 7, 3 para 8, 4 para 9, ou 5 para 10, etc. A medida que o esquema avança, esses números tornam-se consideravelmente altos. Nesse caso, eles revertem para alguma razão simples, tal como 4 para 5, 5 para 6, 6 para 7, e assim por diante” (James Ferguson, citado por Nigel Pennick, v. Fontes).
(3) Adaptado da tese “Números para Pitágoras” de Christian Quintana Pinedo.

(4) «Alexandre, no seu “A Herança dos Filósofos” diz ter achado também nos escritos pitagóricos as coisas seguintes: O princípio de todas as coisas é a unidade, e desta procede a dualidade, que é indefinida e depende, como matéria, da unidade que a origina. Assim, a numeração provém da unidade e da dualidade indefinida. Dos números provém os pontos, destes as linhas; das linhas, as figuras planas; e das figuras planas, os sólidos; e destes os corpos sólidos, os quais se compõem de quatro elementos, fogo, água, terra e ar, estes quatro elementos combinam-se entre si e transformam-se completamente uns nos outros, e delas se engendra o universo animado, inteligente, esférico, que tem a terra como seu centro, e a terra também é esférica e habitada no seu interior. Também há antípodas, e o nosso abaixo é o seu acima» (Diógenes Laércio, “Vidas, opiniones y sentencias de los filósofos más ilustres ”, tomo II, Livro VIII – o negrito é meu)

(5) Dito doutro modo, a distância máxima da sombra do gnómon de manhã e à tarde, fornece os pontos cardeais leste e oeste.
(6) «Por isso, Deus tornou o Todo em forma esférica e circular, sendo todas as distâncias iguais, do centro à extremidade. É esta, de todas as figuras, a mais perfeita e a mais completamente semelhante a si mesma» (Platão, "Timeu", 33).
(7) Não nos parece que a torre seja uma mera Rosa dos Ventos, mas um centro, um eixo, construído e respeitado como símbolo do equilíbrio cósmico.
(8) «O octógono resulta da união entre o quadrado da terra e do quadrado do céu, simbolizando a comunicação entre ambos», escreve Paulo Alexandre Loução no quinto capítulo de "Os Templários na Formação de Portugal" (Ésquilo, 2001), capítulo que abre com uma citação de Pitágoras: «O número oito, ou a octóada, é o primeiro cubo, vale dizer, quadrado em todos os sentidos, como um dado, que precede de sua base, o dois, ou de qualquer número; assim, o homem é quadrado ou perfeito".


domingo, 2 de agosto de 2009

VENERÁVEL MESTRE NA LOJA SIMBÓLICA


Newton Dan Faoro - VENERÁVEL MESTRE

Etimologia, definições e origens:
O título de Venerável Mestre, dado ao presidente de uma Loja Maçônica, remonta aos meados do Século XVII, quando se iniciava a transformação da Maçonaria operativa em especulativa. Na época ainda não existia o Grau de Mestre Maçom, que só apareceria no Século XVIII (entre 1724 e 1738). O Presidente da Loja era escolhido entre os Companheiros mais antigos e experientes e se tornava vitalício na direção dos seus trabalhos. O Rito Escocês Antigo e Aceito, antigamente, atribuía ao maçom que fosse iniciado no Grau 20 o título de Mestre AD VITAM, de forma vitalícia o que lhe dava o direito de exercer a função de Venerável Mestre na Loja Simbólica. Esta designação era atribuída pelo Supremo Conselho do Grau.
O título ‘Venerável’ tem origem na palavra inglesa ‘Worship’, que como substantivo significa adoração, culto religioso, respeito, admiração e como verbo significa adorar, venerar, idolatrar. Your Worship é a expressão inglesa para Vossa Excelência, Vossa Senhoria. A expressão Worshipfull Máster passou a ser traduzida, portanto, como Venerável Mestre e como tal foi adotada pelos maçons.


O Venerável Mestre é o responsável como Presidente pela condução dos trabalhos da Loja e como Mestre Maior pela concessão de Graus, incluindo-se a iniciação de profanos. Um Presidente que não tenha recebido a sagração ou investidura como Venerável Mestre poderá tão somente dirigir os trabalhos administrativos da Loja; a investidura de profanos ou mesmo a dos graus de Companheiro e Mestre é prerrogativa de um Venerável Mestre que tenha sido investido com estes poderes por pelo menos três Veneráveis Mestres.
Características e traços de personalidade
O Venerável Mestre é o Líder do grupo de Irmãos de sua Loja. Sabemos que a verdadeira liderança é uma das funções mais difíceis a serem exercidas em qualquer atividade humana.
Nas Lojas Maçônicas, não é diferente; às vezes até mais difícil, pois esta liderança deve ser conquistada aos demais Irmãos pelos valores que possa o líder demonstrar e praticar. A situação é bastante diferente do caso de lideranças empresariais ou mesmo políticas, que são impostas por cargos ou negociadas por benefícios e vantagens. Os Irmãos de uma Loja Maçônica ali se reúnem para buscar seu aperfeiçoamento moral e de caráter e para ter uma convivência o mais fraterna quanto possível. Quando o Venerável não consegue demonstrar sua capacidade de liderar homens maduros nestas condições, dificilmente consegue que sua liderança seja aceita e que o grupo se mantenha coeso, alinhado e dedicado a um esforço pelo qual espera nada mais do que seu crescimento pessoal.
Apesar do muito que já se escreveu sobre liderança, não há uma fórmula pronta para que alguém se torne um líder. Na realidade, não importa o que o líder faz, mas sim o que ele é. Os próprios líderes pouquíssimas vezes conseguiriam descrever o que fazem ou quais são suas características pessoais que fazem com que as pessoas os sigam, mas as pessoas respondem a estas características.
O Líder, por sua vez, deve usar não só a cabeça, mas também o coração; a liderança, em sua essência, deve tocar o coração e a alma das pessoas. De um modo geral, está fundamentada em uma relação muito mais emocional do que racional.
Philip Crosby (http://www.skymark.com/resources/leaders/crosby.asp) tem uma definição para Liderança, que, adaptada para a linguagem maçônica poderia ser assim traduzida: “Liderança é, deliberadamente, fazer com que as ações executadas pelos Irmãos da Loja sejam planejadas para permitir a realização do plano de trabalho do Venerável Mestre.”
Deliberadamente significa que a Loja deve eleger um determinado caminho e um propósito, estabelecendo objetivos e metas claros nas mentes de todos os Irmãos. Ações executadas pelos Irmãos significa que estes objetivos e metas devem ser alcançados por ações empreendidas por todos os Irmãos e não por um deles ou deles um pequeno grupo. Planejadas significa propor uma cadeia de ações cujos produtos esperados sejam de pleno conhecimento de todos os Irmãos. Finalmente, Plano de Trabalho do Venerável Mestre deve ser entendido como o conjunto de realizações que foi consensado com o grupo todo.


Há ainda, e não menos importante, a consideração da tendência do Líder. A história nos fez tomar conhecimento de líderes que tenderam para o bem e outros que tenderam para o mal. Liderança é dom da pessoa, que não tem a ver com seu caráter. Como a Maçonaria “é uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à crença de cada um’” ou ainda “para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros; glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade, exaltando a virtude e combatendo o vício”, o Venerável Mestre, como seu Líder, estará alinhado com estes traços de personalidade. Se assim não for, não poderá exercer liderança alguma sobre um grupo de homens de bem.
Não será um homem perfeito, porque ninguém o é; mas será um homem sinceramente em busca de sua perfeição.

Desafios a vencer

Exercer a função de Venerável Mestre, muito mais do que uma honraria, me parece como uma missão e um serviço a cumprir. Por mais espinhosa e árdua que esta missão possa parecer ou mesmo ser, sempre servirá para o crescimento individual daquele que a exercer; e se bem exercida, será benéfica e gratificante para todos os participantes.
O exercício da Venerança com sucesso requer que o Líder tenha estudado e continue disposto a estudar a ciência maçônica. Que tenha desempenhado funções outras e diversas no corpo da Loja.


O homem que assumir esta função deve ter um bom conhecimento do ser humano e da sociedade além de ter um caráter firme, porém razoável. O Ir.’. José Gonzáles Ginório (Venezuela), apregoa os seguintes desafios a vencer para que possa bem desempenhar o cargo de Venerável Mestre:

Sentir-se maçom;
Ser discreto e justo;
Estar entusiasmado;
Ser disciplinado, tolerante, conformado não se irritar com facilidade;
Não ser invejoso, apaixonado, rancoroso e intrigante;
Ser estudioso e profundo nos estudos;
Não alardear ou abusar de sua inteligência;
Não pedir, suplicar ou desejar posições.


Em outras palavras, talvez pudéssemos dizer que o Venerável Mestre deve ser um Mestre Maçom que possua reputação ilibada; seja sincero e verdadeiro; afável no trato, inabalável, firme, arraigado, intrépido e intransigente em seus princípios; seja amante da sabedoria e estudioso dos mistérios da Arte Real.

Ora, diríamos: este homem não existe! Certamente não existe, mas alguém que se proponha a ser este homem, terá dado o passo mais importante para se qualificar para o desempenho da missão e do serviço que lhe é proposto.
Este homem deverá ser o espelho de sua Oficina, ou sua Oficina seu espelho!

Investidura, instalação ou posse

O exercício pleno da função de Venerável Mestre, na Maçonaria, requer que o Mestre seja investido no cargo pela cerimônia de Instalação. Somente após esta investidura poderá o mesmo iniciar profanos e conceder graus a outros Irmãos.
A cerimônia de instalação, na Maçonaria, entrou em uso já nos primórdios da sua fase especulativa. As constituições de 1723 já rezavam que “O Grão-Mestre, por certas cerimônias significativas e segundo os antigos usos, instalará o Primeiro Mestre lhe apresentado as Constituições, o Livro da Loja e os instrumentos do seu ofício, não todos juntos, mas um por um; e depois de cada um deles, o Grão-Mestre ou seu Delegado, se referirá ao limitado e expressivo dever adequado ao objeto apresentado”.
A regra maçônica exige a presença de pelo menos três Past-Masters na cerimônia de Instalação de um Venerável.


Past-Master é a denominação adotada nas Grandes Lojas para o ex-Venerável de uma Loja Simbólica. O Grande Oriente adota a expressão ex-Venerável. Ser Past-Master significa que já passou pela cadeira do Rei Salomão e que, ao término de seu mandato, transmitiu o cargo a outro Mestre Maçom eleito regularmente pelos membros do quadro. O Past-Master conserva, perpetuamente, a sua condição de Mestre Instalado ao deixar de exercer as funções de presidente da oficina.

Ao concluir, tomo a liberdade de parodiar o Irmão Valdemar Sansão quando diz:
“Podemos dizer que somente seremos fortes, individual e coletivamente, no dia em que conhecermos nossas fraquezas e nos dispusermos ao trabalho de sustentação das Colunas, suporte, amparo e apoio do Venerável Mestre de nossa Augusta e Respeitável Loja Simbólica, pois sabemos que o homem se mantém e cresce na proporção da força de apoio de seus irmãos”.

Newton Dan Faoro - Presidente da ARLS Hugo Simas, Nº 92 - Mui Respeitável Grande Loja do Paraná (Oriente de Curitiba)

sábado, 1 de agosto de 2009

O MAÇOM TEM QUE SER LIVRE E DE BONS COSTUMES

Livre e de bons costumes.

Conforme Rizzardo da Camino é a condição exigida para que um profano possa ingressar na Maçonaria por meio da Iniciação.

Não basta o candidato ser politicamente livre, não basta que tenha um comportamento moral comum.

A Maçonaria proclama que a sua filosofia tem base na tradição, nos usos e nos costumes.

Portanto, “costumes” não é um mero comportamento, uma conduta moral, mas sim um universo de práticas que conduzam o ser humano a uma vida espiritual.

O candidato deve comparecer Iniciação com uma disposição quase inata de “amar o seu futuro irmão” como a si próprio.

Isso exige um comportamento para com o seu próprio corpo, para com a sua própria alma e para com o seu espírito.

Se o objetivo de um candidato for ingressar numa associação privativa, fechada e misteriosa, então não só está enganando si próprio, assim como aos demais.

Ser “Livre e de Bons Costumes” constitui uma exigência de muito maior profundidade do que parece à primeira vista.

Seria muito cômodo aceitar um candidato que politicamente é livre, pois não há mais escravidão no mundo ou um que penalmente não se encontre preso cumprindo alguma pena.

A liberdade exigida é ampla, sem compromissos que inibam o cumprimento das obrigações maçônicas, sem restrições mentais e religiosas.

Livre = Liberdade

Não há nada mais perigoso do que esse conjunto de nove letras, porque freqüentemente, em nome da Liberdade se cometem os mais hediondos crimes.

A Liberdade exige um conjunto de ações complementares.

Uma falsa liberdade oprime e desajusta, desequilibre e desilude.

Como exemplo, temos as Constituições de países que se proclamam livres e que se inserem no texto que “todos são iguais” e “com as mesmas oportunidades”, o que não é exato.

Nem toda a população em idade escolar pode usufruir do ensino; nem todos os enfermos têm atenções médicas, nem todos que desejam trabalhar obtêm emprego; o lazer e a diversão não são distribuídos equitativamente; a igualdade fica na dependência dos recursos financeiros.

Um pobre que consegue subsistir porque somente ganha para a escassa alimentação, não pode fazer parte do “maravilhoso artigo constitucional de igualdade”.

Lema Maçônico de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” é um todo; a Maçonaria envida todos os seus esforços para que seu lema se torne realidade e seja um “manto” para toda a humanidade.

Ainda, fora do aspecto social e político, o pensamento do ser humano deve ser LIVRE, a consciência e a espiritualidade não podem ter limites ou freios.

O conceito amplo de Liberdade vem descrito em dois documentos internacionais que merecem respeito e aplausos.

A Declaração dos Direitos Humanos proclamada pelas Nações Unidade (ONU) e a Declaração do Concílio Vaticano II “Dignitatis Humanae”.

O primeiro é de inspiração Maçônica e o segundo é de inspiração Evangélica.

A Maçonaria se preocupa com a Liberdade individual de seus filiados, com a Liberdade grupal (da própria instituição) e com a Liberdade da Humanidade.

Os fundamentos legais da Maçonaria.

Temos duas fontes básicas para o estudo dos preceitos legais que norteiam a Maçonaria.

A primeira destas bases está sentada na tradição oral, enquanto que a segunda se fundamenta sobre os documentos escritos.

A tradição oral nos leva a mais primitiva forma do direito que, normalmente, é chamado de direito consuetudinário. (fundado nos costumes)

Esta fonte é comum em quase todas as doutrinas de direito, formando, por conseguinte, um conjunto de normas não escritas e, portanto, imutáveis.

Esta tradição de normas imutáveis, portanto, são fundamentais para estar associada ao próprio ser humano.

Como exemplos clássicos, nós podemos lembrar, Os Dez Mandamentos das religiões cristãs, Os Princípios Básicos do Direito Romano e os principais Fundamentos da Constituição Inglesa.

A Maçonaria também não é diferente e fundamenta-se nos chamados “Landmarks”.

“Landmark” trata-se de uma palavra inglesa que poderíamos traduzir por marco divisório.

Ao pé da letra seria marca de terra.

Juntando-se as duas definições, podemos entender “Landmark” como um limite claramente estabelecido.

Teríamos então, que os Landmarks seriam balizas imutáveis e obrigatoriamente respeitadas por toda a maçonaria.

A partir desse entendimento, qualquer desrespeito a estas normas descaracterizaria totalmente a Instituição, que deixaria assim de ser um organismo Maçônico.

Os “Landmarks” são, portanto, normas de uso antigo, universamente aceitos e completamente imutáveis.

No entanto, encontramos uma enorme variação daquilo que é entendido como “Landmark”, de um para outro autor.

Encontramos este relacionando apenas cinco “Landmarks” enquanto outro relaciona cinqüenta e quatro.

Se levarmos em consideração as características dos “Landmarks” como: antiguidade, universalidade e imutabilidade, nós vamos sentir que bem poucas normas poderiam ter estas características.

Nós também não pretendemos fazer críticas a nenhuma dessas relações.

Para finalizar e par mostrar o nosso pensamento a respeito do assunto, vamos apresentar exemplos do que poderíamos considerar como “Landmarks”:

1 – O sigilo Maçônico.

2 – A crença no GADU.

3 – O trabalho Maçônico deve ser realizado apenas dentro das Lojas.

4 – A necessidade absoluta da cobertura do Templo durante os trabalhos.

5 – A administração da Loja deve ser feita, obrigatoriamente, por um Venerável e dois Vigilantes

Eis algumas conceituações de ser “Livre”.

A pior escravidão é ser escravo de si mesmo.

Por exemplo:

Sem intenção de crítica mordaz, considerando que, pelo menos, a metade dos Maçons entrega-se ao vício do cigarro ou da bebida alcoólica, sabendo-se que esses vícios escravizam, porque quem dele for escravo não consegue se libertar.

Como poderão responder que para ser Maçom, devem sentir-se livres e de bons costumes?

E o que comentar sobre os demais vícios convencionais ou, os que ele nem sequer se da conta de que os está cometendo?

- O vício da análise apressada sobre alguma atitude de um Irmão.

- O vício de que o homem é livre do Poder Divino.

- O vício de que a sua mente lhe basta para solucionar problemas.

- O vício do apego de um cargo ou função, a ponto de julgar-se indispensável.

O ser humano é uma ilha no mar dos vícios e, por isso, está sujeito a ser rodeado e dominado pelos vícios.

A quantidade deles é muito grande, e assim não podemos catalogá-los, seria um trabalho indigente.

Vício é tudo aquilo que é nocivo à nossa atuação “dentro de nós mesmos”, como a revolta por nos julgarmos infelizes, o egocentrismo, a materialização do que deve ser espiritualizado, tudo isso nos leva a uma listagem sem fim.

Na conceituação “Maçônica”, o “ser livre” constitui um universo de ações que ressuscitam, exclusivamente, da “Nova Criatura” que veio da Iniciação.

“Ser Livre” que condição terrificante!

Para ser livre, faz-se necessário libertar-se dos entraves.

O Maçom pode afirmar: “Eu sou livre”, uma vez que para que possa conscientizar-se que, “não é ele que vive”, mas Deus (o Eu Sou) quem vive nele.

É usar o próprio órgão da fala, como “Instrumento de Deus”.

Aqui, referimos o Ser Supremo como Deus e não como o Grande Arquiteto do Universo, somente para sublimar a divindade.

O Grande Arquiteto do Universo “constrói” algo em nós.

Deus vem “habitar” em nós.

Trata-se de concepções filosóficas não rígidas, mas maleáveis para nos expressar com maior clareza.