sábado, 1 de outubro de 2011

TOME CUIDADO COM A VAIDADE



A vaidade é uma brecha moral que infelicita bastante a humanidade.

A luta por posições de realce ocupa muito tempo das criaturas.

Mesmo quem não tem vocação para encargos elevados, freqüentemente os procura.

E não o faz por espírito de serviço, mas para aparecer.

Valoriza-se muito a vitória aparente no mundo, mesmo quando conquistada à custa da própria paz.

Mas será que isso compensa?

Não valerá mais a pena viver humildemente, mas com dignidade?

Ocupar postos de destaque traz grande responsabilidade.

Para quem não está preparado, a derrocada moral pode ser grande.

Satisfazer a vaidade é um grande perigo.

A tentação de evidenciar a própria grandeza pode fazer um homem cair no ridículo.

Há pouca coisa mais lamentável do que alguém despreparado desempenhando um grande papel.

A ausência de discernimento pode levar a ver virtudes onde elas não existem.

A aceitar conselhos de quem não merece confiança.

A tomar decisões sob falsas perspectivas.

A vaidade manifesta-se sob muitas formas.

Está presente na vontade de dizer sempre a última palavra.

Por relevante que seja o argumento do outro, o vaidoso não consegue dar-lhe o devido valor.

Imagina que, se o fizer, diminuirá seu próprio brilho.

O vaidoso tem dificuldade em admitir quando erra, mesmo sendo isso evidente.

Ele não consegue perceber a grandeza que existe em admitir um equívoco.

Que é mais louvável retificar o próprio caminho do que persistir no erro.

A vaidade também dificulta o processo de perdoar.

O vaidoso considera muito importante a própria personalidade.

Por conta disso, todas as ofensas que lhe são dirigidas são gravíssimas.

Já os prejuízos que causa aos outros são sempre pequenos.

Afinal, considera o próximo invariavelmente mais insignificante do que ele próprio.

A criatura acometida de vaidade dá-se uma importância desmedida.

Imagina que os outros gastam horas refletindo sobre seus feitos.

Por conta disso, sente-se compelida a parecer cada vez mais evidente.

Como todo vício moral, a vaidade impede uma apreciação precisa da realidade.

Quem porta esse defeito não percebe que apenas se complica, ao cultivá-o.

Que seria muito mais feliz ao viver com simplicidade.

Que ninguém se preocupa muito com sua pessoa e com sua pretensa importância.

Que, ao tentar brilhar cada vez mais, freqüentemente cai no ridículo e se torna alvo de chacota.

Analise seu caráter e reflita se você não possui excesso de vaidade.

Você reconhece facilmente seus erros?

Elogia as virtudes e os sucessos alheios?

Quando se filia a uma causa, o faz por ideal ou para aparecer?

Admite quando a razão está com os outros?

Caso se reconheça vaidoso, tome cuidado com seus atos.

Esforce-se por perceber o seu real papel do mundo.

Reflita que a vaidade é um peso a ser carregado ao longo do tempo.

Simplifique sua vida, valorize os outros, admita os próprios equívocos.

Ao abrir mão da vaidade, seu viver se tornará muito mais leve e prazeroso.
Fundado em 31 de maio de 2006 - ANO V
Rio de Janeiro - RJ - Brasil

O LADO OCULTO DAS REUNIÕES DE LOJA

C. W. Leadbeater

Consideremos o lado oculto de uma reunião de uma Loja mais especificamente, o encontro semanal comum onde a Loja está seguindo uma linha de estudo definida. Refiro-me, é claro, somente aos encontros dos membros da Loja, pois os efeitos ocultos que desejo descrever são de todo impossíveis quando se trata de quaisquer reuniões em que são admitidos não-membros.
Naturalmente o trabalho de toda Loja tem seu lado público. Há palestras dadas ao público, e se concede espaço para que perguntem coisas; tudo isso é bom e necessário. Mas toda Loja que é digna de seu nome também faz algo muito mais elevado do que qualquer outro trabalho no plano físico, e este trabalho mais elevado só pode ser feito em seus encontros privados. Além disso ele só pode ser realizado se estes encontros são conduzidos de forma apropriada e todo harmoniosa. Se os membros estão pensando em si mesmos de qualquer modo - se eles têm vaidades pessoais expressas como o desejo de brilhar ou de tomar parte proeminente nos trabalhos; se possuem outros sentimentos personalistas de modo que possam sentir-se ofendidos ou afetados por inveja ou ciúme, possivelmente nenhum efeito oculto poderá ser produzido. Mas se eles esqueceram de si mesmos no anseio ardente de entender o assunto que está sendo estudado, um resultado muito considerável e benéfico, do qual eles usualmente não têm a menor idéia, pode prontamente ser produzido. Deixem-me explicar a razão disto.
Suponhamos que se realize uma série de encontros onde está sendo estudado um determinado livro. Todo membro saberá de antemão quais parágrafos ou páginas serão abordados no encontro, e espera-se que ele não chegue à reunião sem uma preparação prévia. Ele não deve estar em uma atitude completamente passiva, como um passarinho em seu ninho à espera de que alguém vá alimentá-lo; ao contrário, todos os membros devem ter uma compreensão inteligente do assunto que vai ser analisado, e devem estar preparados para contribuir com sua parte de informação. Um bom plano é que cada membro do círculo faça-se responsável pelo exame de alguns dos nossos livros Teosóficos.
O assunto a ser debatido no encontro deve ter sido anunciado no encontro anterior, e cada membro deve responsabilizar-se pela procura, no livro ou nos livros de que se encarregou, de qualquer referência ao assunto em questão, de modo que quando chega ao encontro ele já possui todas as informações que aqueles livros particulares contêm a este respeito, e está preparado para contribuir quando for solicitado. Deste modo cada membro tem seu trabalho a fazer, e cada um é grandemente auxiliado na direção de uma compreensão clara e plena do assunto sob consideração quando todos os presentes fixam firmemente sua atenção sobre ele. A fim de entendermos isso completamente pensemos por um momento no efeito de um pensamento.
Todo pensamento que seja suficientemente definido para ser digno do nome produz dois resultados distintos. Primeiro, ele é por si mesmo uma vibração do corpo mental, que pode ocorrer em diferentes níveis dentro deste corpo. Assim como qualquer outra vibração, ele tende a reproduzir-se na matéria circundante. Assim como a corda de uma harpa posta a vibrar comunica a vibração ao ar em torno, produzindo um som audível, da mesma forma a vibração do pensamento produzida em matéria de determinada densidade dentro do corpo mental da pessoa comunica-se à matéria da mesma densidade no plano mental que a rodeia.
Segundo, cada pensamento rodeia a si mesmo da matéria viva do plano mental e torna-se um veículo que denominamos forma-pensamento. Se o pensamento é um simples exercício do intelecto (como quando estamos envolvidos na resolução de um problema matemático ou geométrico) a forma-pensamento permanece nos planos mentais; mas se ela for minimamente tingida de desejo ou emoção, ou se de qualquer maneira for ligada ao eu pessoal, imediatamente ela atrai para si também uma veste de matéria astral, e se manifesta no plano astral.
Um esforço intenso para compreensão do abstrato - uma tentativa de compreender o que significa a quarta dimensão ou o "arquétipo" de uma mesa, por exemplo - significa uma atividade nos níveis mentais mais altos; mas se o pensamento é mesclado de afeição altruísta, elevadas aspiração ou devoção, é mesmo possível que possa ser penetrado de uma vibração do plano búdico e ter seu poder multiplicado centenas de vezes.. Devemos considerar estes dois resultados em separado e ver o que decorre de cada um.
A vibração pode ser imaginada como se irradiando no plano mental através da matéria que for capaz de responder a ela - isto é, através de matéria do mesmo grau de densidade que aquela onde ela foi gerada originalmente. Irradiando-se desta forma ela naturalmente entra em contato com os corpos mentais de muitas outras pessoas, e sua tendência é reproduzir-se nestes corpos. A distância a que ela é capaz de se irradiar depende em parte da natureza da vibração e em parte da oposição que encontra. As vibrações misturadas aos tipos mais baixos de matéria astral podem ser refletidas ou neutralizadas por uma multidão de outras vibrações no mesmo nível, assim como no meio do ruído de uma grande cidade um som suave será completamente abafado.
O pensamento autocentrado usual do homem comum inicia no mais baixo dos níveis mentais e imediatamente mergulha nos planos astrais correspondentemente baixos. Portanto seu poder em ambos os planos é muito limitado, pois por mais violento que seja, existe um mar tão vasto e turbulento de pensamentos similares em toda parte que as vibrações muito logo se perdem e dissipam na confusão.
Uma vibração gerada em um nível mais alto, contudo, tem um campo muito mais livre para sua atuação, porque no presente o número de pensamentos que produzem este tipo de vibração é muito reduzido - de fato o pensamento Teosófico está quase em uma classe especial no que diz respeito a este ponto de vista. Há pessoas realmente religiosas cujo pensamento é tão elevado quanto o nosso, mas nunca é igualmente preciso e definido; há vasto número de pessoas cujos pensamentos sobre negócios e ganho de dinheiro são tão exatos quanto poderia ser desejado, mas não são nem elevados nem altruístas. Até mesmo o pensamento científico pouco alcança a mesma classe que o verdadeiro pensamento Teosófico, de modo que se pode dizer que nossos estudantes possuem um campo só para eles no mundo mental.
O resultado disso é que quando uma pessoa pensa em assuntos Teosóficos ele está emitindo à toda sua volta uma vibração que é muito poderosa, pois praticamente não encontra oposição, como um som no meio de um vasto silêncio, ou como uma luz brilhando no meio da noite mais escura. Ela põe em movimento um nível de matéria mental que até agora mui raramente é usado, e as radiações que ela causa atingem o corpo mental do homem comum em um ponto que está praticamente adormecido.
É isso que dá a este pensamento seu valor especial, não só para o pensador mas como para os que estão à sua volta, pois sua tendência é despertar e levar à atividade uma parte todo nova do aparato pensante. Deve ser entendido que uma tal vibração não necessariamente veicula pensamentos Teosóficos aos que os ignoram, mas ao estimular esta porção mais alta do corpo mental indubitavelmente ela tende a elevar e liberalizar o pensamento da pessoa como um todo, ao longo de quaisquer linhas em que ele esteja acostumado a funcionar, e assim produz um benefício incalculável.
Se o pensamento de uma única pessoa produz estes resultados, logo entenderemos que o pensamento de vinte ou trinta pessoas, dirigido para o mesmo assunto, resultará em uma força imensamente maior. O poder do pensamento unificado de um grupo de pessoas é de longe maior que a soma dos seus pensamentos em separado, seria muito mais fielmente indicado pelo produto de sua multiplicação. Assim se vê que mesmo só deste ponto de vista é muito bom que uma cidade ou comunidade tenha em seu meio uma Loja Teosófica com encontros regulares, uma vez que seus trabalhos - se forem conduzidos no espírito apropriado - não podem senão ter um efeito nitidamente elevador e enobrecedor sobre o pensamento da população em torno. Naturalmente haverá muitas pessoas cujas mentes ainda não podem de modo algum ser despertas nestes níveis elevados, mas mesmo para estas o constante impacto de ondas desse pensamento mais elevado trará para mais perto o tempo de seu despertar.
Tampouco devemos esquecer o resultado produzido pela formação de formas-pensamento definidas. Elas também irradiarão a partir do centro das atividades, mas podem afetar apenas as mentes que em algum grau já forem responsivas a idéias desta natureza. Hoje em dia já existem muitas destas mentes, e há membros que podem atestar o fato de que depois de terem discutido uma questão como a reencarnação não é incomum que sejam solicitados a dar informações sobre este mesmo assunto para pessoas que eles não supunham estar nele interessadas anteriormente. Deve ser observado que a forma-pensamento é capaz de veicular a natureza exata do pensamento para aqueles que estiverem de alguma forma preparados para recebê-la, ao passo que a vibração do pensamento, embora alcance um círculo maior, é muito menos definida em sua atuação.
Podemos ver, assim, que sobre o plano mental é produzido um efeito impressionante, muito além das intenções de nossos membros no decurso usual de seus estudos - algo muito maior, em verdade, do que seus esforços conscientes no sentido de propaganda jamais produziriam. Mas isso não é tudo, pois a parte mais importante ainda está por vir. Toda Loja da Sociedade é um centro de interesse para os Grandes Mestres de Sabedoria, e quando ela trabalha lealmente Seus pensamentos e os de Seus discípulos freqüentemente se voltam para ela. Desta forma freqüentemente uma força muito maior do que a nossa brilha de nossos encontros, e uma influência de valor inestimável pode ser focalizada onde, até onde sabemos, não poderia ser colocada de outra maneira.
Este pode, de fato, parecer o limite que nosso trabalho pode alcançar, mas há outra coisa ainda maior. Todos os estudantes do oculto sabem que a luz e vida do Logos inundam todo o Seu sistema - que em todos os planos é derramada a manifestação específica e apropriada de Sua força. Naturalmente quanto mais elevado o plano menos velada é a Sua glória, porque quanto mais subimos mais nos aproximamos de sua fonte. Normalmente a força derramada em cada plano fica estritamente limitada a ele, mas ela pode descer e iluminar um plano mais abaixo se for preparado um canal especial para ela.
Um destes canais é fornecido sempre que um pensamento ou sentimento tenha um aspecto completamente impessoal. Uma emoção egoísta se move em uma curva fechada e assim traz sua resposta em seu próprio plano, uma emoção completamente altruísta é um jorro de energia que não retorna, mas em seu próprio movimento ascendente provê um canal para o derramamento de poder divino a partir do plano imediatamente acima. Esta é a realidade que jaz por trás da antiga idéia da resposta às preces.
A pessoa que se ocupa seriamente do estudo das coisas superiores durante este tempo é elevada inteiramente acima de si mesma e gera uma poderosa forma-pensamento no plano mental. Esta é imediatamente empregada como um canal pela força que paira no plano imediatamente acima. Quando um grupo de pessoas se reúne em um pensamento desta natureza, o canal que elas criam é em sua capacidade desproporcionalmente maior do que a soma de seus canais separados; um encontro destes é portanto uma bênção inestimável para a comunidade onde ocorre, pois através dele (mesmo nos encontros mais comuns de estudo, quando se analisam assuntos como rondas e raças, pitris e cadeias planetárias), pode acontecer um derramamento para dentro do plano mental inferior de forças que normalmente são características do mental superior.
Se a atenção é dirigida para o lado mais elevado do ensinamento Teosófico e estudam-se questões de ética e do desenvolvimento da alma, como as que encontramos em A Luz no Caminho, A Voz do Silêncio e nossos outros livros devocionais, ela pode criar um canal de pensamento mais elevado através do qual a força do próprio plano búdico desce até o mental, e assim se irradia e influencia para o bem muitas almas que de modo algum estariam abertas para isso se a força permanecesse em seu próprio nível.
Esta é a função real e maior de uma Loja da - prover um canal para a distribuição da vida divina, e assim temos uma outra ilustração para nos mostrar o quão maior é o invisível do que o visível. Para os fracos olhos físicos tudo o que se vê é um pequeno grupo de estudantes se encontrando semanalmente no anseio ardente de aprender e se qualificar para ser de utilidade para seus irmãos. Mas para os que podem ver mais do mundo, desta pequena raiz brota uma flor gloriosa, pois não menos que quatro poderosas correntes de influência se irradiam daquele centro aparentemente insignificante - a corrente da vibração do pensamento, o grupo de formas-pensamento, o magnetismo dos Mestres de Sabedoria, e a poderosa torrente de energia divina.
Eis também aqui um exemplo da importância prática de um conhecimento do lado invisível da vida. Pela falta deste conhecimento muitos membros se tornam relapsos no desempenho de seus deveres, descuidados na assiduidade aos encontros da Loja, e assim perdem o privilégio inestimável de se tornarem partes de um canal para a Vida Divina. De fato tenho ouvido falar de alguns membros que são irregulares em sua freqüência porque consideram as reuniões enfadonhas, e acham que não ganham muito com elas! Estas pessoas ainda não compreenderam o fato elementar de que eles se reúnem não para receber, mas para dar; não para ganhar e se divertir, mas para assumirem seu lugar em um trabalho grandioso para o bem da humanidade.
Existe um lado invisível em tudo, e viver a vida de um ocultista é estudar este lado interno mais elevado da natureza, e então adaptar-se a ele de modo inteligente. O ocultista olha para o todo de cada assunto que aborda, em vez de apenas para sua parte mais baixa e menos importante, e assim organiza suas ações de acordo com o que vê, em obediência ao que ditam o simples bom senso e a Lei de Amor que guia o universo. Aqueles, pois, que querem estudar e praticar ocultismo devem desenvolver em si mesmos três características inestimáveis - conhecimento, bom senso e amor.
A Teosofia não deve representar meramente uma coleção de verdades morais, um feixe de éticas metafísicas epitomizadas nas dissertações teóricas. A Teosofia deve ser prática, e portanto deve ser livre de discussões inúteis. Ela deve encontrar expressão objetiva em um vasto código da vida completamente impregnado com seu espírito - o espírito da tolerância mútua, caridade e amor. Tradução: Ricardo Frantz

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