domingo, 1 de setembro de 2013

A ÁRVORE DA VIDA E OS CARGOS SIMBÓLICOS EM LOJA Ir Ulf Jermann Mondl Os 10 cargos originais e fundamentais das Lojas maçônicas são idênticos e homólogos às “Sephiroth” da Árvore da Vida, que são formas elementares da emanação divina, visado através de seus ocupantes quando atuarem em Loja, bem como para todos os demais presentes aos trabalhos, tomar mais perceptíveis as verdades que estão encobertas atrás dos véus da iluminação divina (Ain-Ain soph - Ain Soph Aur), e serem abençoados pelas forças astrais invocadas. Uma perfeita compreensão pelo ocupante destes diversos cargos em Loja, com suas correspondentes “Sephiroth”, ajudará muito a seus titulares no desempenho perfeito de suas funções individuais e coletivas, contribuindo para o sucesso de uma Sessão Maçônica, com a obtenção das influências benéficas das forças astrais que invocamos em nossas reuniões, durante o desenrolar de nossa ritualística nas suas diversas etapas. Iniciemos no Oriente da Loja que corresponde ao Triângulo Supremo, ocupados pelo Venerável, pelo Secretário e pelo Orador, além dos antigos Mestres Instalados, que conhecem a palavra sagrada do simbolismo: 1. O Venerável corresponde à Sephirah Kether ou à Coroa, numerada com o algarismo "um" equivalendo a origem primordial, procurando simbolicamente a proximidade do som cósmico, ou seja, a do nome de Deus Eheieh - Eu sou o que sou, o Incognoscível, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Metatron, o Anjo da Presença, buscando liderar a experiência espiritual da união com Deus, objetivando a realização de sua grande obra, que é, na Maçonaria, a construção do Edifício Social dentro e fora do Templo. Ao Venerável cabe dirigir com prudência e sabedoria as atividades da Loja dentro e fora do Templo. 2. O Secretário corresponde à Sephirah Chokmah, ou à Sabedoria, numerada com o algarismo "dois”, equivalendo à inteligência inspiradora ou ao Segundo Esplendor, simbolizando seu número o início da gênese universal, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah, o Senhor, sendo sempre acompanhado pelo Arcanjo Taziel, o Arauto da Divindade, além do inicio do Tetragrama Sagrado com a sua letra “Yod”, buscando concentrar toda a sabedoria emanada de Deus. Sua pena deve buscar a inspiração para a máxima fidelidade e sacralidade dos registros, das atividades desenvolvidas em Loja, bem como para as outras comunicações que fizer. De sua função, derivou mais o cargo do Primeiro Diácono, que leva a Palavra Sagrada do Venerável para o Primeiro Vigilante, ao qual corresponde a Sephirah Hot, a Glória. 3. O Orador corresponde à Sephirah Bínah, ou à Compreensão, ou O Entendimento, numerada com o algarismo “três”, equivalendo à Justiça e ao Ensino da Verdade, simbolizando o seu número a vida formada e criada, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Elohin, o Deus dos Deuses, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Aralim, o Observador de Deus, além da segunda letra do Tetragrama Sagrado com sua letra “Heh”, a janela da visão aberta à vida. Sua atuação visa as instruções e a aplicação da justiça mais perfeita dentro da Loja, pois é o Guarda da Lei e de sua pureza. Têm assento também no Oriente os outros Mestres Instalados, que já sentaram no Trono de Salomão, e sua proximidade visa reforçar, com sua energia pessoal, a atuação do Venerável, Secretário e Orador, secundados de seus respectivos anjos. Os cargos de Porta-Espada e Porta-Bandeira são funções honoríficas, porém simbolicamente meramente decorativas, enquanto o Primeiro Diácono é derivado do Secretário, o qual, antigamente, tinha também a função de mensageiro. Deste conjunto emana a Luz da Loja, que inspira e orienta suas atividades. Em Lojas novas, muitas vezes Aprendizes e Companheiros desempenham funções no Oriente, porém isso sempre deve ser a título precário, pois a rigor, no Oriente. devem ter apenas assento os Mestres Maçons. Continuando-se na fronteira do Oriente com o Ocidente, existe a região denominada Daath, ou o Conhecimento, um abismo na qual ocorre uma mudança da expressão da força para a forma, não sendo este abismo uma percepção objetiva. Nesta região, na realidade, encontra-se o segredo não revelado da Arvore da Vida, e muitas vezes, ao transitarmos por ela, não temos uma percepção de seu verdadeiro significado. Temos três posições ou cargos que fazem a perfeita transição para as Colunas do Norte e Sul, que são o Hospitaleiro, o Tesoureiro e o Mestre de Cerimônias. 4. O Hospitaleiro corresponde à Sephirah Chesed, ou à Misericórdia, numerada com o algarismo “quatro”, equivalendo à Bondade, ao Amor aos semelhantes, simbolizando o seu número a Inteligência Coesiva ou Receptiva advinda dos Poderes Sagrados emanados das virtudes espirituais, ou seja a um dos nomes de Deus, EI, o Deus Todo-Poderoso, sendo sempre seguido do Arcanjo Tzadkkiel, o Anjo do Deus Justo. Sua atuação visa o amparo e assistência aos Irmãos da Loja, lembrar sempre que o amor é uma das forças cósmicas fundamentais e que, necessariamente, este sentimento está associado à misericórdia, a qual sempre tem que estar presente aos trabalhos em Loja. 5. O Tesoureiro corresponde à Sephirah Geburah, ou à Força, numerada com o algarismo “cinco”, equivalendo à Vassoura Cósmica que extingue a desigualdade e elimina o supérfluo, simbolizando seu número a Severidade que emana de Chokmah, a Sabedoria, ou seja, um dos nomes de Deus, Elohin Gebor, o Deus da Severidade, sendo sempre seguido do Arcanjo Khamael, o Anjo da Severidade Divina. O simbolismo do cargo visa a seriedade que tem de haver com o trato dos valores da Loja, tanto na arrecadação como nos dispêndios dos metais, os quais devem servir essencial-mente à Misericórdia com os Irmãos e os Profanos, bem como a manutenção do Templo e nada mais, evitando-se os luxos e as dissipações advindas da vaidade e de outros defeitos da alma humana. 6. O Mestre de Cerimônias corresponde à Sephirah Tipharej, ou à Beleza, numerada com o algarismo “seis”, equivalendo à Luz que se transforma no Amor Radiante, simbolizando o número o equilíbrio que a Beleza confere à Sabedoria e à Força, as quais, isoladas, se antagonizam, mas juntas se completam, ou seja, um dos nomes de Deus, Aloah Va Daath, o Deus Forte do Entendimento, sendo sempre seguido do Arcanjo Rafael, o Anjo do Espírito que está no Sol, localizado na Coluna do Equilíbrio, situada sobre o Altar da Loja. Sua atuação visa essencialmente a perfeição e a beleza dos movimentos em Loja, pois ele é o elo de ligação entre o Ocidente e o Oriente, sendo que sua atuação é vital para a perfeição que deve haver nos trabalhos, resultando na beleza equilibradora. Os seis cargos iniciais formam geometricamente o Selo de Salomão da Loja, pois são o resultado da intersecção do Triângulo Supremo, formado pelas Sephiroth Kether-Chokmah-Binah, com o Triângulo Ético formado pelas Sephiroth Chesed-Geburah-Tiphareth, o elo entre o Ocidente e o Oriente. O Ocidente da Loja forma com os dois Vigilantes e o Experto o Triângulo Astral, formado pelas Sephirot Netzachj-Hod-Yesod, formando a ligação de seu vértice inferior com a posição correspondente à Sephirath Yesod, a porta para o Mundo Profano, guardada pelo Cobridor, simbolicamente o Guardião do Tesouro da Ciência Oculta ou dos Segredos da Maçonaria. Os Triângulos Supremo e Ético formam a parte espiritual e latente da Loja, enquanto o Triângulo Astral forma a parte potente e terrena da Loja. A região compreendida entre o Triângulo Astral e o Mestre de Cerimônias, corresponde simbolicamente à Terra e aos seus correspondentes elementos primordiais, ou seja, o Ar, a Terra, a Água e o Fogo. 7. O Segundo Vigilante corresponde à Sephírah Netzach, ou à Vitória, numerada com o algarismo “sete”. equivalente à Inteligência Oculta, simbolizando o Esplendor refulgente percebido pelos Olhos do Intelecto e pela. Contemplação da Fé, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, sendo seguido pelo Arcanjo Uriel, o Anjo Mensageiro da Graça de Deus. Sua atuação em Loja visa preparar os companheiros para a vitória advinda da elevação ao Mestrado, recebendo através do Mestre de Cerimônias as orientações gerais; do Segundo Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável Mestre, por intermédio do Primeiro Vigilante até sua Coluna. 8. O Primeiro Vigilante corresponde à Sephirah Hod, ou à glória em Esplendor, numerada com o algarismo “oito”, equivalendo à Inteligência Absoluta ou Perfeita, simbolizando a Formação das Hierarquias Celestes, ou seja, no caso o mesmo nome de Deus em Netzach, o Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, secundado, todavia, pelo Arcanjo Rafael, o Anjo Médico Celestial. Sua atuação em Loja consiste em receber os neófitos e assisti-los nas curas de suas enfermidades e defeitos espirituais, preparando-os para a Elevação a Companheiro, recebendo, através do Mestre de Cerimônias, as orientações gerais, do Primeiro Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável Mestre até sua Coluna, bem como transmiti-la através do Segundo Diácono para sua Coluna. 9. O Experto corresponde à Sephirah Yesod, ou o Fundamento. numerada com o algarismo “nove”, equivalendo à Inteligência Purificada estabelecedora da Unidade, simbolizando o Tabernáculo Sagrado, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Shadai El Chai, o Deus Vivo Todo-Poderoso, secundado pelo Arcanjo Gabriel, o Chefe das Hostes Celestes. Sua atuação consiste em conduzir as Iniciações no Ocidente, visando com seu trabalho gerar o equilíbrio perfeito com .o Venerável Mestre, que fica no Oriente, devendo sempre este cargo ser ocupado por um Mestre Instalado. 10. O Cobridor Externo corresponde à Sephírah Malkuth, ou o Reino, numerada com o algarismo “dez. equivalendo à Alma da Terra. através de suas múltiplas portas como a da Morte, a das Trevas da Morte. das Lágrimas, da Justiça, da Oração, da Filha dos Poderosos e a do Jardim do Éden, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Adonai Malekh. ou Adonai Ha Aretz, o Senhor e Rei. secundado pelo Arcanjo Sandalphon, o Anjo Salvador (Messias). Sua atuação consiste em filtrar e impedir as influências do Mundo Profano sobre a Loja. verificar e admitir profanos às Iniciações, bem como manter a ordem interna quando necessário, devendo o cargo, ao contrário do que muitos pensam, ser ocupado por mestres muito experientes e com alto tirocínio político. Os Vigilantes também têm como função manter os Obreiros em ordem nas suas respectivas Colunas, além de trabalhar para o aperfeiçoamento dos seus correspondentes Aprendizes e Companheiros. Como Malkut não forma parte do Triângulo Astral, alguns acham erroneamente que o Cobridor não tem função definida, esquecendo-se que o Cobridor sempre tem que opinar em Loja quando houver envolvimentos com o mundo externo, pois sua função simbólica está na base da ÁRVORE DA VIDA, no meio das raízes da terra, dando sustento a toda árvore. Hoje, como nossos Templos estão a salvo de indiscrições profanas, normalmente esta função é desenvolvida pelo Guarda do Templo. O cargo de Segundo Diácono é um desdobramento do cargo de Primeiro Diácono no Ocidente, pois uma de suas principais funções é levar a Palavra Sagrada do Primeiro Vigilante, que a recebeu do Primeiro Diácono, para o Segundo Vigilante, sendo também o cargo de Chanceler, igualmente, um desdobramento do cargo de Secretário. As outras funções muito honoríficas como o Arquiteto, que têm que manter o Templo em condições de culto e o Mestre de Banquetes relacionam com aspectos exteriores da Loja e derivaram do Cobridor. O cargo de Mestre de Harmonia é uma função que desdobrou-se do Mestre de Cerimônias, pois tem relação intrínseca com a beleza dos trabalhos, devendo o ocupante deste cargo ter grande sensibilidade musical e mística, para com a execução de músicas adequadas durante os trabalhos, propiciar a harmonia necessária para o desenvolvimento da Egrégora e boa Harmonia da Loja. Embora hoje em dia não haja muita conscientização do simbolismo dos cargos em Loja, acreditamos que seja necessário um despertar para as realidades primordiais que originaram a razão de ser das Lojas Simbólicas e de seus verdadeiros objetivos, que são através de um trabalho coletivo chegar-se à Verdadeira Luz e cumprir na terra a grande obra do Grande Arquiteto do Universo, que é a construção do Edifício Social, quando atuarmos no mundo profano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOW, Robert. The Nature of Religion. Basic Book Publisher, New York, 1968. HOME, Alexander. King’s Salomon Temple in the Masonic Tradition. The Aquarian Press. Welligborough England, 1983. FOME, Dion. A Cabala Mística. Ed. Pensamento, São Paulo, 1993. WILLJAMS-HELLER, Ann. Cabala. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990. BONDER, Nilton. A Cabala da Inveja. Ed. Imago, Rio de Janeiro, 1992. A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ricardo de Almeida. ALCORÃO SAGRADO. Tradução de Mansur El-Hayek. Ed. Tangará, São Paulo, 1979. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Ed. Pensamento, São Paulo, 1979. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990. DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau. RITUAIS DE APRENDIZ E MESTRE MAÇOM. GLSC, Ed. IOESC, Florianópolis.